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depressão

Tive depressão quando tinha 9 anos de idade.

Isso, começa trágico assim mesmo (paciência, nasci depois de 85, e todo mundo que surgiu de lá pra cá veio com defeito de fábrica). E marcou, marcou fundo, alguns monstros me acompanham até hoje e esse episódio me faz lembrar da minha infância com um sombreado incômodo.

A danada voltou em 2010 (e recentemente tem vindo querer tirar satisfações comigo de novo), mas felizmente, tem vindo mais de leve nessas últimas vezes. Afinal, hoje conto com a ajuda de uma ótima psicóloga, um ótimo homeopata, um bom remédio e um apoio familiar e espiritual verdadeiro e maravilhoso. E mais: aprendi a sentir os primeiros sintomas físicos da depressão e desenvolvi uma maleta de primeiros socorros mental das boas.

É que depressão é uma doença horrorosa. Todas são, eu sei. Mas essa aí chega pra inverter tudo. Ela geralmente é física, mas confunde a cabeça, embota o espírito, embolora a vontade e precisa do acompanhamento de um remédio caríssimo e difícil de encontrar: você mesmo. Porque por mais que outros fatores amenizem a dor, a jornada pra sair desse quadro é uma jornada solitária. A maioria das tarefas é você, sozinho, que tem que cumprir (incluindo aí a difícil tarefa de buscar ajuda).

E quando os sintomas são você, é difícil que eles desapareçam sem querer te levar junto.

– – –

Essa introdução veio pra contextualizar uma conclusão.

É que passar por  esses momentos ruins, junto comigo, me fez eu. Me faz eu. Tudo isso me faz acreditar cada vez mais na felicidade e valorizar a ALEGRIA, A L E G R I A, assim, em Caps Lock. Eu estou aqui pra isso, pra fazer os outros rirem. Pra me fazer rir. E mostrar as coisas absurdamente lindas do mundo para mim e para o mundo.

Não, não concordo com a banalização das crises na vida. Não acho cool ser triste ou importante sentar numa mesa e passar horas discutindo a dificuldade do teorema da existência. Não é preciso ser perturbado para ser um bom artista. Não é engraçado dizer que sua vida é vazia como uma garrafa de vodka no fim da noite. Não sou escritora de passar o domingo olhando pela janela, melancólica, discutindo Sartre com um gato manco, enquanto penso na maneira mais filosófica de me jogar no quintal do vizinho. E por mais que se esforcem para me vender tudo isso como poesia, eu não compro essa poesia.

Porque já passei por esses versos. Sei como é você não entender porque todos os seus amiguinhos de 9 anos estão brincando enquanto você está no quarto, com medo. Sei o poder de atração que andar olhando pra baixo tem. É irresistível. E sei como, antes de virar uma boa música, o desespero, de verdade, não é rock’n’roll. Ele desespera.

É por isso que quero compor músicas profundas, sorrindo.

Por viver esa postura já fui chamada de alienada, já fui julgada, surrada, amordaçada, revirada. Mas continuo, empolgada.

O mundo é feio? É horroroso. Tão horroroso que não dá a mínima para o seu inconformismo. É por isso que quem tem que dar a mínima, no mínimo, é você. Se tratar com um papo sério, sem se levar a sério e se levando cada vez mais a sério. A vida é você com você mesmo.

Como eu disse, a jornada é solitária.

Mas pode ser divertidíssima.

É isso. Eu poderia escrever um livro com o tema desse post.

Na verdade, já estou escrevendo. : )

 

 

E se gosta de curtir a vida, curte uma palitagem aqui no Facebook 🙂

4 Comments

  • Vitor Vieira (@videvieira)
    Posted 4 de abril de 2012 at 11:52

    Me identifiquei =)
    Na verdade, o que me ajudou foi começar a entender que vida e existência são coisas diferentes. A vida acontece sem o seu consentimento enquanto você existe. Já existir é uma ação totalmente sua e que não depende de mais nada e nem ninguém.

    E a verdade, eu penso, é que vida e existência só se encontram na vida e na morte. Ou seja, fuck the life!

  • Cláu
    Posted 4 de abril de 2012 at 16:03

    Caramba, meu.
    Achei que não podia ser mais sua fã, ter mais orgulho de você e te achar mais corajosa do que eu já acho. Só pelo fato de você, Franzita, ser uma das pessoas mais incríveis que eu conheço, eu tomei a liberdade de presumir que conhecia os coelhos dessa cartola por nome e sobrenome. Mas eis que vem esse texto madurão, sério, leve, sorridente e PUXA VIDA

    Me enganei. 🙂 (E acho o máximo.)

    Nem sei o que falar. Só que tenho baita orgulho de você, de ser sua amiga, das suas metas, do seu jeito de ver o mundo e de entendê-lo um bocadinho.

    Essa poesia eu compro. :”)

  • Carol Guilen
    Posted 4 de abril de 2012 at 20:31

    Fran, acho que são poucos aqueles que falam deste tema com a franqueza que vc descreveu aqui no seu post. Essa é uma forma bem equilibrada e madura de lidar com muitos fantasmas que aparecem e nos pregam peça diariamente.
    Parabéns, está valendo linha por linha todo seu esforço em tirar mais gestos bonitos prá uma vida divertida e nao se deixar levar pela loucura e artificialidade q o mundo oferece.
    Com todo o carinho que vc merece,
    mami
    Lu

  • Trackback: Mais autoajudinhas | palitos de fósforo

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