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Planos não viram realidade. Sonhos viram.

Não sei bem se fui eu que cunhei essa frase, mas tenho a impressão de que sim, ainda mais depois de ter dado um rápido Google e não encontrado ela por aí. Pois bem. Estou aqui pra avisar que meu livro está a muito pouco de ser terminado. E que estou dando início a uma nova rotina, com marido em casa fazendo café da manhã pra nós e o palito de fósforo e a caixinha na mão para virar aquela figura que sempre sofreu meu preconceito, mas que venho descobrindo que faz todo o sentido no mundo de hoje, com o capitalismo morrendo e um monte de oportunidades pra explorar: uma nômade digital.

Eu tenho mais trocentas e uma coisas pra falar, mas digitei uns 3 parágrafos que não soaram bem, o que quer dizer que as coisas ainda não estão pensadas o suficiente. O que me deixa extremamente feliz. Prefiro coisas sentidas.

Vêm novidades por aí. E por aqui também. Uma delas é que quero postar mais fotos minhas e de minhas aventuras diárias por aqui. Vamos ver se minha nova rotina comportará isso.

Paris (458)

Gosto dessa foto porque estou parecendo uns 10 anos mais velha, com um cabelo horroroso, no meu pior ângulo… mas com cara da mulher que imaginei ser. É isso, por hoje!

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Mindfulness, leitura e a mesa do jantar

Apenas um pensamento que me acometeu hoje, enquanto lia um texto interessante e, no meio da leitura, já pensava se valia a pena compartilhá-lo ou não.

Não sei se é alguma coisa que acontece só comigo, ou se vem acontecendo com vocês, também. Hoje percebi claramente que há tempos não vejo (especialmente leio) coisas na internet da maneira como lia antigamente. Agora, em todo e qualquer texto, eu me pego, a dois ou três parágrafos dele, já pensando: “que texto interessante! Onde vou compartilhar?”.

Aconteceu mais ou menos assim: era um texto no blog da Bust, uma revista feminista que eu assino há anos (sou feminista antes de ser moda novamente, hehe), que falava sobre como as capas de muitos livros hoje em dia são sexistas e por aí afora. Lendo o texto, estava achando bacana a essência do que foi falado ali (queria compartilhar em algum lugar – em questão de segundos minha mente checava se era um texto bom para ser compartilhado aqui, no Facebook, no Twitter, no Whatsapp ou no Skype para uma amiga que gosta do tema)… mas fui percebendo que alguns argumentos da autora eram ruins (aí já fiquei imaginando como eu iria escrever um textinho falando para as pessoas que porventura vissem meu compartilhamento, algo como VEJA BEM EU NÃO CONCORDO COM TUDO O QUE ELA DISSE etc). E pronto. Alguém me diz se eu estava realmente lendo o texto enquanto pensava em tudo isso? No final, minha conclusão foi que não valia a pena compartilhar o texto e que era o tipo de coisa legal para ser discutida na mesa de jantar com meu marido.

Quando pensei nessa terceira opção, percebi que loucura essa mania de querer compartilhar, mostrar, dizer. Que antigamente (e nem tão antigamente assim!), quando eu lia alguma coisa interessante, antes de sentir essa necessidade de encaminhá-la imediatamente e pendurá-la por aí como um poster-de-mim-mesma, eu digeria o assunto e o guardava lá até o momento em que fosse encontrar alguém legal para discutir sobre ele. Na mesa do jantar, na cama antes de dormir, no bar…

Enfim, não acho que isso seja o apocalipse e sei o valor do compartilhamento de informação. E não, esse texto não quer conclamar o óbvio do “AS PESSOAS NEM LEEM MAIS E COMPARTILHAM SÓ A MANCHETE”. Isso aí é fato sabido. O que me bateu hoje foi a aflição de ler um texto, sim, completo e direitinho, mas com o cérebro metade no texto, metade no VOU COMPARTILHAR.

O pior? Mesmo lendo revistas e livros me pego de vez em quando querendo tirar fotos de trechos pra publicar no instagram. Pra mim, não existe mais leitura solitária, sem necessidade de aprovação ou de mostrar pro mundo o-que-sou.

Decidi, então, começar a exercitar mais a atenção plena na leitura.

Ee se você já está pensando em compartilhar esse texto, talvez você precise disso também. 😀

 

Um dia quem sabe nos encontramos numa mesa de jantar e discutimos mais esse assunto pessoalmente.

olha quanta gente arranjando assunto para o jantar.

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Hoje eu ia ficar quieta

Porque passei os últimos anos não tocando nesse assunto, porque “política não é pra mim” e não gosto de discursos de ódio. Mas eu decidi vazar minha própria visão, já que tanta coisa vazou e veio me mostrar que as coisas às vezes são menos em tons de cinza do que parecem. Ah, a escala de cinza, “mas veja bem, todo mundo tem mais que dois lados”, mas quanta gente tende a ficar num lado só. E aí a coisa fica preta.

Durante todo esse tempo (antes dessa semana), eu dizia que queria ser uma mosquinha pra ouvir os diálogos de Dilma porque eu não gosto de polarizações. Queria entender a motivação, a sinceridade, a verdade de tanta teimosia pra não abrir o diálogo. Ficava pensando o quanto ela devia estar sofrendo com essa pressão toda. Que não era fácil pra ela, que era tudo exagero. Até que essas divulgações de áudio (e não vou entrar no mérito da validade delas ou não, estou falando do conteúdo e não da forma) saíram e todos conseguimos virar mosquinhas.

Fiquei uns dois dias sem palavras. A verdade é que fiquei estarrecida, e olha que não sou de usar essa palavra à toa, não. Sou redatora e escolho bem as palavras. Talvez tenha sido por isso que foram as palavras que me chocaram. Não, não foram as denúncias de corrupção econômica. As manobras políticas me incomodaram muito, mas acho que é o preço que se paga por viver em uma sociedade. Foram as palavras.

Não sei o quanto eu espero o melhor das pessoas – e acho que é isso que pega pra mim, ver que nem sempre o melhor é fácil de encontrar – mas eu juro que acreditava em um corpo político que se expressasse com menos ódio. Menos risada de escárnio, menos palavrão, menos descaso. Mais preocupação com o povo. Com o povo, sem distinção de rico, pobre ou qualquer outra coisa, porque já conheci bem os dois lados e sei que na prática é tudo gente.

Sempre achei que expressões como “coxinha” e”tucanos” eram tão estúpidas quanto “petralhas”. E que era coisa de grupo de whatsapp, daquele seu amigo meio mala, no máximo de imprensa meio atrapalhada.

Mas descobrir que o discurso de ódio vem de cima me chocou. De todas as ligações políticas que vazaram, a que mais me atingiu foi a menos política, por isso a mais sincera. Foi ouvir o diálogo da ex primeira “dama” (sic) rindo desses “pobres que não conseguem comprar apartamento em São Paulo” (e ouvi tanta gente dizendo que tinha votado na reeleição por causa da camada mais pobre, acreditando em uma preocupação social bonita e não uma preocupação em ganhar o poder*). E usando a expressão coxinha a torto e a direito.

Coxinha. Mas que palavra. Porque se é pra nos atermos às palavras, posso ir longe. Vamos falar sobre a coxinha. Uma comida simples, que nivela todo brasileiro. Porque tem coxinha de boteco e tem coxinha gourmet e é tudo coxinha. Tem coxinha em casamento de buffet chique e casamento de quintal. Se você quer mostrar o que é o Brasil pra alguém, você apresenta ele pra quê? Brigadeiro, guaraná… e coxinha.

Coxinha é Brasil. E é uma comida bem inofensiva, mas se você engolir muita coxinha, ah, isso vai dar um mal estar danado.

 

*lembrei de uma época em que trabalhei em uma ONG. Toda caridosa, queria ajudar os pobres, mas não gostava muito de pobre não, gostava mais era do poder que isso dava pra ela. Cansei de ver as pessoas que trabalhavam ali desligarem o telefone morrendo de rir porque a pessoa “incapacitada” do outro lado tinha falado “pobrema”, ou estava com dificuldade de entender alguma coisa.

 

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Um post sobre banheiros.

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Bem, eu… (mais ou menos como começa aquela propaganda HORROROSA do Spotify – sério que tenho vontade de assinar o premium só para parar de ouvir anúncios tão malfeitos) eu me orgulho em dizer que sou uma crítica de banheiros.

Quando viajo ou vou conhecer um lugar novo, adoro ver qualé a do banheiro. Entender as diferenças culturais, a existência ou não de lixos, o tipo de sabonete, os costumes. Devo dizer que poucos lugares do mundo têm banheiros tão limpos e confortáveis quanto os do Estado de São Paulo (amém!). Acho interessante como, em muitos países, mesmo restaurantes chiques não se importam com a situação de seus banheiros e como banheiros simples são bem cuidados por aqui.

Isso em mente, fico pessoalmente ofendida quando vou a um banheiro mal usado. Xixi no assento, descarga não dada, cestinho de lixo com papel saindo pelos cantos. De fato, pensando que não é possível mulheres de alta classe e compreensão cultural (parece que quanto mais chique o shopping, mais nojento o banheiro) não terem a noção básica de boas maneiras toaléticas, e pensando que um dos principais causadores de tal balbúrdia no banheiro feminino é a impressão errada de que é proibido sentar em vasos públicos (explico abaixo), decidi criar um guia sobre o uso correto de banheiro públicos no Brasil (no Brasil, porque fora dele é um tal de não ter cestinho de papel e loucuras afins, que prefiro não me comprometer). É o guia que vou pendurar na porta do banheiro quando eu tiver filhas, em busca de um mundo mais cheiroso e polido, um vaso sanitário por vez.

  1. Escolhendo o banheiro: tome tempo. Não precisa entrar na primeira cabine que viu. Entre em uma cabine que esteja com a tampa aberta. Se não houver uma que siga esse perfil, antes de abrir a tampa dê descarga. Assim você não precisa sofrer com surpresas desnecessárias.
  2. Talvez esse seja o item mais polêmico: eu sou contra o xixi-agachamento, que fortalece as pernas, mas não ajuda em nada na higiene como um todo. Portanto, dividi essa parte em subtópicos.
    1. Se você tiver um nojo mortal do banheiro em que está indo ou tiver medo de pegar alguma doença bizarra nele, aí talvez seja o caso de rever os lugares que você frequenta. Se não for esse o caso, então para de frescura. Você sobrevive.
    2. Dê uma olhada geral no assento. Normalmente, ele vai ter xixi. Sim, desculpe a escatologia, mas é verdade. E esses xixis são culpa das adeptas do xixi-agachamento, que perdem a assertividade, a mira e a paciência nessa posição desconfortável, querendo se livrar logo de seu problema e esquecendo de suas amigas que vão usar o banheiro depois delas. Como se livrar dessa nojeira? Passando um papel no assento. Sim, simples assim. Passa um papel no assento, joga fora e senta, confortável e limpinha.
    3. Não tem papel? Nem nesse banheiro, nem em outros, nem na sua bolsa, nem fora do banheiro? Aí sim, AÍ SIM EU DEIXO, você vai ter que fazer o xixi-agachamento. Mas faça como uma lady: levante o assento (não se preocupe, você vai lavar a mão depois, né?) e faça o xixi-agachamento sem correr o risco de sujar ainda mais o assento.
  3. Acabou? Faça o que tem que fazer (acho que não preciso entrar nesse detalhe) e coloque o papel no lixo. Não, não estou falando pra você jogar o papel no lixo. COLOQUE o papel no lixo. Não se preocupe, você não vai sujar sua mão porque você vai entrar em contato apenas com a parte limpa do seu papel – use seu papel para empurrar o conteúdo do cesto de lixo, não contribuindo, assim, para que o lixo transborde. Se ele já estiver transbordando, esse hábito vai ser bom da mesma maneira. Se ele já estiver transbordado de maneira nojenta e seu detrito for apenas papel, é melhor jogar o papel na privada e pronto.
  4. Não dê descarga. Achou que seria fácil assim? Antes de dar a descarga, FECHE A TAMPA DA DESGRAÇADA DA PRIVADA. Depois, aí sim, evitando que todo seu cuidado vá por água abaixo e que a descarga desconhecida espirre por todos os lados, dê descarga.
  5.  Aí, abra a tampa novamente (a não ser que você esteja em sua casa, aí super indico deixar fechada, acho mais arrumadinho), para que outras usuárias entrem e não precisem sofrer no passo 1 dessa regra.
  6. Por fim, antes de sair, confira se você deixou alguma sujeira – e isso vale para sujeiras suas ou de outras usuárias porquinhas antes de você. Limpe o assento novamente com o papel, se for o caso, tire papéis do chão, se possível.
  7. Lave as mãos com sabonete – e se não tiver sabão, lave com muita água (e carregue um trequinho de álcool gel na bolsa).
  8. Sobre enxugar as mãos, fica a dica de sempre: papel suficiente para secar as mãos (e um papel para tirar o excesso de oleosidade do nariz, coisa minha), jogados no lixo junto a qualquer resto de sua presença ali (resto de pasta de dente, maquiagem, cabelo etc.). Não use aqueles secadores de vento porque eles demoram e são chatos – e por mais agradável que seja o banheiro público, você não quer passar 15 minutos a mais por ali.

É isso. Um post de utilidade sanitária pública, baseado exclusivamente em minha vivência. Do jeito que tem que ser. 😀 Também tem alguma técnica-ninja de boas maneiras no banheiro e quer dividir comigo? Está super convidado(a)!

 

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Uma poesia para o meu nariz e as missões para um ano agradável

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Nariz pequenino, muito tem de menino.

Jamais lhe escreveria uma poesia, não teria a ousadia.

Mas hoje olhei para o meu nariz e deixei de diz-que-me-diz.

Encarei a questão de frente e percebi o quanto ele é diferente.

Meu nariz é uma coisinha sem pé nem cabeça, muito tem de inusitado.

Por isso dedico esta ode a quem sempre sonhou com um nariz arrebitado.

Mas não sabe a bipolaridade visual que é ser dona de tal paradoxo nasal.

Fiz esses versos horrorosos sem métrica e sem rima como que para provar para mim e para o mundo que não sei escrever  E NÃO GOSTO de poesia etc.

Mas foi para finalmente falar pra vocês (leitores inexistentes ou quietinhos etc.) do projeto que comecei junto com o Julio esse ano – já faz mais de 1 mês, então estou um pouquinho atrasada pra falar.

É o Um Ano Agradável, uma fanpage e um Instagram com 366 missões para fazer de 2016 um ano legal de se viver!

Explico:

Eu sempre fui fã de agendas, de missões e de tudo o que nos ajude a tentar viver menos no automático, de maneira mais criativa e inspiradora (não é à toa, esse tenta ser meu objetivo aqui no blog). E há muitos anos atrás (talvez uns 5), eu criei essas missões, cuja principal missão é mandar a rotina embora, seja com tarefas simples e abstratas, seja com tarefas mais complexas e práticas (como a da poesia para o nariz supracitada).

Daí que elas ficaram rolando de um computador para outro em um arquivo Word nunca ou poucas vezes aberto. Eu não sabia o que fazer com essas missões. Nesses anos, encontrei amigos designers e ilustradores que me prometeram que iam me ajudar a ilustrar essas missões, mas imagino que meu Word esteja rolando nos computadores deles até hoje. Precisei casar e ver que meu marido estava ansioso para fazer um projeto novo, mas não encontrava como nem onde, para resgatar minhas esquecidas missões.

Foi a combinação perfeita: o Julio já tinha um personagem, o Lorde O’Ganson, uma fofura cheia de classe, e queria pegar a prática e o hábito de desenhar mais. Eu queria inspirar o mundo com minhas missões engavetadas, mas não encontrava como fazer isso (e, honestamente, tinha até me esquecido delas). Eu reescrevi e reordenei as missões (além de acrescentar mais uma, afinal estamos num ano bissexto) e lançamos o projeto no começo do ano.

Está sendo divertido acordar toda manhã, ver qual é a missão do dia e tentar cumpri-la. É muito legal ver como coisinhas simples podem mudar completamente seu propósito e sua rotina.

E, em paralelo, continuo seguindo com minha consultoria criativa especializada em casamentos alternativos, a Sras&Srs, pegando alguns freelas de redação e conteúdo e escrevendo meu livro.

E cozinhando, e fazendo crossfit, e indo à igreja, e tocando órgão em casa (esses dias desengavetei vários métodos musicais que eu não tocava há uns bons 10 anos). Parei de dançar, mas é que a vida é feita de escolhas.

E eu amo a vida, um dia agradável por vez! Abaixo, mais missões que já rolaram no Ano Agradável:

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As repetições de todos os dias são lindas

Estou aqui com uma lista de 5 temas de posts pra dividir com vocês. Com uma vontade danada de mudar o layout desse blog. Neste exato momento, escrevendo meu livro (aquele que vai completar 15 anos de idade no dia 19). Mas essa frase me veio à mente e abriu alas, até pra me lembrar que posts curtos são legais, também.

Acontece que decidi por uma vida mais saudável. Sim, é muito bonitinho e fácil gostar de fast food e brincar que salada não leva a nada, o que me salva é que amo academia, mas mesmo ela tem sido deixada de lado a qualquer sinal de ai-hoje-não, mas quando você pensa na VIDA como um todo, poxa vida. Eventualmente, quero ser o lar de um bebê em formação (é esquisito falar isso e acho que não ficará menos esquisito quando eu realmente o for) e depois oferecer meu lar-casa para esse bebê que vai virar uma criança que quero que seja saudável e que reconheça diferentes frutas, verduras e legumes etc. E pedir pizza sempre que a preguiça aperta não pode ser uma opção (eu não quero). Aí que decidi ser mais disciplinada pra comer. Porque não sou. Porque não consigo ir a uma nutricionista e seguir o que ela fala. Porque as únicas vezes em que consigo comer direito foram as vezes em que comprei aqueles kits maravilhosos (de verdade!) de dieta da Keep Light, mas investir 500 reais por semana nessa fase de vida autônoma-não-assalariada não rola. E porque eu fico me enganando, achando que vou mudar isso e aquilo, só pra apelar para o delivery logo em seguida.

Pois bem. Criei um cardápio variado, mas seguindo aquelas coisas que pessoas inteligentes sempre falam: proteína, carboidrato, salada. O que me mata é a repetição, porque eu gosto do caos.

Mas fico me repetindo a frase do título do post. Essa frase sobre repetição que eu também gosto.

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Muitas agendas!

Eu amo agendas, diários e calendários. É aquela sensação gostosa de ver tudo começando em branco em mais um ano e terminá-lo com tudo rabiscado e, em parte, cumprido! O legal é que eu gosto tanto que vou comprando e sempre tenho um estoque de agendas e diários para os anos seguintes. Ontem passei na festinha que a Silvia Strass fez para lançar o projeto dela que foi financiado no Partio! Adivinha: mais uma agenda, mas com uma proposta super bonita e divertida.

Fiquei muito feliz de ver coisas dando certo e muita gente disposta a fazer sonhos acontecerem.

Estou aqui, com mil agendas, uns diários e alguns calendários pra escolher como começar meu 2016. E quero começar muito agradecida e otimista! Por pior que as coisas lá fora nas páginas do jornal queiram brincar de ser. Elas sempre querem ser piores, mas elas não estão com nada!

Beijos e tenham um ótimo final de ano. Devo voltar aqui até dia 31!

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Eu queria agradecer o meu misterioso vizinho

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Há pouco mais de 1 semana achei estranho ouvir sinos perto de casa. Digo, moro no Centro de São Paulo e a igreja católica mais próxima fica longe o suficiente para eu não conseguir ouvir seus badalos. E, apesar de não ser católica e nem entender o que badalos de sinos querem dizer, sou encantada com esse som. Me dá aquela sensação de saudades do que nunca vivi, sabe? Parece que estou numa cidade do interior, parece um abraço. Parece um ritual de todo dia, badalando as coisas constantes da vida.

Pois bem. Ao ouvir aqueles sinos, eu e meu marido ficamos nos perguntando se tinham aberto uma igreja católica nova aqui perto (sei lá, nunca vi isso, mas vai quê, o Papa novo é legal etc.), até que dias depois percebi a verdade: algum vizinho meu realizou meu sonho por mim. ALGUÉM AQUI PERTO COMPROU UM RELÓGIO DE CARRILHÃO PRA MIM. Digo, não comprou pra mim, imagino que tenha sido pra ele, mas eu ouço todos os badalos em horas cheias e fico feliz porque sei que elas badalam pra mim também!

Melhor? Às 18h em ponto ele toca Ave Maria. O único lugar em que via isso acontecer era a praça de Águas de Lindoia, que também conta com uma fonte sonorizada (e de repente me deu a maior saudades de ir pra lá). Melhor ainda? 18h é o horário em que termina meu expediente aqui no meu home office. E agora tenho um despertador pontual e sagrado para me lembrar de que a vida real começou. 🙂

Caso você não conheça um relógio de carrilhão (que triste sua vida deve ter sido até agora), conheça já:

Não sei quem fez essa escolha, mas me dá uma vontade danada de bater de porta em porta aqui no prédio, para descobrir quem fez essa escolha tão acertada na vida e agradecer. Abraço, vizinho de bom gosto!

E deixem estar, que quando eu for uma milionária excêntrica terei uma coleção desses relógios!

Ah sim, a foto que ilustra esse post é o relógio do meu avô. <3

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Falando para as moscas

E moscas não comentam, apenas olham para você com uma inconfundível cara de mosca morta.

Às vezes vocês também sentem que perderam o bonde da blogagem? Que seu blog era um relativo sucesso no início dos anos 2000, mas quem se importa, o bug do milênio também era um tremendo sucesso e ninguém nunca mais falou nele? E que agora você continua escrevendo só porque gosta muito dessa coisarada toda de palavras e sentenças jogadas para o mundo pelos seus dedos?

Tantos pontos de interrogação e nenhuma respostinha. Deixem estar, leitores invisíveis. Vocês podem não me dizer nada hoje, mas o tempo dirá.

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Tempo, esse senhor tagarela e um pouco fofoqueiro.

 

 

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A vida vai pro livro e ele devolve de maneiras maravilhosas

Coisas ruins acontecem na vida. Adoraria que fosse tudo algodão doce, unicórnios e pinhatas estrategicamente localizadas nos cantos mais tediosos, cheias de balinhas de chocolate e bençãos. Quer dizer, acredito nas pinhatas estrategicamente localizadas, mas tem vezes em que não as enxergamos e é isso. Infelizmente, às vezes têm coisas horrorosas que pulam na gente saídas do nada e nos afogamos nelas sem entender bem o que estamos fazendo.

Digo isso porque na minha vida coisas assim aconteceram. E tem coisa horrorosa que é que nem teia de aranha. Parece que quanto mais você tenta melhorar, se salvar e mexer, mais a teia prende. Sair dessa teia precisa de muita… não sei dizer muita o quê. Força de vontade, epifania, fé ou apenas uma oportunidade bem explorada? Não sei. Depende de qual é a sua teia e como ela foi feita. Mas se tem uma coisa em comum entre as teias é que fica também aquela impressão de que foi você que se lançou na teia, pra começo de conversa, e aquela sensação de COMO FOI QUE FIZ ISSO, ESSE NÃO SOU EU, uma frasezinha que imprime no seu cérebro como uma tatuagem e acende e queima. Eu já passei por isso, talvez você também. Quer dizer, espero que você não, mas eu acho que em certa medida todo mundo já passou por isso na vida. Pode ser um ISSO tenebroso ou um ISSINHO, digamos, como por exemplo, quebrar um vaso caro na casa de seus pais quando você é criança.

Enfim, por que estou falando isso? Porque há 1 ano, mais ou menos, decidi voltar à terapia pra me livrar de vez de quaisquer resquícios de teias interiores e estou mais feliz que nunca. Não vou entrar em detalhes sobre fatos (porque sou escritora, e escritores transformam sentimentos em metafóricas borboletas, é isso que fazemos), mas vou tentar ajudar um pouco com minha opinião sobre como lidar com teias do passado. Pela minha experiência pessoal, como disse acima, a primeira resposta automática é acender a tatuagem mental e se culpar: como disse lá em cima, POR QUE, COMO, ONDE, O QUE EU ESTAVA PENSANDO? EU ISSO, EU AQUILO, E SE? Depois que passa essa sensação (que pode durar horas ou anos), você evolui mentalmente, percebe que virou o dono da razão (oh não) e decide culpar qualquer outra coisa que aparecer na sua frente: a aranha, a sociedade, alguma faxineira metafórica que não fez seu serviço direito… a verdade é que conheço muita gente que parou nessa segunda sensação. E estou pra ver geração pior que a minha pra lidar com ela: porque aprendemos que nos culpar não é saudável e nem correto. Até aí, parabéns, tarefa bem feita. Acho ótimo. Mas culpar os outros é a nova moda. Mais legal ainda: culpar a sociedade, essa senhora tão austera quanto genérica e inexistente. Essa tem sido a escolha mais pedida.

Pois é. Foi o que escolhi por um tempo. Depois de apagar a tatuagem mental, passei uns tempos culpando esse ser etéreo (ah, sua aranha nojenta e horrorosa) e me revoltando. Só para perceber, depois de alguns quase-ataques de pânico no transporte público, que essa também não era a melhor solução. Ela pareceu confortável até eu perceber que estava era criando uma nova teinha, dessa vez feita por mim mesma, que me deixava desconfortável pra caramba. Não, culpar o que quer que seja não era DE LONGE  a melhor solução. Culpa é o pensamento mais fácil, não é? Uma catástrofe acontece e já buscamos os culpados. Acontece que em pouquíssimos casos existe um culpado, em outros o buraco é mais embaixo e na grande maioria nem mesmo existe um culpado. Existe responsabilidade e existe – e vou dizer mesmo que vocês achem feio – existe perdão. Me perdoem por usar uma expressão tão fora de moda em um mundo com perdões tão seletivos, mas sim, ele existe.

E se posso ajudar de algum jeito, baseada em minha própria experiência pessoal com teias de aranha, enquanto você culpar a si mesmo ou culpar a aranha ou o que quer que esteja culpando, a teia não vai embora. E em vez de você melhorar, a cada comentário que você faz cheio de rancor xingando as teias do planeta, mais você se apega a essa teia que hoje nem existe mais. Você saiu da teia, tem que sair cem por cento e aproveitar essa oportunidade, aproveitar o mundo lá fora. E pegar uma vassoura. E em vez de usar essa vassoura para bater, recomendo usar para varrer as teias, as suas e as dos outros. Por que sabe o que bater gera? Mais aranhas. Que vão ficar com raiva da sua raiva, e só de raiva vão gerar mais teias. E apesar de você ter aprendido a lição e estar ileso às teias (será?), outras pessoas podem se prejudicar por causa dessas aranhas e teias que tanto rancor gera, eventualmente. Se tenho uma sugestão é: aproveita que você saiu dela, assume sua responsabilidade como sobrevivente e usa essa vassoura pra varrer. Com um sorriso no rosto e trabalho duro e não o trabalho fácil de falar mal das aranhas do mundo.

Por que decidi escrever sobre isso? Pra terminar um raciocínio que comecei no meu livro hoje. A verdade é que há anos planejo uma cena de um personagem caindo num abismo sem fundo (sim, meu livro é uma fantasia, em que esse tipo de coisas existe fisicamente e não apenas mentalmente). Mas, uma vez escrita, essa parte da história nunca tinha me convencido cem por cento, estava meio sem graça, sem emoção, fácil. Hoje, decidi dar mais atenção para essa cena. Mais ou menos como ando dando atenção nas sessões de terapia, ultimamente. E acho que consegui deixar ela senão perfeita, pelo menos mais sincera. Ela ficou mais ou menos assim:

Os pensamentos de Sandro continuavam caindo com ele, em cima dele. Não se lembrava de algum par de mãos ou vareta ou o que quer que fosse empurrando sua força de vontade para o Abismo sem Fundo. Então era ele que tinha se jogado? Mas que diacho. O que o fizera fazer aquilo? Será que seu cérebro ruivo era tão frágil que não aguentava comentários malcolocados? Especialmente quando eram comentários malcolocados sobre a inexistência súbita de sua mãe? Mas ele já não tinha ouvido o suficiente, lido o suficiente nas redes sociais por aí? Já não tinha sobrevivido a cerca de mil quinhentos e oitenta comentários sutilmente maldosos e duas mil e oitenta sugestões feitas de bom coração, mas tão tortas quanto os comentários maldosos, porque fingiam que não o eram? Não, nunca se ouve o suficiente quando você não tapa os ouvidos para sempre. Ele sabia que era algo por aí. Nas três vezes e meia em que tentara fazer terapia, Sandro chegou a olhar para esse novelo da sua cabeça, um dentre muitos, mas era um novelo tão felpudo e bonitinho, e estava tão bem encaixado ali dentro, que ele não tinha coragem de puxar o primeiro fio – para falar a verdade, não conseguia nem encontrar a ponta.

E, leitor, você sabe como são os novelos dentro da cabeça.

Foi mais ou menos quando já estava a mais de dez mil milhas (milhas são mais chiques que quilômetros, e não me faça começar a tentar explicar o sistema de medidas willifillenses) que Sandro percebeu que voltar não era uma opção. Olhar para cima só servia para lhe dar noção da velocidade com que caía, olhar para baixo era olhar para o impossível. Terrestres terrenos não são feitos de fibras suficientes para encarar o infinito com razão. Quando o fazem, uns inventam, outros descobrem, depois criam semânticas que viram guerras. O segredo para encarar o infinito, e esse é um segredo valioso que divido com você porque se você chegou até aqui comigo é porque é curioso o suficiente, e vai que algum dia na sua vida você acabe indo parar numa situação análoga a de Sandro Zaspargo, a gente nunca sabe. O segredo não é encarar de cabeça aberta, como muitos pensam. O segredo é encarar de peito aberto e sorriso também. E aí tudo se assenta, o infinito e o terreno.

Mas Sandro não conhecia esse segredo. E antes de inventar, antes de descobrir, antes de pensar se ia de peito ou de cabeça, antes de qualquer coisa, entrou em verdadeiro pânico, e esse foi o destino de Sandro. Quero dizer, o destino de Sandro foi continuar indo para baixo, porque não havia muito o que se fazer. E como quem se afoga, talvez pior que quem se afoga, quanto mais ele tentava ir para cima, quanto mais pensava em sacudir braços e pernas em busca de alguma superfície, mais ia para baixo. Willifill não era muito bom em gravidade, mas quando decidia ser, ah, era bem grave.

Dizem que quando estamos prestes a morrer, um flashback de nossa vida inteira passa diante de nós. Uma maneira de ocupar a cabeça com pensamentos do passado, num momento em que o futuro está mais nebuloso que fabuloso, deve ser. Acontece que na posição de Sandro, não havia flashback. Porque ele não estava prestes a morrer. Ao menos não tão preste assim. Sabia que eventualmente, não desfalecendo devido à queda, poderia sofrer fome, tédio ou qualquer coisa pior. Nessas horas, coisas bem frugais passam por nossa cabeça, também, como por exemplo o que fazer quando bater a vontade de ir ao banheiro, ou como seria interessante ter um celular no bolso para fotografar esse momento único, e não digo que Sandro não pensou nestas duas coisas com bastante desânimo.

E naquela mente em que flashback nenhum passava, a sensação de impotência era pior que tudo. E junto a ela, pensamentos bem desinteressantes começavam a se aboletar por ali. Como por exemplo “o que foi que eu fiz?”. Como por exemplo “será que alguém vai mesmo sentir minha falta?”. Ou então “se eu sair daqui, será que alguém vai mesmo me perdoar?”. Afinal, prosseguia a mente de Sandro, chegar em Willifill tinha sido um capricho de sua parte. Ninguém o obrigara a fazer aquilo, e ele, um adolescente já feito, não era assim tão ingênuo. Sabia dos perigos e eventuais desventuras que poderiam surgir de uma aventura daquelas. Afinal, a vida já não havia lhe ensinado que tudo o que parece bom demais geralmente não é? E que esse negócio de usar a imaginação e lutar por ela, e, por todos os céus, essa coisa de sonhar, não ia levar ele a lugar algum? Ele sabia que o futuro de verdade, seu destino como platanense naturalizado pouco a pouco paulistano e como humano não era viver naquele mundo frumez em que tudo plantava bananeira e as imaginações corriam soltas (para o bem ou para o mal). Ele sabia que sua missão era crescer para virar seu pai, seu engravatado e… e quem ele queria enganar? E covarde pai. Era tudo aquilo que rolava mente abaixo em Sandro. E mais um pouco. E ele não percebia mais o que era e o que não era, porque chega uma hora em que a mente mente – e você sabe que mente.

E Sandro caía.

O que vai acontecer com Sandro? Vai continuar caindo ou vai dar um jeito de voltar pra terra firme? E uma vez em terra firme, como vai lidar com a sensação pós-Abismo? A resposta que tenho pra hoje é que meu livro é como minha vida. E aqui sou eu que escolho.

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