“… o moralista, o próprio filósofo só querem ver o criminoso: refazem o mal à imagem e semelhança do homem. Não têm ideia alguma sobre o mal em si, essa enorme aspiração do vazio, do nada. Porque se nossa espécie deve perecer, perecerá de repugnância, de tédio. A pessoa humana terá sido roída, lentamente, como uma trave, por esses cogumelos invisíveis, que, em algumas semanas, transformam um pedaço de carvalho em uma matéria esponjosa onde se pode enfiar o dedo, sem esforço. E o moralista discutirá paixões, o homem de Estado multiplicará guardas e funcionários, o educador redigirá programas – gastar-se-ão tesouros para trabalhar, em vão, sobre uma massa já sem fermento.
(Veja, por exemplo, essas guerras generalizadas que parecem denotar uma atividade prodigiosa do homem, quando, ao contrário, não revelam mais que sua apatia crescente…)”
Georges Bernanos, Diário de um Pároco de Aldeia