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Continuando a me exercitar

Mais um exercício do cursinho que estou fazendo, esse aqui, em busca da resposta à pergunta fundamental WHO AM I? (e não, 24601 não vale nesse caso).

What do people buy when they buy something from you?

Compram

1. o olhar de alguém de fora para compreender e organizar melhor suas ideias.

2. um posicionamento claro, coerente e corajoso em relação ao mundo.

Sendo menos abstrata, compram novos clientes mais legais (no caso de marcas) e, em todos os casos, compram mais tempo para si mesmos e mais prazer – já que se tentassem sozinhos fazer o que faço por eles até poderiam conseguir, mas gastariam dias e dias tentando fazer alguma coisa legal e muitas vezes se frustrando com resultados ruins.

 

Leave out the easy, repetitive, generic stuff… What you are doing that’s difficult?

  1. Tendo a sensibilidade de fazer uma análise imparcial acertada de cada negócio/marca/casal/situação.
  2. Criando textos e ideias que não se encontram com um simples search no Google.
  3. Combinando 1+2 de uma maneira personalizada, fugindo de modelos prontos da moda ou do último post de sucesso do blog tal.
  4. Fazendo a curadoria de contatos e parceiros valiosos (conquistados com suor e lágrimas [às vezes, literalmente]).
  5. Estando sempre disposta a defender o que acredito (para mim e meus clientes) e sendo consistente com isso em cada job.

 

Não sei porque estou dividindo aqui no blog, mas quem sabe você também se anima a decantar sua vida profissional lendo essas perguntas. Se você gostou dessas perguntas, vale respondê-las também. Estou achando divertido e quiçá útil! 🙂

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Who am I?

Novamente, estou num momento Jean Valjean da minha vida. Quem sou eu? ele se pergunta cantarolando algumas vezes, tentando entender. É assim que ando. Não escondo de ninguém que 2016 foi um ano extremamente cansativo, com muita energia gasta em possibilidades e nada mais que isso – e por isso comecei 2017 mudando quase – mas não completamente – absolutamente tudo. Aí decidi pagar uns 140 reais pra fazer um curso com uma temática besta, mas ministrado pelo Seth Godin, sujeito de que gosto demais. O curso se chama CURSO DE FREELANCER. Simples assim. Mas era o que precisava. Um cara inspirador falando um monte de coisas boas e me ajudando a decantar o cérebro pra esse novo ano. Correndo o risco de estar me expondo demais, estou fazendo o primeiro exercício do curso e tornando-o público – porque o Seth falou que era pra eu fazer isso. Então tá. Vamos lá. Um pouco sobre minha carreira daqui pra frente. Mais freela, menos empreendedora. Uma mudança tão simples, porém tão sutil e por isso nada simples. 🙂

 

What do you want to do? (Not your job, but your work, now, tomorrow, and in the future)*

Meu moinho pessoal é a sisudez e a falsa formalidade. Simplesmente porque acredito que as coisas mais sérias e reverentes do universo são as mais felizes. Assim, o que eu quero fazer, a minha missão na vida é inspirar pessoas e marcas a fugir do by-the-book, do manual de instruções, do rigidamente sério e sem porquê. A correr das coisas automáticas, não questionadas (ou questionadas demais até que viraram só teoria). Acima de tudo, a correr das coisas sem graça, posadas, que tentam ser o que não são (às vezes, simplesmente porque acham que o único jeito pra ser é seguir um caminho que alguém inventou, ou porque nunca pararam 5 segundos para pensar que poderia existir outro jeito de ser). Quero mostrar para todo mundo que nada tem que ser sério, sisudo, regrático. Basta ser muito bem sido e usar um pouco a cabeça (e muito o coração). Ah sim, e se eu puder fazer isso, acima de tudo, escrevendo muito – melhor ainda.

 

Who do you want to change, and how do you want to change them?

1. Pessoas de todas as idades que passaram a vida – na escola, no Facebook, na sociedade – sendo ensinadas a acreditar em um mundo que se leva a sério…

…escrevendo textos para serem lidos e absorvidos com um sorriso no rosto e não um ímpeto raivoso de “isso mesmo! essa é a verdade!” também conhecido como clicar em compartilhar imediatamente;

…escrevendo livros de ficção que compartilhem com o mundo minha visão de mundo.

 

2. Casais que estejam noivos e não se identificam com as regras impostas pela indústria do casamento sobre o que é ou não um casamento, mas que acabam tendo que se adequar a cada uma das regras só porque é só o que encontram (o leque se abre para qualquer pessoa em situações análogas – escolhi trabalhar com o casamento em si porque é uma das instituições mais bonitas e que mais sofrem do pálido mundo das regras da seriedade)…

…criando um blog para escrever textos que mostrem que existe outro caminho a seguir;

…oferecendo consultoria para quem tem desejo de organizar um casamento com mais liberdade e criatividade.

 

3. Marcas que estão sendo prejudicadas por não ter uma voz própria e acabam sendo apenas mais uma nesse mundo empacotado do marketing, afogadas em missões, visões e valores sem sentido…

…escrevendo textos mostrando que existe outro caminho a seguir;

…oferecendo consultoria de branding+linguagem e criação de textos para essas empresas.

 

How much risk? (from 1 [a little] to 10 [bet everything]), how much are you willing to put at stake to make the change you seek?

Essa é uma pergunta complexa, já que ela parece ter sido feita mais pra alguém que está pensando em “largar tudo” pra ser freelancer. Esse risco já assumi em 2015. Meus riscos hoje são outros. Então dou uma nota 6. Não porque eu seja uma bunda mole com medo de riscos, mas porque estou mais ponderada. Esse 6 combina um risco de 10 no que diz respeito à imagem percebida – leia-se risco de não encontrar meu nicho (porque acredito muito que ele existe) com 1 no que diz respeito ao tempo para mim. Não quero mais arriscar meu tempo como já arrisquei antes.

 

How much work are you willing to do to get there? Be specific about the tradeoffs.

Muita energia, porém gasta exclusivamente em coisas com futuro. Já passei da fase das reuniões sem pauta. Muito trabalho, de domingo a quinta, das 8h às 18h. Parece radical? É como me sinto hoje – e combina com o que vendo, afinal.

 

Does this project matter enough for the risk and the effort you’re putting into it?

Sim. Talvez eu tenha que arriscar e esforçar um pouquinho mais – mas o tempo me ajudará a dizer.

 

Is it possible — has anyone with your resources ever pulled off anything like this?

Sim, é possível. Na realidade, nada mais é do que o que já venho fazendo há 29 anos – e muito disso há 3 anos – a diferença é que dessa vez vou dar mais atenção para isso e organizar melhor os ganhos financeiros, psicológicos e energéticos. 🙂

 

 

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E o último da trilogia

Depois de ter feito os dois últimos posts de 2016 publicados aqui embaixo, percebi MAS QUE DIABOS.

Que era é essa que a gente vive tão necessitado de dar opinião. Cadê as crônicas, cadê a ficção, cadê a fantasia?

(pra falar a verdade, essa última está aqui, sendo escrita toda manhã, mais que nunca, mas)

Mas por que todos os meus últimos textos andam tão cheios de moral, de veja bem, tão cheios de precisava desabafar, de isso é o que eu penso?

Não. Eu quero que eles sejam mais cheios de isso é o que imagino.

E ao perceber que esse post está se tornando mais um post cheio de opinião mais uma vez, paro por

 

 

 

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O problema de ser babaca é que é sem querer

Já fiz muita coisa besta, da qual tenho vergonha ou raiva nesse campo. No colégio, já tratei mal meninas por elas “serem oferecidas demais”. Na vida, já olhei feio para mulheres bonitas só porque elas eram bonitas demais. Mais velha, já fui completamente submissa a um namorado babaca que me desrespeitava – e eu insistia no erro.

O pior disso tudo? Não posso culpar a falta de leitura ou de pensamento sobre o assunto. Tive uma criação maravilhosa. Meus pais sempre foram muito abertos para falar sobre tudo e eu passei minha adolescência me achando muito bem resolvida em relação a preconceito, relacionamentos e feminismo.

Pior ainda? No tempo em que eu me envolvi com o namorado babaca supracitado, eu ASSINAVA A BUST, a revista mais feminista do mundo e devorava cada artigo, achando que estava sendo a feminista mais feminista do mundo na época… sem perceber que estava vivendo exatamente o contrário do que lia. Afinal, eu era iluminada, sabia diferenciar a esquerda da direita, era ÓBVIO que eu não ia cair nessa armadilha.

O problema é que a armadilha é tão, mas tão entranhada dentro da gente que a gente nem percebe.

O que eu quero dizer com esse desabafo? Que ser preconceituosa, sexista, que estar do lado de lá ou de cá do preconceito é a coisa mais fácil do mundo. Não é só coisa de homem branco hetero, nem de “religioso”, nem de gente burra, não. É coisa de gente. E muitas vezes é coisa DA GENTE. Porque ser babaca, ser mau, ser agressor ou ser vitima não é só apertar um botão e começar a ser, não. Não é como em filme, com risadas malévolas, com música tema e tudo mais. Somos babacas e somos trouxas e somos maus mais vezes do que pensamos ser, porque somos sem querer. E é isso que precisamos assumir. Porque só assim vamos perceber. E aprender.

Tendo pensado bastante nisso nos últimos anos e feliz com a nova onda do feminismo que vejo brotar por aí, tenho tentado ultimamente duas coisas:

  1. Acima de tudo, apoiar a nova onda do feminismo compartilhando informações úteis e honestas. Informações que empoderam a mulher, mas também a humanidade como um todo – sem desautorizar outros gêneros de ser, um desrespeito que vejo acontecer demais e aí já não faz mais sentido algum. Pra mim, é só com informação e não com mimimi que conseguimos ajudar a dar luz pra gente e pros outros…
  2. …sem julgar e sem ser cruel com a pessoa que não está “iluminada” o suficiente. Porque já estive lá, justamente na época em que achava que mais estava iluminada e bem resolvida. Porque, quem sabe, eu não estou lá de novo? Ou você? Afinal, se tem uma coisa que a vida me ensinou é que muitas vezes quando estamos em nossa fase de mais certezas é que mais estamos errando… e que muitas certezas iluminadas de hoje são bem tortas quando vistas no futuro, em perspectiva.

Feliz ano novo e que estejamos acordadas e conscientes de nossas próprias virtudes e babaquices. E que (nos) amemos, porque a dor só para de doer quando paramos de procurar culpados pra apontar. Acredite. 🙂

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hashtag gratidão

Se tem uma coisa que não gosto é da #gratidão. Acho besta, acho cafona e usada demais e sem sentidomente.

Se tem uma coisa que acho polêmica é ficar falando pra alguém que a vida é perfeita, basta ser otimista e sorrir até a bochecha doer, aí tudo o que você vai notar é a dor na sua bochecha e esquecer do resto das dores da vida.

Mas se tem uma coisa que suplanta as duas coisas acima é minha raiva com nossa tendência a entrar na loucura da massa e esquecer de usar nossa própria massa cinzenta.

Ontem eu entrei na loucura da internet e fiz uma brincadeira falando pras pessoas escolherem seus sentimentos em relação a 2016 no meu tumblr irônico Tudo Ótimo, Babaca. A piada foi ótima, mas foi naquele momento que eu comecei a pensar na injustiça que eu estava cometendo.

Pois bem. Globalmente, 2016 foi um ano horroroso. O mundo anda uma panela de pressão, com decisões políticas esquisitas e marcantes em todo canto, crise no Brasil, guerras cada vez mais presentes, separações de celebridades, mortes de celebridades.

Mas às vezes precisamos colocar o mundo em perspectiva. E separar o mundo da gente. E, no meu caso, perceber que apesar de 2016 ter tido sua cota de impossibilidades na minha vida, ele felizmente/graças a Deus não foi assim tão terrível pra mim. A verdade é que 1. A panela de pressão não me pressionou muito. Não sei o que ela vai fazer no futuro – se entupir e explodir de vez ou no fim vai só virar um caldo gostoso (não sei, nesse mundo doido tudo é possível, não é?), mas por enquanto pra mim ela tem sido apenas uma presença pra ficarmos de olho na cozinha desse planeta*. 2. Aqui em casa a crise apareceu na nossa vida de uma maneira mais doida que cruel (de certa forma, graças a ela estamos tentando construir uma nova vida muito mais legal que a anterior). 3. A guerra é uma realidade que felizmente nunca vivi. 4. E especialmente, apesar de celebridades importantes terem se separado ou partido, olha que coisa boa, na minha família e amigos não tivemos nenhum desses casos esse ano.

Deu pra entender o raciocínio? É por isso que acho uma hipocrisia do caramba eu sair xingando um ano que não foi tão cruel comigo, especificamente.

Houve sofrimento, houve perda e tristeza pra muita gente – muitas pessoas foram diretamente afetadas e sofreram de verdade nesses 366 dias (sim, um dia a mais, porque desgraça pouca é bobagem). E é justamente por essas pessoas que acho melhor mudar meu discurso. É injusto comigo mesma e PRINCIPALMENTE com elas que eu – eu como indivídua, pessoa, privada, particular – comece a xingar 2016 só porque está na moda. Não me sinto no direito, pra falar a verdade.

Se 2016 foi terrível pra você, você tem todo o direito – vai lá, xingue, poste, mande à merda – eu mesma fiz isso em 2011 (minha foto de feliz ano novo em 2011 é clássica [pra quem não lembra/sabe, ela figura eu mostrando dois dedos, um para cada 1 do ano]) e tinha toda a razão (como 2011 foi ruim pra mim, aquele cretino…) – mas acho muito importante, antes de mais nada, ser sincero e não mais um na onda de posts em busca da melhor piada.

A vida é uma eterna questão de equilíbrio – entre não se alienar em si mesmo e não se alienar na massa. E acho que se alguém pode ajudar a melhorar o mundo é quem, nele, ainda está em condições de acreditar que as coisas podem ser boas.

Assim, obrigada por ter sido esquisito porém bom pra mim, 2016. E que 2017 seja mais gentil com todos nós.

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Uma foto de duas coisas boas de 2016: minha avó, que fez 80 anos, e meu sobrinho, que nasceu em junho. 🙂

 

*O que me fez pensar, depois de escrever esse post, o quanto de ódio a 2016 na verdade é mais do que tudo, medo do que as decisões tomadas em 2016 venham a se tornar em 2017 e nos próximos anos. Ou seja, não é ódio a 2016, mas medo dos anos que vêm. Assim, e se em vez de ficarmos xingando o ano que já se passou (e que não é uma entidade e sim uma quantidade de dias que quem mede é a gente), que tal se nos prepararmos para os próximos anos, esses sim sobre os quais ainda temos algum poder? Enfim, filosofia pós-post pra arrematar. 🙂

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Franando na França #9: Expectativas x Realidade x Estou aqui vivendo esse momento lindo

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Quando você vê minhas fotos no instagram ou quando ouve falar “estou nesse castelo no meio de vinhedos da região de Bordeaux para terminar meu livro e está sol, e está um céu azul maravilhoso e hoje depois do almoço fui dar uma volta a pé para reconhecer a região e tirei fotos lindas, depois de passar a manhã escrevendo enquanto o meu marido ilustrava, ouvindo jazz com a luz do sol vazando pelas janelas”, o que pensa?

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Não sei se é coisa da humanidade em geral, mas sei falar por mim, que eu sou uma eterna embevecida com as histórias dos outros. Acho que eu sou imaginativa demais e sempre não só imagino a grama do vizinho mais verde, mas também florida e com Noviças Rebeldes cantando nela. O fato é que quando via as fotos ou conversava com pessoas que fizeram uma viagem parecida com essa nossa, que pegaram um carro e ficaram flanando pelas vinícolas da França, eu ouvia aquilo achando tudo tão chique e ao mesmo tempo tão gostoso – e me achando até um pouco menos sofisticada que eles, menos letrada, menos viajada. Ficava só imaginando essas pessoas andando de vinhedo em vinhedo, sentando na mesa da vinícola junto com velhinhos viticultores e conversando em francês e depois chegando de noite e tomando banho de banheira no castelo mais cheiroso e limpo da França. Que delícia maravilhosa, que sonho.

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Aí corta para a vida real, em que banho de banheira na verdade é tomar banho com uma mão só (porque a outra está segurando um chuveirinho). Para a vida real, em que o castelo tem cheiro de castelo. Para a vida real em que você, a muito contragosto, percebe que fazer um tour por vinícolas não faz sentido para você porque você e seu marido nem são assim tão fãs de vinho e não curtem a ideia de dirigir depois de uma degustação. Para a vida real em que você aborta logo seus planos de fazer uma caminhada pelos arredores do hotel-castelo porque por onde passa os cachorros começam a latir loucamente e incomodar os donos das propriedades em volta, que saem nas janelas para xingar os cachorros e porque um dos cachorros resolve correr atrás de você. Para a vida real, em que você sobe em um murinho para sentar nele, achando que estava arrasando de lindona, só para sair na foto com uma barriguinha proeminente e uma franja sebosa.

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Mas aí você ri e olha para a vida, agradecida. Acho que pra mim, a vida sempre foi esse eterno decidir entre o que fazer com esse vão entre a vida que eu imaginava e a vida real. E eventualmente, decidir fazer o melhor dele.

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Porque esse vão pode te transformar em um eterno resmungão ou um eterno deslumbrado. E, pra te falar a verdade, não gosto de nenhum dos dois personagens. Tanto o primeiro quanto o segundo podem ser bem xaropes depois de um dia ou dois. O primeiro, um xarope azedo e o segundo um xarope doce demais e difícil de engolir. O que gosto é do terceiro personagem, um pouquinho salgado, talvez: ele é algo entre os dois, um ser que abraça a vida real e suas realidadinhas engraçadas, mas sem perder o encanto. Sem perder a noção de que sim, é um sonho poder ter passado a manhã escrevendo num castelo, almoçado um pato maravilhoso, andado debaixo desse céu azul do hemisfério norte sem nada pra pensar a não ser nas letras que quero dizer e no meu amor pelo meu marido e pela vida que ainda vem.

Não, pra falar a verdade, não é um sonho. É muito mais legal que um sonho. Porque é real. E o legal da vida real é que ela é assim, real. Com tudo de agradável e de verdadeiro que existe na realidade. 🙂

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Franando na França #8: Nantes, depois e um monte de coisa

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Esse abaixo foi um post que ficou preso na pasta de rascunhos. Escrevi ele logo nos primeiros dias em Nantes. A partir de agora, estou com vontade de mudar um pouquinho o esquema dos posts franando na frança. Amanhã vamos ficar em um hotel por alguns bons dias. E começará o momento HORA DE TERMINAR O LIVRO da viagem. Hora de assumir a responsa de escritora. Assim, tive uma ideia de fazer posts mais Mark Twains e menos bloguetes. Mais no estilo do meu livro e menos no estilo mimimi estou aqui. Vejamos o que conseguirei fazer.

Mantive o post abaixo para não jogar fora o trabalho. Mas misturo no texto várias fotos de outros dias naquela cidade fantástica (no sentido fantasia da palavra, mesmo). Escrevo agora de La Rochelle, uma belezinha de cidade incrustada no Oceano Atlântico que manda um oi lindo. Fotos dela no meu instagram (e aqui mais tarde, talvez!).

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O post dos primeiros dias em Nantes:

“Quando começamos a pesquisar as coisas da viagem, uma cidade nos chamou a atenção. Ela não tem belezas maravilhosas e nem é charmosa como muitas das cidades pelas quais já passamos e certamente ainda vamos passar – mas nos apaixonamos por algumas das atrações dela e por um detalhe muito interessante para nós: é a cidade natal do Julio Verne, autor que eu e o marido amamos! O nome dessa cidade é Nantes, que fica logo na divisa entre a Bretanha e o Loire, mais conhecida como Loire-Atlântico. Assim de cara ela nos pareceu uma doideira steampunk, pelos seus museus e essa mistura do novo e velho, da terra e da água que fazem parte dela. Nos apaixonamos tanto por ela à distância que reservamos 5 dias da viagem para ficar aqui, um dos lugares que mais vamos passar tempo por aqui.

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Hoje começamos a curtição por aqui, para entender se esse namoro à distância se consumaria. A cidade é grande, não é linda, mas pulsa uma cultura mais underground que curti bastante! Estamos hospedados em um apartamento encontrado no Airbnb e que já entra na onda do bizarro e fascinante: nossa cama fica praticamente grudada no teto, separada do resto do apê por uma escadinha meio difícil de descer (diz a pessoa que morre de medo de altura e ainda está achando essa cama muito assustadora)!

O programinha hoje cedo foi passar no mercadão municipal da cidade porque já tinha planos para a noite: estava morrendo de saudades de cozinhar! O mercadão era bem interessante, com uma ótima variedade de frutos do mar (vivos! :O) e uma movimentação sensacional – continuo achando muito legal o costume dos franceses de levar cestas de palha para comprar as coisas.

Queria cozinhar no modo easy e não quis inventar comprando ingredientes muito ousados. Mas e a dificuldade de encontrar “ingredientes comuns” no hemisfério norte? Rodamos o mercado inteiro pra encontrar alho, cebola e salsa, simples assim.  Pedi deux cebolas (duas cebolas), o moço entendeu des cebolas (umas cebolas) e foi metendo cebola no saquinho. A diferença que um biquinho faz no francês é incrível.

Aí compramos azeitonas pretas, massa fresca de talharim e tomates cereja amarelos e vermelhos.

Em seguida, partimos para o Castelo dos Duques da Bretanha, que nada mais é que um museu extremamente moderno e surpreendente sobre a cidade de Nantes. Não, você não está entendendo: entramos nele às 10h30 e saímos às 13h30. E não vimos o tempo passar. :O Achamos que íamos fazer aquele básico 1 horinha em um palacinho pequeno e acabamos fazendo a via sacra da Idade Média até a Segunda Guerra e saímos quase tarde demais para o almoço. Entendemos tudo de Nantes e estamos prontos para continuar conhecendo essa cidade-sereia amanhã!

Depois de um delicioso almoço tardio que acabou também tarde, decidimos encerrar o dia no Jardin des Plantes. Nele, tínhamos uma missão: tirar uma foto com uma escultura de arbusto em forma de pato gigante que vimos em todos os guias de Nantes. Ao chegar aqui, rodamos o parque inteiro e não encontramos o dito-cujo, que deve ter imigrado no inverno ou coisa assim. Mas encontramos muitos de seus primos vivos – cada pato mais lindo que o outro! Meu marido fã de pato amou tudo.

Pato foi mesmo o tema do dia hoje. Entramos num antiquário e encontramos um pato dourado incrível para nossa coleção de patos e levamos! Eu quis ser toda simpática com o senhor que me atendeu e perguntei qual era a história do pato em questão. Sua resposta foi sensacional: “não tem história. Ele nasceu e ele morreu, essa é a história do pato, é uma história estúpida.”

A receita da janta de hoje?

Antes de mais nada, lave toda a louça – porque louça de Airbnb é sempre um mistério.

Cozinhe o macarrão na água com óleo e sal encontrados no apartamento.

Case-se com um marido que saiba picar muito bem as coisas e peça para ele picar 2 cebolas, 1 dente de alho gigante (alho aqui é coisa de gente grande) e a salsinha – e cortar no meio os tomates cerejas.

Refogue a cebola e o alho.

Jogue o tomate e azeitonas pretas.

Tempere com sal e pimenta do reino encontrados aqui.

Jogue a salsinha.

Mate as saudades de comer uma comidinha caseira.

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Franando na França #7: Do loire não há mais nada a dizer

Pra ler ouvindo

Uma vez, há alguns anos, me falaram pra, quando eu viesse pra França, pegar uma bicicleta e pedalar no Loire, região da França famosa pelos seus castelos, que margeiam um rio maravilhoso (o Loire, que é quem nomeia a região). Na minha mente de quem na época nunca tinha viajado pra fora, visualizava esse trecho da França de uma maneira extremamente poética: pensei num rio lindíssimo, onde eu pedalaria literalmente entre castelos, distribuídos de maneira homogênea, mais ou menos de 1 em 1 km. Nada de cidade, apenas um campo verde ladeado por castelos, bastava escolher um e visitar. Depois era subir na bike e seguir para o próximo.

Não precisa nem contar que o Loire é sim um rio bonito e existem sim castelos nos seus arredores, mas que ele não é bem o que eu imaginava quando mais jovem, né? Não que eu tivesse isso em mente quando pensava nesse trecho da viagem agora em 2016, já mais velha e vivida….

Mas eu preciso contar uma coisa pra você: puxa o banquinho e tenta não me interromper dizendo MAS COMO ASSIM É LINDO. Eu não gosto de castelo. Deixa eu tentar explicar. E vou explicar contando um pouquinho sobre minha sobrinha de 3 anos. A Júlia é uma das (mini)pessoas mais empolgadas com nossa viagem, a toda hora perguntando se já tínhamos visto muitos castelos por aqui. Assim, quando chegamos aos castelos do Loire, a primeira coisa que fizemos foi mandar fotos e vídeos deles, especialmente para ela. A resposta demorou para chegar e quando veio, foi apenas um áudio no whatsapp com a seguinte pergunta: MAS CADÊ OS CAVALOS VOADORES?

Júlia, é exatamente isso que eu me pergunto. Morando em um país sem cultura de castelos e assistindo a eles em filmes e desenhos da Disney, sempre tive uma imagem super fantasiosa: coisas imensas, suntuosas, de uma riqueza incrível, com fadas, princesas de vestidos brilhantes e seus bichinhos cantores circulando ao seu redor. Mas sempre que visito um castelo eu me sinto enganada. Além de serem menores e mais pelados, eles são apenas… castelos. E não os castelos que eu castelava na cabeça, castelos imeeeensos, raros, em que só reis e rainhas viviam, com seus cortesãos e seilámaisoquê. Corta para a realidade: castelos eram o duplex dos séculos passados. Bastava ter um dinheirinho e um parente rei que você garantia o seu castelo. Vai daí que o Loire, a região da França famosa pelos seus castelos, tem CENTENAS de castelos. Porque castelo na França saía mais que chuchu na Serra. Os caras têm tanto castelo que não sabem nem o que fazer com eles: o que tem por aqui de castelo que virou hotel ruim ou cenário de ensaio de casamento não tá escrito no gibi. Claro que existe espaço para castelos maiores e mais bonitos, mas mesmo eles ainda estão me devendo cavalos voadores.

Com tudo isso em mente, você já deve ter sacado que eu não tinha grandes expectativas em relação ao Loire. O plano inicial era ter ficado dois dias em Tours e dois dias em Vitré – plano muito baseado nas dicas do Lonely Planet, o livro-guru que estamos consultando na viagem. Porém, como vimos que a viagem de carro ficaria muito cansativa, quebramos ela em 4 etapas: um dia em Auxerre, outro em Orléans, aí sim fomos para Tours e em seguida Vitré (que foi um desvio da viagem, só porque cismei que era uma cidade linda – e acertei). Fizemos esse trecho quase sempre margeando o rio Loire – e vendo alguns castelinhos no caminho.

No saldo geral:

– chegamos de noite em Auxerre e não conseguimos ver muita coisa – mas tudo que pude notar é que era uma cidade MUITO SILENCIOSA e ficamos no hotel mais legal da viagem até então, como falei no post anterior.

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– nos apaixonamos por Orléans! Foi uma cidade que escolhemos meio aleatoriamente. O Lonely Planet não fez jus nenhum à cidade, que curiosamente se transformou em nossa cidade favorita da viagem até agora! Ela tem o equilíbrio certo entre tudo o que eu e o Julio gostamos – cultura, poesia e uma onda meio alternativa pairando no ar, umas ruinhas bacanas de compras, roda gigante e carrossel. É nela que vimos o rio Loire pela primeira vez! A cidade tem uma ligação super forte com a Joana D’Arc. Gostei muito de conhecer mais sobre essa santa feminista. Ah! Ela também tem a Catedral mais bonita que vi na vida (e olha que já foram muitas só nessa viagem!). Pensa num interior gigantesco e muito bem conservado, com música sacra tocando em um sistema de som maravilhoso (sem fotos, porque não gosto de fotografar interior de igrejas).

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– já Tours, que segundo o guia era a cidade ideal para se aportar no Loire, nos foi bem opaca. Cidade nem grande nem pequena, sem charme nenhum. Tanto que nem lembro o que fizemos lá, além de uma visita ao castelo da cidade… que, veja você, não tem cavalos voadores. É uma galeria de arte bem normalzinha. Acho que o que mais marcou foi entrar na Catedral (sim, aqui é overdose de igreja católica, vi só hoje pela primeira vez uma igreja batista) e ver o órgão de tubo tocando ao vivo pela primeira vez. Incrível.

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– pra não dizer que não fomos em nenhum dos castelos mais famosos, além de passar em frente de alguns bem bonitos, tentamos ir ao Castelo de Villandry, mas ele tinha fechado dois dias antes para reabrir só ano que vem (uma mistura de azar com falta de consultar o site antes de ir :D) e acabamos indo de verdade no Castelo de Brézé. O legal dele é que é um castelo com um subterrâneo gigante bem divertido para nós, o casal que ama um buraco embaixo da terra e… bem, é isso, também não tinha cavalos voadores. Mas o dia estava lindo demais, com um sol que anda muito fujão enfim dando as caras por aqui!

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– por fim, almoçamos em Saumur num restaurante delícia e chegamos em Vitré já bem no fim do dia. Achamos a cidade uma simpatia só. Ficamos no hotel Le Petit Billot, que é praticamente uma casa de vó com muitos quartos, uma fofurinha engraçada. Depois de um dia super cansativo na estrada e um perrengue pra achar estacionamento, fomos procurar um jantar por lá e nunca tivemos uma tradução melhor do que significa “confort food”. Amo comida francesa, tenho acertado mais que errado nas comidas por aqui (especialmente agora que estamos mais longe da Alsácia), mas nunca pensei que um KEBAB seria a comida mais abraçada pelo meu estômago nos últimos dias! Sério. Depois de negar vários restaurantes franceses de Vitré, encontramos um kebab com cara boa e resolvemos entrar. O kebab veio com um tempero que me levou de volta pra casa: um cuscuz marroquino temperado com um refogado de alho e cebola que não fez sentido nenhum, mas foi sensacional. Incrível como uma base de tempero tão simples pode traduzir tão simplesmente nossa casa. <3

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E essa foi nossa passagem no Loire! Vejam vocês que não falo nada da paisagem (que era linda)… é que meu negócio é flanar nas calçadas, não tem jeito. Tenho cada vez mais percebido que meu jeito de viajar (e o do marido também, um pouco) é a paixão por sentir o pulso da cidade.  Não o pulso óbvio, aquele das Galerias Lafayette, da H&M e da Zara, não. O que amo é encontrar o centro de compras alternativas, sacar o estilo de vida, perceber o que se cria naquela cidade especificamente. Prefiro mil vezes parar no meio de uma rua cheia de quinquilharias estranhas locais a parar o carro em um ponto bonito e tirar foto da paisagem. 🙂 Foi depois de cruzarmos o Loire inteiro e parado apenas uma vez por DOIS MINUTOS pra tirar uma foto só pra dizer que tiramos (e aproveitar pra pegar alguma coisa que esquecemos no porta malas) que percebemos isso.

E foi isso que aprendemos sobre nós mesmos nesse trecho da viagem. E você? Qual é seu jeito de viajar?

Rumo ao meio da viagem!

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Franando na França #6: Colmar, Dijon, Auxerre, carrosséis, estradas e silêncio

Colmar é linda. Uma cidade charmosa e boa pra um só dia de viagem, coroada por um carrossel de 1900 que diz ser o maior da Alsácia (ou o maior de alguma coisa que não me lembro agora). Caso vocês não saibam, eu sou uma colecionadora de carrosséis. Amo esse brinquedo e sua poesia e sempre que eu e o marido encontramos um, é tradição: vamos nele. Eu sempre achava simpático encontrar carrosséis por todos os cantos de Paris – até que nessa viagem descobri, com muita alegria, que aparentemente toda cidade da França conta com um (excetuando vilarejos e comunas – que, hoje descobri, são coisinhas tão compactas que funcionam como um grande condomínio maravilhoso – com um salão de festas para toda a cidade, quadro de avisos e um banheiro público – que salvou minha vida no meio da viagem de hoje). Fiz uma pesquisinha para tentar entender o porquê dessa onda tão grande de carrosséis por aqui e não encontrei. Só tenho uma razão lógica para apresentar: porque a França é demais e feita pra mim. 🙂

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Colmar só não foi mais incrível para nós porque já estávamos bem repletos de Alsácia já que ficamos bastante em Estrasburgo, empanturrados de chucrute e pães de especiarias.

Malas no carro, fomos em direção à Dijon, na viagem mais emocionante da viagem até agora – e vou deixar a ordem das fotos abaixo mostrar mais ou menos como ela foi.

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Imaginem vocês que não faz nem 1 ano que o maridão tirou a carta de motorista. Como disse no primeiro post sobre a viagem, um dos meus medos era esse lance todo de dirigirmos (dirigirMOS nada – eu nem toquei no volante ainda!) o tempo todo sem ter muita prática… e voilà. Acontece que ao viajar aqui pela França, todos os guias e GPSs dão sempre duas opções: o caminho mais rápido, mais caro e mais chato – pela autopista – e o caminho muitas vezes mais longo, mais barato e mais bonito – a rota cênica. É claro que optamos pela segunda opção! Só que ela às vezes é meio… como podemos dizer… cênica demais. É tipo usar o Waze no Brasil e cair no morro… com a diferença que o morro aqui é ALGUM LUGAR CUJO NOME JÁ ESQUECI QUE FICA PERTO DE UMA ESTAÇÃO DE ESQUI.

Pensa numa fase de videogame em que a coisa complexa vai ficando cada vez mais complexa… foi mais ou menos isso. A estradinha era tensa mesmo antes da neve. Quando vimos, estava nevando – e aí não tinha muito o que fazer e seguimos em frente e acima. Enquanto o Julio acreditava piamente que eu ia conseguir achar no manual de instruções o que significava a função SNOW do carro (dica: parou de nevar e eu não encontrei até agora), fomos subindo, subindo, subindo, a neve foi caindo, caindo, caindo, atolamos na neve (foi ótimo), pessoas se ofereceram para nos ajudar e quando conseguimos sair do outro lado nos deparamos com um restaurante num chalé de madeira pique estação de esqui de filme dos anos 20 (foi essa associação que fiz, já que não costumo esquiar na vida) e comemos por lá.

Aí o resto da estrada já foi mais tranquilo até o momento em que fomos parados pela polícia pela primeira vez na viagem (tô falando que foi emocionante!!!). A reação minha e do Julio não poderia ter sido mais diferente – e mais errada: o Julio travou e não sabia onde ficava o botão para abrir o vidro da janela do carro enquanto eu já estava tirando o cinto de segurança querendo descer do carro em movimento. Gastamos nosso francês respondendo de onde vínhamos e para onde íamos e o policial deu uma de bridge keeper do Monty Python e mandou um “belê, pode ir” em francês sem pedir documento, sem pedir nada.

Foi assim que chegamos em Dijon, que seguiu o tema da viagem e se mostrou a cidade mais esquisita da França até agora. Primeiro, que estou ainda aprendendo a lidar com o VAZIO. Cria de São Paulo e da Baixada Santista, não estou acostumada a cidades que morrem em momentos do dia. Aqui na França, em especial nas cidadelas pequenas – mas também nas maiores, como Dijon, tudo fecha para o almoço (não lembrava que esse conceito existia, olha que doideira), pouquíssimas coisas abrem aos domingos e segunda feira é meio que facultativo – e uma coisa que estou achando doida pacas – das 18h às 19h AS CIDADES DORMEM. Você anda na rua, no escuro (aqui está escurecendo bem cedo, cinco da tarde já é noite), ouvindo seus passos, vendo sua fumacinha de frio sair da boca e torcendo para encontrar alguma coisa aberta pra jantar. E O SILÊNCIO POR TODO LADO?? É de endoidecer. Eu vivia reclamando do barulho do Centro de São Paulo na janela do meu quarto toda noite – e aqui estou colocando música pra dormir porque não se ouve nada. :O Também ando com saudades do sol, mesmo amando o frio… sou uma mentira ou o quê?

Enfim, calhou de ficarmos um fim de semana e uma sexta de feriado em Dijon e vimos duas cidades completamente diferentes: sexta e domingo tudo estava deserto. Sábado tudo estava cheio, pessoas passeando na feira (todas com cestas, achei tão sympa!), muitos turistas comendo as especialidades borgonhesas e saindo pelas tabelas. Assim, vivemos um 8 ou 80: ou a cidade estava cheia demais, ou vazia demais.

Achei curioso ver a diferença bem grande entre as cidades da Alsácia e dessa capital da Borgonha: Dijon me pareceu bem esquecida, os museus são tosquitos, é tudo meio mambembe… e é por isso que eu gostei bastante dela. Achei ela real, mais sincera, com suas sujeirinhas e suas igrejas do século XII entrecobertas de limo e não iluminadas. Mas entendo o porquê do Julio não ter gostado tanto assim da cidade – ele prefere o primor e rigor germânico que vimos na Praça Stanislas, em Nancy, por exemplo, onde de manhã vimos o pessoal passar na praça e varrer as pedrinhas dos jardins. Gosto muito de ver e reconhecer esses tipos de belezas diferentes. 🙂

Em Dijon, compramos um guiazinho no Escritório de Turismo para acompanhar umas setinhas de metal que se espalham pela cidade inteira de maneira relativamente organizada para você conhecer os principais pontos turísticos dela. Acho que é algo meio padrão pela Borgonha, já que a cidade em que estamos dormindo hoje (Auxerre) e uma outra pela qual passamos agora de tarde (Samur-en-Auxois) também tinham plaquetinhas dessas pelo chão!

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Por fim, acabamos mexendo um pouco nessa perna da viagem de agora: nosso plano era fazer Dijon-Tours direto, mas vimos que ia ser uma viagem muito longa e cansativa e acabamos cortando em várias cidades – vamos dormir uma noite em cada uma. Hoje, estamos no hotel Le Parc des Maréchaux em Auxerre – um hotel sensacional, que achávamos que ia ser todo detonadinho e na verdade é uma diversão super aconchegante e temática. Imagina dormir num hotel com um pique meio murder mistery e uma janela para um parque privativo extremamente silencioso (SIM, S I L E N C I O S O). Brrrrrr.

O trajeto de Dijon até aqui foi o mais lindo da viagem até agora. Teve até parada em cidades aleatórias – paramos na cidade de Guillon só porque parecia com o meu sobrenome, tipo isso – e descobrimos essa coisa linda que está no meio das fotos aí embaixo.

Esses últimos dias andei chegando bem cansada das andanças, um pouco preguiçosa de escrever e dormindo bem cedinho. Se tem uma coisa que eu gostaria de mudar nessa viagem é que eu queria estar mais tranquila, mais passeando, mas ando extremamente tensa com as perguntas o tudo-está-bem? vou-sobreviver-50-dias-fora-de-casa? martelando na cabeça. Quem já teve síndrome do pânico sabe como é ficar com medo de ficar com medo e essa chatice toda. Mas tenho tentado respirar fundo e pensar no momento quando essas crises têm me batido. Se alguém tiver dicas, tô aceitando!

Ufa, acho que já deu por hoje. Pelo menos tirei o atraso. Hoje teve até 3 capítulos do meu livro e o primeiro desenho do Um Ano Agradável 2017!!!!

Portanto, não sei nem se vou revisar esse post, porque já passa da meia noite e já super deu a hora de repousar. Assim, se tiver alguma ZUERA no texto, perdoai-me obrigada de nada.

:*

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Franando na França #5: De Estrasburgo a Colmar | A Rota dos Chocolates

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Estou escrevendo esse post tomando um chazinho porque eu posso – estamos no hotel mais chique da viagem até agora (oba!), com maquininha para ferver água e fazer chá. E também pra acalmar, porque foi bem wtf abrir as notícias hoje e descobrir que Donald Trump foi eleito. E digo numa mistura de risadas nervosas e de apreensão séria que fico feliz por termos decidido fazer essa viagem esse ano – porque sabe-se lá como estarão as coisas daqui pra frente. Bem esquisitinhas.

Maaas a boa notícia é que hoje consegui ir na igreja aqui na França (pra quem não sabe, sou da Congregação Cristã, igreja que tem uma comunidade grande no Brasil, mas bem pequena aqui na Europa – assim, é uma coisa muito legal – e rara – conseguir ir em uma por aqui) e foi muito gostoso. Quinze pessoas, bem caseiro, bem intimista. E quero agradecer meu marido, que é o melhor marido do mundo e enfrentou uma mega-chuva numa estrada de 130 km\h, só pra me levar agora de noite. Ele dorme no meu colo enquanto escrevo esse post. <3

Hoje de manhã, fizemos o trajeto Estrasburgo-Colmar, que deveria levar umas 2 horas normalmente – mas decidimos fazer diferente. O Julio baixou o aplicativo Route du Chocolat, que mostra as melhores fabriquetas \ ateliês de doces e chocolate da região e montamos nossa viagem de vinda com base nele! Sim, é uma rota parecida com a Rota dos Vinhos (uma até se encontra com a outra), mas como disse no post anterior, decidimos ficar sóbrios nas estradinhas e deixar o fígado lidar apenas com o cacau – que já tá bom demais! 😀 Degustaremos vinhos em Bordeaux, provavelmente!

MAS GENTE, esse negócio de rota é muito legal. Já vínhamos fazendo sempre a rota cênica entre uma cidade e outra (me lembrem de falar disso mais tarde), mas com esses destinos inspirados nas sugestões da rota salvos no GPS fomos entrando nas cidadezinhas mais pitorescas da viagem até agora. Tudo meio turístico, eu senti, mas tudo lindo! Foi simples: botamos 5 lugares no GPS, ele foi nos guiando até cada um. Parávamos, escolhíamos o doce mais lindo e acessível, comprávamos, dávamos uma volta a pé pela cidade e pronto, rumo à próxima.

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Até agora só provamos o macaron e meudeusdocéu que coisa boa (aliás, descobri aqui que macaron pode ser um monte de coisa diferente – sempre de massa de amêndoa e sempre gostosa). A grande surpresa foi o almoço: em Sélestat, uma das cidades que marcamos na rota, a lojinha que queríamos ir estava fechada. Como já passava do meio dia, decidimos almoçar por lá mesmo. E, a uma escolha certa de distância, encontramos um lugar moderninho chamado Le Schatzy, onde comemos a melhor carne de porco de nossas vidas, por um preço amigo. E os legumes! Não sei o que esses franceses colocam nesses legumes que eles ficam tão gostosos – se é tempero ou se eles são orgânicos ou coisa assim. Mas até eu, que odeio salada, como tudinho.

Encerrando o post em delícias, agora vou dormir e orar por esse mundão. E bora conhecer Colmar amanhã!

<3

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