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O fator cirque du soleil

Tô aqui escrevendo no intervalo do espetáculo do cirque du soleil (tenho 25 minutos pela frente e ninguém com quem comentar). Tava em casa sem fazer nada e meu amigo manda um “tenho um ingresso de 400 reais pro varekai pra HOJE e não posso ir. Quer?”. Não acreditando que era possível fui lá e fiz. Era um dos meus sonhos, e como costuma acontecer pra mim, aqui estou realizando ele, de repente e de graça.

E estou no auge da inspiração (o cenário lembra muito meu livro), querendo dizer umas coisas pra (sobre) a gente.

1.

Do protagonista ao iluminador: tudo tem um esmero lindo. São pessoas que estão no topo da cadeia alimentar onde trabalham. É o que me lembra a Disney. É o que me lembra de revisar meus trabalhos 48 vezes antes de entregar e o que me deixa triste quando vou dormir depois de um dia que eu poderia ter deixado muito melhor (sempre). Um selo de qualidade além da própria expectativa, é disso que tô falando.

2.

Quando você está numa atmosfera impecável assim o público fica mais exigente. Na primeira acrobacia sensacional todo mundo aplaude. Mas as coisas vão ficando tão melhores com o passar do tempo, que vamos nos acostumando – e quando chega o final do show, aquela primeira acrobacia não vale mais nada. Que medo. Em relação à artetrabalhovida, espero não ter entregado minha melhor acrobacia ainda. Por favor, sejam exigentes.

3.

Mas acho que o mais mais mais incrível das cenas do cirque é que elas são feitas por gente que nasceu no pé de igualdade com a gente. Como eu e (espero) você, também vieram com duas pernas, dois braços e uma cabeça. Ou seja, pouca coisa impedia a gente de fazer com essas pernas e braços o que eles fazem – exceto, talvez, a cabeça.

É por isso que sempre valorizei esporte, alongamento e, agora mais que nunca, dança. Acho triste a gente limitar um instrumento tão legal a andar, sentar e deitar.

O que me separa dessa pessoa absurda aqui no palco é, basicamente, anos de treino e algumas escolhas.

E muita disciplina.

O que me lembra outra coisa: o se esforçar pra fazer o melhor do melhor. Ninguém nasce bom, e todo mundo nasce especial. Se você não quer ser ninguém nem todo mundo, tem que sair daqui da plateia, onde você só tem chance de aplaudir, admirar ou reclamar, e ir lá ralar nos bastidores. E fazer mais, e deixar de fazer muita coisa.

Já vi gente demais dizer que não consegue fazer (insira algo realmente sensacional aqui) porque não tem grana, ou estudou em colégio público ou não tem tempo. Conversa.

Um dia posso perder tudo, inclusive minha memória junto com tudo o que já aprendi, e virar a mendiga amnésica mais ocupada do mundo. Mas Deus me ajude que eu ao menos tente ser a melhor mendiga amnésica sem tempo do mundo.

Pra ornar:

1 Comment

  • Kadu
    Posted 24 de outubro de 2011 at 10:22

    Pois é. Eu caí nas graças do Cirque du Soleil de graça assim como você uma vez (tem pelo menos uns cinco anos). E passei pelo mesmo sentimento de estupefação e revisão de valores que você. Talvez eu não tenha feito tão mais da vida o quanto eu gostaria, mas posso dizer que já fiz bem mais do que eu esperava na época.

    (claro, não foi unicamente por causa do Cirque, mas por uma série de outros fatores tb que rolou essa mudança de perspectiva da vida, mas o que eu quero dizer é que entendo bem a sensação que vc teve vendo o Varekai).

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