O Petit não gostava de bundas-moles. Escrevi em português e pedi pro Google traduzir para catalão, espero ter feito um bom trabalho.
O Petit, o P da DPZ. Tive o prazer de trabalhar a 3 mesas dele, aquando trabalhei na DPZ. Foram 6 meses. Eu era jovem. Ele era o Petit. Ele faleceu 6 meses depois que saí.
E eu convivi com ele e sua intensidade espanhola enquanto estive na DPZ. E vi ele ficar desagradado quando contrataram profissionais de fora pra desenhar uma mascote, e vi ele ser gênio e vi ele vendo as coisas mudarem, por detrás do jornal e da TV que ele tinha sempre na mesa (Petit não usava computador).
Eu era jovem e freelancer e no primeiro dia de trabalho fui me apresentar pro Petit. Porque a intensidade espanhola que habita em mim não se segura e vai se apresentar pra todo mundo, mesmo.
E ele me dava livros, e ele me contou porque só usava cuecas e meias nas cores vermelhas.
E quando eu pedi demissão, antes de ser efetivada, eu fui contar o porquê. Porque na equipe que eu estava eu via traquitanas e truquinhos se tornando mais importantes que ideias (isso faz tempo, isso foi um pedaço da agência, não resume a DPZ inteira). E eu não aguentava mais escrever slides teóricos, enquanto o Cássio estava lá na equipe ao lado lendo roteiro com paixão, quando ainda dava pra fazer isso – na minha geração isso já tava ficando em desuso.
O Petit se levantou, apertou a minha mãe e me deu os parabéns. E disse que, no meu lugar, ele faria o mesmo. E fez um discurso sobre a razão por ter aberto a DPZ. E sobre a criação não poder ficar na mão de bundas-moles (definitivamente, ele não usou essa expressão, mas definitivamente, ele usaria).
E sobre criação ser pra quem se incomoda.
Petit não gostava de bundas-moles.
E me deu parabéns por estar pedindo demissão.
Esse ainda é um dos momentos que mais amo na minha carreira.
Como andam vossos rabiosques criativos?