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casa

21 dias longe de casa, visitando a casa dos pais e o país que chamei de casa por uns 30 anos. Essa coisa de se sentir em casa mas não se sentir em casa mas se sentir em casa e não se sentir em casa e sentir-se casa é especial. É uma coisa meio episódio de Twilight Zone, meio além da imaginação.

Aí cheguei assobiando umas tantas canções de Simon & Garfunkel e com vontade de escrever sobre casa. Sobre casa ser o cheiro que eu escolhi e que ela escolheu junto ao meu guarda roupa, aquela mistura do meu amaciante, do meu sabão de roupa, do meu shampoo, meu sabonete, meu perfume, meus produtos de limpeza, meus, meu, eu. Casa é também minha maquiagem completa, meu guarda roupa completo, sem precisar fazer as contas de quantos vou lavar. Casa é minha geladeira, organizada do meu jeito, sem potinhos misteriosos, com os temperos que eu acredito. Casa é minha hortinha que me esperou na minha vizinha. Casa é meu colchão que pula demais e todas as suas falhas, é aquela gaveta que sempre emperra, aquela fechadura que só a gente sabe abrir e fechar, aquele trinco que tem o tranco certo. Casa são os barulhos da clínica pediátrica aqui na frente, dos passos dos vizinhos, dos horários que já conheço. Casa é minha padaria, minha manicure, minha barraca de feira, as regras que eu conheço no espaço que Deus me deu e que eu ajudei a escolher.

E na viagem eu ganhei uma carteira nova. Que carteira também tem um tanto de casa, né? Os papéizinhos que se guarda (apesar de eu não guardá-los tantos), os louros (eu também não os tenho)… tá, as coisinhas em geral. Na verdade, o que tenho além do básico, na carteira, é uma figurinha, um cromo do Walt Disney com a Sininho. Eu, protestante sem muita reverência a santos (são tantos!), apelidei o meu Walt Disney de “meu santinho”. Coloquei esse santinho na minha carteira uma vez. E ele foi mudando, de carteira em carteira. Nessa última mudança de carteira parei pra olhar pra ele. E percebi o quanto ele está velhinho. Se minhas contas batem, eu carrego esse Disney na minha carteira desde 2003, ano em que eu colecionei o álbum O Mundo Mágico Disney. Era a figurinha número 1. Eu amo álbuns de figurinhas e amo figurinhas número 1. E achei graça. Imagina você, eu carregar o meu santinho irônico há quase 20 anos!

A verdade é que tem nada de irônico nisso, não. Senhor Walt Disney segue me inspirando e essa figurinha ali, ao lado dos meus trocados, sempre me lembra que sonho vale muito.

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