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e eu nem lembrava disso!

Continuando nas minhas catanças, encontrei um presente que fiz para uma amiga em 2007. Era uma caixa com uma lâmpada, um punhado de café, um CD, várias fichas com sugestões e o manual de instruções transcrito aqui. 2012, estejas pronto para mais presentes assim. : )

MANUAL DE INSTRUÇÕES

Parabéns! Você acaba de ganhar os ingredientes para ter a sua própria Epifania®. Em breve, seguindo esse manual de instruções direitinho, você pode ser a feliz proprietária de uma Epifania®! Para isso, porém, é preciso fazê-la nascer e depois manter a danada viva. Epifanias® são um espécime raro, em extinção e um tanto delicados, exigentes pra chuchu. Para ficarem vivas por mais tempo que seu segundo inicial, precisam ser mantidas em um ambiente específico e alimentadas com uma ração especial, além de outras regalias e regras que só elas entendem. Estes são os 7 passos para o sucesso para uma Epifania® feliz:

Passo 1: retire sua Epifania® de dentro de sua caixinha-incubadora. Você saberá se ela está viva quando sua luz estiver acesa.

Passo 2: desembale a maçã. Siga os passos de Isaac Newton e faça-a cair sobre a sua cabeça. Porém, é importante que a maçã caia sem querer. Assim nascem as Epifanias®. Você não pode estar esperando, e tentar fazer com que ela aconteça sem querer pode apenas complicar as coisas. Dica: deixe a maçã em algum lugar alto de sua casa onde ela possa cair sobre sua cabeça a qualquer momento.

Passo 3: diariamente sorteie alguma ficha presente na caixa de idéias. Assim que você tiver despertado a Epifania®, o próximo passo é alimentá-la. A caixinha de idéias é a caixa de ração desse seu novo bichinho de estimação. Seu prato preferido é quase qualquer coisa que tenha idéias, seja em filmes, músicas ou textos. Porém, tome cuidado. Textos do Orkut em demasia contêm toxinas e podem matá-la a qualquer instante.

Passo 4: é importante que você não desista no meio dos Passos. É provável que sua cabeça esteja doendo com a batida da maçã e o sono te invadiu depois de ter lido a caixinha com idéias. Para se manter acordada e sem vontade de voltar à vida pré-Epifânica, sinta-se à vontade e sirva-se de muita cafeína. Ou qualquer coisa equivalente.

Passo 5: retire o CD da caixinha, e o coloque em um tocador de músicas (o lado brilhante fica para baixo). Saia pela casa dançando, enquanto faz faxina. O habitat natural das Epifanias® é um lugar muito agradável e cheio de músicas felizes. Se um dia sua Epifania parecer um pouco adoentada e desanimada, você vai ver como ela parecerá mais feliz ao ouvir determinadas músicas. Mesmo que você talvez não goste do estilo musical das ditas-cujas, sua criação vai gostar que você leia as letras para entendê-las melhor.

Passo 6 E MAIS IMPORTANTE: olhe para sua Epifania®. Ela parece viva ou ainda parece estar apagada? Se ela continuar apagada, aí entra a regra de ouro das criações de Epifania®: A IDÉIA IDIOTA. Idéias idiotas nascem com mais constância que as Epifanias®, mas as pessoas raramente dão tanto valor pra elas. Quando associadas à Epifania®, elas podem fazer maravilhas. Quando você presta atenção na idéia idiota, você mais tarde pensa: “Puxa vida, como é que não pensei nisso antes?”. Esse inclusive é o melhor slogan para toda e qualquer Epifania®. No caso, a idéia idiota que você não pensou antes é simples. Para colocar a Epifania® em funcionamento, basta uma simples e última coisa: ligar a lâmpada na tomada.

– só lembrando que na falta de lâmpadas, palitos sempre resolvem : )

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o homem que socializava demais

Fazendo uma limpeza das boas no HD do meu macbuquinho, estou aqui lendo textos antigos, da época em que eu tinha o Pargarávio e. E eu era legal. O passado não exclui o presente, mas no passado posso dizer sem medo de parecer chatinha: eu era legal. Encontrei uma crônica daqueles tempos (mais precisamente de uma

Quinta-feira, Abril 19, 2007)

O Homem que Socializava Demais

Aconteceu num dia, foi de repente, assim tão de repente que parecia até coisa da Clarice Lispector. Ele tinha acordado meio Calvino aquele dia, e sabia que alguma coisa de muito inconveniente resultaria desse fato. Foi mais ou menos (um pouco mais do que menos) quando ele entrou no ônibus e viu aquele senhor puxando a cordinha pra avisar o motorista. Aquela cordinha, aquela cordinha puída e insignificante foi o estopim para o início do momento epifânico, que se fosse escrito pela Clarice daria meio que um livro inteiro, daqueles bem cheios de aaaahs e oooooohs e inclusive protagonizaria uma cena de luxúria e um suicídio, ao mesmo tempo (teria até gente se enforcando na cordinha, coisa feia de se ver). Mas como não sou Clarice (e agradeço aos céus a cada dia por isso), só vou dizer que

Oh – pensou o homem em um pensamento monossilábico. E ele olhou em volta e viu quanta gente tinha em volta dele. E ele percebeu que todas as pessoas eram pessoas. E que todas as pessoas (que eram pessoas) tinham algo a dizer pra ele. Que se ele tivesse nascido no bairro vizinho, provavelmente seria o melhor amigo do motorista do ônibus, e que nada ou pouca coisa impediria de que aquela simpática velhota babando no banco de trás fosse sua sogra.

Então ele pensou em um universo em crise em que ele conhecesse todo mundo. Seria tão mais fácil, e ele teria as chances e as oportunidades em dobro, em triplo, em quádruplo, em pentágonuplo. Só conhecendo todas as pessoas do mundo ele seria capaz de saber tudo o que a vida poderia lhe oferecer. Ele não imaginaria mais como seria seu futuro se ele fosse amigo da menina de óculos que andava na calçada do outro lado da avenida. Era só chegar lá, e fazer o futuro acontecer fora da imaginação dele. E ele começou sua estratégia. Entrava e dava oi. Pra todos. Cumprimentava com beijinho, se apresentava, dava cartão de visita. No começo, falava do tempo, comentava sobre a política e o futebol, mas a prática foi tamanha que ele era capaz de saber o assunto preferido de seu mais novo conhecido antes mesmo de cumprimentá-lo. E foi. E o trabalho foi ficando cada vez mais prático. Quanto mais gente ele conhecia, mais eles lhe apresentavam seus amigos, que apresentavam seus amigos, que apresentavam seus amigos.

Muitas vezes, em sua primeira aproximação, as pessoas se espezinhavam e a polícia era chamada. Mas ele conhecia todo o corpo de polícia. Tudo acabava em um jantar numa pizzaria próxima. De graça, porque ele era amigo do dono.

E era chamado pra festas, e nas festas conhecia todo mundo. E no ônibus conhecia todo mundo. E na sua casa, é, na sua casa também. Nas ruas, nem andava mais, tendo que parar pra cumprimentar todo mundo. E pra lembrar as datas e as preferências de cada um, foi tabulando em livros e HDs, tem hoje uma biblioteca muito completa em casa. Ele até conhece você, acredite. E como ele sofria ao cubo com as mesquinharias de amizades e relacionamentos, mas como ele se divertia. Se divertia e se divertia.

Certa vez perguntaram pra ele o que ele vai fazer quando conhecer todas as pessoas.
– Provavelmente vou me convencer de que elas são tão parecidas comigo, mas tão parecidas, todas elas, que vou achar mais divertido comprar uma cabra. Agora me dê licença, porque preciso visitar 5 mil crianças que estão nascendo hoje. Cada nascimento é um novo contato, é um trabalho sem fim.

 

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planos pra abraçar a chuva

Write the book that feels urgent to you, that feels like a contribution. Why else do it?

Deb Olin Unferth

 

Desenvolvi uma receita pra feriados esquisitos de meio de semana (ou pra vida, que muitas vezes fica com aquele jeitão de feriado esquisito de meio de semana, sem emenda alguma).

É fazer tudo o que na minha cabeça está sendo empurrado pra depois. É ficar cheirosa, tomar café da manhã com cara de almoço na minha doceria favorita, ouvindo músicas da década de 20 e escrever e escrever e escrever. Fiz esse teste dia desses e rendi bastante. Não é porque eu “parei” com o NaNoWriMo (porque estava me dando taquicardia de ansiedade todo fim de dia – juro!) que parei de querer escrever bastante esse mês.

E se tudo der certo, hoje também vou pegar os filmes da minha viagem do ano passado e fazer uma edição bem legal. E que horas eu paro pra pensar em besteira ou no quanto de coisa que não tem ido como eu esperava? Na hora que eu parar de gostar da chuva.

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Ratatouille

É tão lindo. Estou sendo “perseguida” por Paris e histórias que dizem claramente pra você ser feliz com seu verdadeiro talento.

Gato toma leite, rato come queijo e eu escrevo.

E tô aqui vendo o remy, enquanto janto um dos pratos mais gostosos que já fiz! : ) – medalhão de filé mignon na mostarda, salada de escarola, radichio e alface e risoto de queijo com azeitona.

Feliz noite pra quem é de feliz noite.

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The Hidden World of Girls

Não existe “todas as mulheres são”, não existe “nenhuma mulher é”. 7 bilhões de pessoas no mundo é muita gente. E cada um(a) de nós tem seu valor e seu mundo muito maior do que nós mesmo(a)s pensamos. Sem a ideia de que toda mulher ou é a faz-tudo bem resolvida da propaganda de absorvente (“para uma mulher que é muitas”zzzzzzzzzzzzzzZZZZ) ou é esmagada por dogmas culturais (odeio esse termo).

Ouça esse podcast e tente não sorrir ou se emocionar. Sem clichê de gênero, de emoção, de religião, de estado civil ou de cultura, é um programa de 1 hora de duração apresentado pela Tina Fey, com várias mulheres contando suas histórias de vida. De viúvas russas que cantam Beatles a muçulmanas que correm de carro, a uma menina que criou um projeto com velhinhas na prisão: entrevistas com garotas e as mulheres que elas viraram.

O que há em comum em todas as histórias é como a criatividade foi o carro propulsor de superação ou de manutenção da felicidade dessas meninas. Inteligente e completamente fora do lugar-comum. Vale ouvir: aqui.

 

 

E o projeto aqui. 

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personalidade de bolso | vota em mim :)

No último feriado, passei o dia fazendo esse vídeo pra um concursinho. Tem essa versão no Vimeo:

 

 

e tem essa, no YouTube:

 

 

Só mudei o tratamento da imagem, mesmo. Fiquei testando a nova ferramenta de edição direto do YouTube e achei uma diversão só.

Quanto ao concurso, se puder votar em mim, serei eternamente grata! Clica aqui pra votar : ) Vale votar quantas vezes quiser!

namastê!

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steal.

Steal like an artist, como diria Austin Kleon.

“Nada é original. Roube de qualquer lugar que pareça inspirador ou preencha sua imaginação. Devore filmes antigos, músicas novas, livros, pinturas, fotografias, poemas, sonhos, conversas aleatórias, arquitetura, pontes, placas de rua, árvores, nuvens, poças d’água, luz e sombras. Escolha roubar apenas do que fala diretamente com sua alma. Se você fizer isso, seu trabalho (e furto) serão autênticos. A autenticidade tem um valor incalculável; a originalidade não existe.  E não se incomode em esconder sua ‘bandidagem’ – celebre ela, se você quiser. Não importa o que aconteça, lembre-se sempre do que Jean Luc Godard disse: ‘Não é daonde você tira suas ideias – é para onde você as leva.”

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NaNoWriMo – 1 a 30 de novembro

Olha, uma das coisas mais legais dos últimos tempos tem sido as trocas de e-mails com a Cláu, cheios de planos e ideias. É dela que vêm saindo algumas descobertas fantásticas, como O NaNoWriMo, National Novel Writing Month, um evento que inspira escritores e aspirantes a escritores a pararem de reclamar e escreverem um livro de 50 mil palavras, do rascunho ao ponto final, em 1 mês.

Esse evento não tem prêmio, mas tem vencedores: todo mundo que conseguir escrever esse tal livro express. Tanto é esse o objetivo que os organizadores nem esperam que dessa experiência nasçam grandes obras primas (embora o famoso Água para Elefantes tenha nascido de uma brincadeira dessas). A graça, mesmo, é o desafio externo pra você sair da inércia, se esforçar e perceber que é capaz. E daí em diante caprichar de verdade.

“Qual é o objetivo? ‘O desafio é uma maneira maravilhosa de expandir a imaginação e soltar a criatividade’, diz o Fundador – Diretor Executivo (e vencedor do NaNoWriMo por 12 vezes) Chris Baty. ‘Quando você escreve prezando pela quantidade em vez da qualidade, acaba conseguindo as duas coisas. Além disso, tem uma bela desculpa pra não precisar lavar louça por um mês’. 

Mais de 650 voluntários regionais em mais de 60 países organizam Write-ins, que reúnem os participantes em cafés, bibliotecas e livrarias. Esses Write-ins servem pra formar um ambiente de apoio e até de uma certa pressão divertida entre os participantes, que funcionam muito bem e transformam o (normalmente) solitário ato de escrever em uma experiência compartilhada. Esse senso de comunidade vai além das páginas, inclusive – tanto que já tivemos dúzias de casamentos e pelo menos seis bebês resultantes do NaNoWriMo através dos anos.”

O jeito que eles tratam a ideia é que é divertido demais. Tem badges pra baixar, projetos com bibliotecas e livrarias de bairro, uma versão pra molecada e uma pra roteiristas e uma festa com comes, bebes, música… e 6 horas de escrita ininterruptas!

Eu estou aqui, feliz por finalmente ter minhas 58 mil palavras escritas em 10 anos e não posso nem sonhar em largá-las por um mês pra começar outras. Mas me inscrevi no grupo brasileiro do NaNoWriMo, que tem quase mil pessoas, e estou super curiosa, esperando ano que vem pra participar! : )

E você? Tudo bem que esse post veio com 5 dias de atraso, mas ainda vale.

CORRE!

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como vai vossa vilania?

Acredito em tudo, e por isso mesmo não acredito em coincidências. Por um conluio de situações, acaba de me bater uma visão importantíssima sobre meu livro. : )

É que cheguei num capítulo bastante delicado: é hora de apresentar o vilão da história. Sim, porque minha história tem um vilão. O processo de criação dele nasceu meio sem sal, mas cresceu: primeiro, eu sabia que tinha que haver um ser meio mau ali dentro, mas não conseguia desenhar a motivação do rapaz. E também queria fugir do comum, puro e simples “quero ser do mal e conquistar o mundo”. Aí, com o tempo, principalmente agora que a razão de ser do meu livro está clara, fui conseguindo desenhar bem, na minha mente, qual é o problema do moço. Consegui enxergar traços dele me incomodando em pessoas reais e, de repente, a motivação dele apareceu muito clara pra mim. De um jeito que agora, consigo ver o vilão do meu livro escondido no dia a dia. E isso é bacana, porque, na hora de escrever, vai me dar vontade genuína de fazer esse personagem perder no fim da história. Destruir os planos dele vai ser uma maneira de representar a minha luta pessoal contra o que eu acredito ser mal sem bater em ninguém na vida real. Útil, né? : )

Chegar aí foi fácil.

Só que, do jeito que andava, transformar minha história em um panfleto chato das minhas ideias também ia ficar fácil demais.

Até 10 minutos atrás, sempre que eu pensava no meu vilão, vinha aquela coisa pesada, bem construída psicologicamente, dramática, até. Aí, hoje é feriado, blábláblá, resolvi almoçar com a TV (morar sozinha tem suas xaropadas), e vi um trecho do coelhinho vilão do Deu a Louca na Chapeuzinho. Nem é um grande personagem, sei. Mas, de repente, TCHOF. Ele me fez sacar uma coisa importante: vilões podem ter construtos psicológicos muito profundos, mas não precisam ser pesados e densos de maneira a virar um buraco negro na história. Meu livro gosta de ser leve, é até bem engraçado, e o meu vilão, do jeito que eu andava imaginando, corria o risco de por tudo a perder.

(olha que metalinguagem!)

Aí decidi: as motivações são as mesmas, mas ele vai ser ENGRAÇADO. Vai passar a minha ideia sem parecer que está dando lição de moral (vou ser muito mais beakman que professor chattoff). Vai ser caricato sem ser maniqueísta. E você vai entender ele e você vai rir dele e você vai odiar ele.

Vai ser um baita exercício! Que vai fazer bem pra saúde dos meus leitores. : )

A foto lá em cima não é à toa. Judge Doom é um vilão que tem as características que falei, e vai ser exemplo pro meu (afinal, pra quem não sabe, o clima do meu livro é bastante Uma Cilada para Roger Rabbit):

Amiguinhos e amiguinhas… é isso!!!

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decisa

Que dúvida sobre se vou ao sapateado ou não. Meu corpo não quer ir, não consigo nem imaginar fazer um triple hoje, dói tudo da garganta ao útero, uma febre tá se contorcendo por aqui, mas não consigo pensar em faltar e perder tudo o que vai ter de novidade na aula hoje. E dançar!

Mas cheguei atrasada e demorei horrores no almoço (acho que desacostumei de almoçar fora e me empolguei no meu waffle quentinho com geleia e mel), e o diretor deu uma reparada razoável no fato. Os jobs estão em dia, no entanto.

Já sei. Se chefe for embora antes da hora do sapateado, vou no sapateado, sapatear minha febre away. Se não, fico aqui até umas horas e vou pra casa des-sapatear (e adiantar umas coisas de organização interna da agência que não estou conseguindo fazer aqui nem tossindo a vaca).

É isso.

Adoro depositar as decisões relativamente bobas da minha vida (alguma decisão é boba? Não acho) em fatores externos.

: )

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