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calma, gente.

Não nego a ideia bacana da menina do Bradesco que deu uma resposta ao cliente no Facebook em forma de verso (ela contou com um fator sorte incrível aí – dificilmente, o banco anunciaria publicamente que ela “pulou 3 hierarquias e isso é genial” se, por um bater de asas de borboleta diferente, a resposta tivesse sido chamada de antiética, não-profissional e por aí afora). Não é esse o ponto. O que me assusta é como esse episódio está surpreendendo as pessoas – coisa de sair no ProXXIma com a frase “Poesia em atendimento de banco. Tabata, sinceramente, parabéns.” e uma babação de ovo que dá até tontura.

Fico triste em ver como um país que é dos mais relevantes nas redes sociais faz tanto barulho por uma atitude que é mais velha que andar pra trás nas redes de marca gringa. Há 2 anos já, fiz um benchmark em um projeto pra um órgão do governo e me inteirei sobre relacionamento nas redes por parte de órgãos públicos e governamentais de outros países. Os repressores-militaristas-conservadores EUA eram tão naturais nessas relações que me impressionaram. Davam de 10 a 0 na marca mais descolada do Brasil.

Se surpreender com um banco respondendo com poesia só prova como as cabeças andam emperradas por aí. E reafirma uma postura que vejo diariamente e me incomoda muito: o lugar-comum que é pensar que marcas, governos e instituições são deuses inatingíveis, são um só ser mitológico representante do mal (ou do bem). “Eles” são GENTE.

Alguns deles são inclusive você.

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continuísta de mim mesma

Não sabia que era assim, no entanto é óbvio que é assim!

Chegando quase na página 100 do meu livro, decidi parar e reler a história desde o início, já corrigindo errinhos, exageros ou desexageros. E vi o quanto isso é fundamental pro meu processo de criação. Primeiro, porque hoje tenho uma visão muito mais madura sobre a história e o que pretendo com ela, e aparar as arestas agora e redescobrir alguns trechos tem sido fantástico pra entender minha própria vida (sim, de verdade).  Segundo, porque é importantíssimo não perder o fio da meada. Ora, a primeira página, nesse modelo, nasceu em 2007. São 4 anos de sentar pra escrever e começar do ponto em que parei sem lembrar se tinha parado a história de dia ou de noite, se chovia ou fazia sol, o que gera uns erros muito engraçados.

Percebi, por exemplo, que cheguei a descrever o mesmo cenário ou personagem mais de uma vez, e de formas diferentes e contraditórias. Tipo o prédio que em um capítulo parece o coliseu, e no seguinte vira um castelo de tijolinhos à vista. E é o prédio mais importante da história.

Fica a dica, se isso funcionar pro seu processo de escrita: de 100 em 100 páginas, pare tudo e releia a história, com um olhar de leitor e continuísta de si mesmo. Além de ser fundamental, é muito bom como controle de qualidade: se você continua gostando do que escreveu há 4 anos, provavelmente é porque o material é bom. : )

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O fator cirque du soleil

Tô aqui escrevendo no intervalo do espetáculo do cirque du soleil (tenho 25 minutos pela frente e ninguém com quem comentar). Tava em casa sem fazer nada e meu amigo manda um “tenho um ingresso de 400 reais pro varekai pra HOJE e não posso ir. Quer?”. Não acreditando que era possível fui lá e fiz. Era um dos meus sonhos, e como costuma acontecer pra mim, aqui estou realizando ele, de repente e de graça.

E estou no auge da inspiração (o cenário lembra muito meu livro), querendo dizer umas coisas pra (sobre) a gente.

1.

Do protagonista ao iluminador: tudo tem um esmero lindo. São pessoas que estão no topo da cadeia alimentar onde trabalham. É o que me lembra a Disney. É o que me lembra de revisar meus trabalhos 48 vezes antes de entregar e o que me deixa triste quando vou dormir depois de um dia que eu poderia ter deixado muito melhor (sempre). Um selo de qualidade além da própria expectativa, é disso que tô falando.

2.

Quando você está numa atmosfera impecável assim o público fica mais exigente. Na primeira acrobacia sensacional todo mundo aplaude. Mas as coisas vão ficando tão melhores com o passar do tempo, que vamos nos acostumando – e quando chega o final do show, aquela primeira acrobacia não vale mais nada. Que medo. Em relação à artetrabalhovida, espero não ter entregado minha melhor acrobacia ainda. Por favor, sejam exigentes.

3.

Mas acho que o mais mais mais incrível das cenas do cirque é que elas são feitas por gente que nasceu no pé de igualdade com a gente. Como eu e (espero) você, também vieram com duas pernas, dois braços e uma cabeça. Ou seja, pouca coisa impedia a gente de fazer com essas pernas e braços o que eles fazem – exceto, talvez, a cabeça.

É por isso que sempre valorizei esporte, alongamento e, agora mais que nunca, dança. Acho triste a gente limitar um instrumento tão legal a andar, sentar e deitar.

O que me separa dessa pessoa absurda aqui no palco é, basicamente, anos de treino e algumas escolhas.

E muita disciplina.

O que me lembra outra coisa: o se esforçar pra fazer o melhor do melhor. Ninguém nasce bom, e todo mundo nasce especial. Se você não quer ser ninguém nem todo mundo, tem que sair daqui da plateia, onde você só tem chance de aplaudir, admirar ou reclamar, e ir lá ralar nos bastidores. E fazer mais, e deixar de fazer muita coisa.

Já vi gente demais dizer que não consegue fazer (insira algo realmente sensacional aqui) porque não tem grana, ou estudou em colégio público ou não tem tempo. Conversa.

Um dia posso perder tudo, inclusive minha memória junto com tudo o que já aprendi, e virar a mendiga amnésica mais ocupada do mundo. Mas Deus me ajude que eu ao menos tente ser a melhor mendiga amnésica sem tempo do mundo.

Pra ornar:

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meio xiita mesmo

Angry Birds: 30 milhões de usuários ativos

Os jogadores gastam nada menos do que três trilhões de minutos jogando Angry Birds diariamente.

É que eu sou chata e deleto o SimSocial do meu Facebook pra não perder tempo na vida e tenho essa obsessão por FAZER. Mas o que mais poderia estar sendo feito em 3 TRILHÕES de minutos diários coletivos?

Acho que ando meio angry bird na vida. Catapultem-me daqui!

 

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c l a r e a d a

A vida presenteia a gente com coisas lindimais.

Um desses presentes é a Cláu, amiga cuja alma deve ter nascido do ladinho da minha, de mão dada, lá no país onde as almas gêmeas nascem, e que anda me inspirando tanto no quesito VIDA (leia-se ter largado tudo, largado matérias de capa de revistas famosas, e ido estudar ficção científica e fantástica em Liverpool).

Outro presente é a nuvem que o presente-Cláu me recomendou. É um blog livreto cordel poema que me fez respirar melhor e feliz por ver que tem mais gente por aqui na terrinha vivendo com os pés nas nuvens – e escrevendo muito bem.

Obrigada, Nicodamus e Valentina. Vou conhecer mais o universo de vocês e a gente se encontra em breve. : )

Conheça:

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A frase mais verdadeira que puder

“‘não se aborreça. Você sempre escreveu antes e vai escrever agora. Tudo o que tem a fazer é escrever uma frase verdadeira. Escreva a frase mais verdadeira que puder.’ assim, finalmente conseguia escrever uma frase verdadeira e avançava a partir daí. A coisa não era tão difícil, nessa época, porque havia sempre uma frase verdadeira que eu conhecia, tinha lido ou ouvido alguém dizer. Se começasse a escrever rebuscadamente, ou como se estivesse defendendo ou apresentando alguma coisa, percebia logo que podia cortar esses floreados ou ornamentos, jogá-los fora, e começar com a primeira proposição afirmativa verdadeira e simples que tivesse escrito.”
Hemingway

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the days

‘And the days are not full enough’

And the days are not full enough
And the nights are not full enough
And life slips by like a field mouse
Not shaking the grass.

Ezra Pound

Lindo, né?

Não. É o poema que serve como antimodelo pra mim. Vez em quando me reconheço nele, só pra lembrar que é hora de pegar o lápis de cor e deixar cheio o vazio. Porque dias vazios são dias sem vida. Dias sem vida são menos um dia, sem criar nadica de nada (e não tô falando só de criar arte, não).

365 dias não cheios o suficiente são 1 ano vazio. 80 e tantos anos vazios são nada.

Vida que passa como um rato, que não faz mexer a grama é vida que vê a grama do vizinho ficando mais verde, enquanto reclama do tempo, sentadona na varanda.

Ah! E falando em tempo, quando tiverem um tempo, tem essa playlist aqui que fiz sobre a chuva. Fiz dia desses, e começou a chover quando eu estava no meio da confecção. Precisa de mais alguma coisa? : )

Clique para ouvir:

PS: Já olhou pra chuva como se você estivesse vendo ela pela primeira vez?

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coletivo de epifanias é o que?

Gosto dessa palavra, mas às vezes deixo ela banal demais. E se é banal, não é epifania de verdade. Aprendi que epifania não se induz nem se força. Aparece de eras em eras, e quando aparece você muda tanto que ninguém mais te reconhece. E você se reconhece cada vez mais. Eis um trecho do meu livro que fala sobre esses momentos raros na vida que explodem nossas mentes de maneira tão boas : ) – mas sob o ponto de vista da epifania.

Depois, só depois, bem depois que este livro acabar, é que ela vai descobrir, de forma engraçada, que aquela epifania nada mais era que uma daquelas epifanias-filhote que ainda não sabem brincar e que se desprendem do bando, felizinhas e descontroladas, sempre de encontro a alguém desavisado. Coitadas, sem treinamento ou alguém de sensatez que as encaminhe, elas vagam por aí e por aqui e caem por coisa de momento na ideia do tal alguém desavisado. Foi uma dessas que esbarrou na Greta, e ela teria muito futuro se não fosse tão apressada, aquela epifania ansiosa. Greta essa que, àquela altura, estava embasbacada lendo estas palavras tentando entender onde foi que paramos de falar nela e começamos a falar de cardumes de epifanias (ou seriam enxames?).

Ou ainda ramalhetes?

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Cadê esse povo?

Aí meu priminho está fazendo Jornalismo e me pediu pra eu ajudar com um trabalho dele. A pergunta era: “Como é entrar no mercado de Publicidade hoje e quais foram os obstáculos que você enfrentou pra entrar nele?”. Aí eu me empolguei. E respondi, bastante. Vou dividir com vocês como prólogo pra um outro post que quero fazer, que é “Como não pedir emprego”, cheio de exemplos práticos que copiei de uns currículos por aí.

Claro que a resposta é muito baseada na minha vivência e no meu momento (e quando não é?). Se tiverem alguns contrapontos, por favor, me ajudem nos comentários. Tô curiosa : )

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Oie! : ) Vamos lá, só pra contextualizar. Eu me formei em 2008, e trabalho na área desde 2007, sou redatora. Então sei responder principalmente sobre o mercado de criação.

O que acontece hoje: na época que fiz faculdade, já percebia que muitos professores estão ficando atrasados em relação ao mercado. Na Cásper, onde estudei, eu aprendia coisa demais sobre a publicidade de revista e jornal e muito pouco sobre o mundo digital – que ironicamente, era por onde a maioria dos alunos formados estava entrando pra trabalhar. Ou seja, não sei se isso mudou em 4 anos, mas nos idos de 2005 a 2008, as faculdades ainda preparavam alunos pra um mercado que não existe mais. É a molecada que tem que ir atrás do que está acontecendo de novidade e se preparar.

Eu, pessoalmente, decidi que ia começar a trabalhar no começo do terceiro ano de faculdade, e achei ideal: passei 2 anos caprichando pra caramba nos trabalhos e me dedicando à teoria, e os últimos anos de facul entendendo o mundo real. Mas foi bem difícil achar um emprego legal, principalmente porque eu não sabia o que queria!

Na faculdade, você aprende que pra conseguir um emprego em criação em publicidade, precisa ter uma coisa chamada “pasta” – que já é uma coisa atiga por si só. Uma “pasta”é um portfifólio, que você carrega por aí, cheio de anúncios de mentira que você criou – se vc quer trabalhar com direção de arte, faz uns layouts legais no Photoshop – se quer trabalhar com redação, faz uns anúncios com sacadinhas engraçadas. E te dizer: nunca fui boa de sacadinhas. E achava que não gostava de redação publicitária, porque achava que devia ser um saco ficar sentada escrevendo e pensando em piadinhas. Então nunca tive uma pasta.

O que rolou? Vários amigos começaram a trabalhar em agências boas, tradicionais – a maioria em outras áreas mais fáceis de conseguir emprego, por indicação ou por anúncios na faculdade – e alguns conseguiram entrar em criação, porque eram muito bons de sacadinhas. E eu lá, falando que odiava agência de propaganda, sem saber onde bater.

E esse é um momento delicado, que você tem que ter muito foco. Acho que não é hora de pegar qualquer coisa no desespero e continuar lá, não. Porque está cheio de agência furreca por aí, agência ruim, mesmo, que contrata qualquer um – e uma vez lá dentro, você pode amargar um futuro de agências ruins. É muito mais fácil começar numa agência boa e ir melhorando do que começar numa agência ruim e ficar achando que você é bom na coisa, quando não é, e dificilmente vai conseguir sair de uma dessas.

Aí, passei por 2 estágios xaropes antes de entrar numa agência muito bacana em uma área na qual eu me encaixava perfeitamente – e nem sabia que existia (guerrilha e social media)! Foi uma amiga da faculdade que me indicou lá, e ela lembrou de mim pra vaga basicamente porque ela conhecia meus blogs e várias outras coisas que eu fazia on-line, e que, pra essa área, eram um portifólio muito mais legal que a tal da antiquada pasta. Quando fui ser entrevistada lá (por algumas das pessoas mais geniais que eu conhecia na época), eles me disseram isso: eu não sabia tanto de publicidade, mas tinha tanta referência de artes e tantos projetos meus que demonstrava  levar jeito pra coisa. E fui levando: uma vez dentro do mercado, você vai fazendo contatos e é muito mais fácil continuar lá dentro. Claro que a gente passa por umas fases pessoais de crise, muita gente com mais talento que você, gente que pegou o jeito de criar e te desbanca numa reunião de brainstorm, mas isso vai passando conforme você vai pegando segurança, inclusive pra assumir quando você não está sendo criativo o suficiente.

E aqui vai uma dica de quem está do outro lado agora: recebo zilhões de currículos muito ruins hoje de gente que está fazendo faculdade. Eles têm um monte de cursos, mas não fazem nada além disso, nenhum projeto pessoal, nada. Eu nem olho que faculdade fizeram. Vou direto à procura de algum link pro youtube, twitter, blog, algum projetinho na web, e nem sempre encontro. E, poxa, está tão fácil pelo menos tentar ser bom hoje! Portfólio de quem trabalha com criação não é mais anúncio, nem precisa ter a ver com publicidade. É bom, mas ter talento em várias áreas anda sendo mais importante: prefiro quem tem balé contemporâneo e uma produtora própria de bandas no currículo do que quem fez o curso de social media mais caro da ESPM, mas não sabe lidar com gente na vida real. : ) Claro que estou falando isso do ponto de vista de alguém que trabalha com publicidade digital em uma agência mais moderninha que as tradicionais, mas acho que vale pra tudo.

Como em muitas áreas, não é o mercado publicitário que está difícil. Pelo contrário: estamos cada vez mais à procura de uma molecada criativa, principalmente na área da internet, mas está difícil encontrar gente que tenha interesse e talento para se desenvolver pessoalmente, sem pensar só em conseguir emprego. Como disse, só consegui ingressar na área porque já tinha um bom blog desde a oitava série, antes de sequer sonhar em procurar emprego em publicidade. : ) Cadê esse povo?

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