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Pra falar a verdade, são dois bebês

Não gente, calma. Não terei gêmeos.

Mas é verdade: tenho dois bebês. Um é minha filha que está pra nascer. O outro é um outro bebê que também ainda não nasceu, embora seja mais velho que a filha que vem aí.

Pausa para que vocês não entendam, levem um susto, achem que estou falando em algo espiritual ou que, sei lá, eu finalmente enlouqueci.

Nada disso.

Estou falando do meu livro. Meu livro, que é quase como um bebê que venho gestando há quase 20 anos. 🙂

Fato é que a vida, o cosmos, eu e tudo mais acabamos fazendo com que os aguardados nascimentos de ambos (o filho-livro e a filha-filha) acabem culminando no mesmo período. O que quer dizer que sim, estou no fim de duas gestações ao mesmo tempo. O que quer dizer que muito em breve eu terei condições de finalmente cumprir o objetivo final desse blog (criado há 10 anos atrás), que era o de um dia poder virar escritora, correr atrás dessa vida, meu verdadeiro sonho, meu chamado. Me apresentar como Francine Guilen, escritora.

E vai ver é por isso que… confesso que ando mais apavorada com o filho-livro que com a filha-filha. Sim senhores. O nascimento do livro me tira mais a minha paz que o nascimento da pequena Rebeca. E já explico para vocês aí atrás que já estão procurando a caixa de comentários desse post e preparando os dedinhos para escrever algo como “QUE ABSUURRRRRRRRDO VÁ BUSCAR JESUS”. Não, seus malucos, o caso é simples: a filha é biologia, é natureza, é Deus, eu sei que ela vem. Ela vai nascer, eu me sentindo pronta ou não. As coisas estão fluindo, estou segura, estou bem. Eu sei que vou amá-la. Eu sei que de um jeito ou de outro ela vai dar um jeito de nascer. Afinal, bebês foram projetados para sair de dentro das mães. Bebês vêm. E ainda contam com a ajuda das pessoas ao redor para que tudo esteja lindo. É orgânico. Bebês acontecem.

Mas os livros? Acontecem?

Não. O livro não acontece. Ele depende 100% de mim, a força é toda minha, a responsabilidade é coisa minha. E não, com o livro, não tenho como pedir para meu marido “me ajudar a cuidar desse parágrafo por algumas horinhas enquanto saio pra fazer as unhas”. Minha mãe não vai viajar do interior até aqui só pra me ajudar a trocar as páginas sujas do livro. O livro não vai fazer o menor esforço para nascer sozinho. Livro é assim: ou eu faço ele nascer ou ele não nasce. Pronto. O pior? Nem sei se depois de todos esses quase 20 anos de gestação eu vou chegar a amá-lo.

Nesse clima de confissão, aproveito pra dividir que faz 20 dias que eu me permiti começar minha licença maternidade, a licença maternidade-sabático de 6 meses que eu me dei de presente para ESCREVER O LIVRO, para parir esse outro filhinho.

E eu travei.

Há 1 ano, eu comecei o processo de reler o livro, há 1 ano estou arrumando graves problemas estruturais dele (o que realmente tem se mostrado super necessário). Até aí, maravilha.

Há poucos meses, fiz um quadro com post-its que está aqui pendurado na parede, colado por meio de fitas-crepe. Quase chorei de felicidade e orgulho quando terminei esse quadro. Um quadro completinho, que narra passo a passo o que eu tenho que escrever para esse livro nascer.

Mas aí, todo final do dia, olho para o quadro, o quadro olha pra mim (até já está meio rasgado, pelo vento e pelo tempo) e percebo que mais um dia se passou sem que eu escrevesse o livro.

Fato é que estou evitando meu livro.

Será que é medo de ser mãe de dois bebês ao mesmo tempo?

Será que é sem-vergonhice?

Será que será que será?

1 Comment

  • Cláu
    Posted 27 de dezembro de 2017 at 09:25

    o outro bebê também vai receber cuidado, baby. de beta readers (eu eu eu me escolhe me escolhe), editores, agente literária. bota no mundo que ele vai ser muito amado, miga <3

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