Tem vezes que acho que faço o curso errado. Teoricamente, como publicitária em treinamento, eu deveria 1. saber querer convencer as pessoas e 2. vender meu peixe muito bem.
Porém, numa discussão, posso ter certeza do que acredito, mas digo uma vez e nem faço assim tanta questão de que a pessoa do outro lado tenha essa mesma certeza. Tanto faz, desde que ela seja minha certeza. Posso adorar uma coisa e o máximo que eu posso dizer é um “eu amo isso” ou, muito na brincadeira, me fingir de chocada quando vejo que alguém não gosta da mesma coisa que eu. Posso ler alguma coisa minha e até achar legal, mas não tenho nem de longe autoconfiança, sempre achando que ficou ruim, e sempre menosprezando minhas coisas pros outros. Tenho raiva admiro as muitas gentes que enchem a boca ao falar de seus trabalhos, nem sempre é coisa genial, muitas vezes é mediana, mas a pessoa sabe vender.
É gente que não faz bolachinhas, faz biscoitos suíços. É gente que não amassa canudinhos e cola na argila, faz arte conceitual. É gente que não desenha mal, tem estilo pessoal. É tudo uma questão de florear as palavras e saber impor uma aura de segurança.
E eu, nada. Sou tímida que nem um bichinho do mato. Minha auto-estima criativa é uma vergonha. E se falo um pouquinho, já achei que me “achei”. Quer ver eu morrer é alguém ler alto algo meu, quer ver eu travar é alguém ficar do meu lado me vendo escrever ou desenhar.
Esquisito é que quando preciso fazer alguma apresentação, tipo trabalhos, teatro, tocar em público, coisas assim, eu fico super tranqüila. Já falei num palco pra umas 300 pessoas, e até pouco tempo tocava órgão na frente de centenas de gentes, e é a coisa mais fácil do mundo.
Agora me ponha na frente de 2 pessoas pra ler alto alguma coisa que fui eu que fiz sozinha. Já era.
Isso tudo foi pra dizer que não tenho coragem de divulgar minhas coisas. Fico feliz que arranjo leitores, amigos e afins (olha o medo da arrogância novamente) mesmo fugindo desesperadamente de falar sobre o assunto com as pessoas. Imagino que se eu soubesse vender meu peixe talvez hoje eu já fosse ditadora mundial, uma escritora famosa ou no mínimo uma criatura muito relevante na blogosfera.
Ou não. Os textos nem são grande coisa mesmo. *sai correndo*