Francine,
Qual é sua opinião sobre a política atual? Do Brasil, do Cazaquistão, do Trump, do Macron? Mais alinhada à esquerda, mais à direita, mais centralizada ou justificada?
Qual a sua opinião sobre parto? Normal, cesárea, humanizado, de pé, de costas, plantando bananeira?
E o abrigo para moradores de rua que abriu ao lado da sua casa? É bom? É ruim? Pra quem? Pra mim?
O filme que você viu ontem, quantas estrelas ele vale? Esse livro na sua mão, qual a sua opinião?
Aquela matéria no jornal, compartilhei com você, você leu? Então me diz, o que foi que você achou? No contexto geral, relacionando com a história do mundo, do universo, sua experiência de vida ou num recorte políticopsicológicoeconômicossocial específico?
O que você acha sobre o feminismo, o niilismo, o socialismo, o protestantismo, o ir pra frente, o ir pra trás, o verde, o vermelho, o branco, o preto, o roxo, o rosa, o céu, o chão, o post, o poste?
Eu não acho nada.
Na verdade, eu acho…
Eu acho que o sol nasce e se põe todos os dias pontualmente há milhões e milhões de anos e nunca me emitiu uma opinião sequer. E ele é lindo, ele é importante, ele é tão mais importante que tudo isso. E tá aí, sendo.
Eu acho que é preciso pensar menos na vida, no mundo, nas pessoas.
E sentir mais a vida, o mundo, as pessoas.
Eu acho que assim quem sabe até pode nascer uma opinião ou outra, que elas são legais, mas assim, sem pressa. Assim, sem pressa, sem aquela precisão de decidir logo o que se acha pra dar tempo de compartilhar logo.
Assim, quem sabe, a gente nem crie mais tanto problema pra ter que opinar a respeito deles daqui a pouco.
Assim, de leve, ir vivendo e deixando a vida sacudir e sedimentar, sacudir e sedimentar, que é assim que a vida vive.