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Três Palitos | Marilúcia Guilen

A proposta da série Três Palitos é mostrar como pessoas das mais diversas áreas lidam com seus processos criativos e ouvir alguns causos inspiradores ao pé do fogo. São 3 perguntas relacionadas à criação respondidas de forma rápida e gostosa de ouvir!

Tá a fim de participar? Manda um e-mail pra mim!

É claro que não ia deixar o dia das mães passar sem uma homenagem à minha mãe. Ela me deu a honra de responder à minha entrevista e derreteu meu coração.

Blog sobre a vida | Blog sobre a cozinha | Supimpa

Artista desde que nasceu, ela já passeou por diversas áreas, explorando tinta, pincel, tecido, isopor, panelas, textos e até um pouquinho de música. Sim, essa eterna criança de 51 anos já fez e faz desenho de moda, festas infantis, quadros premiados em pequenos e grandes salões, ilustração de livros infantis, estamparia de tecidos, estêncil, craft dos bons, sabe tocar teclado, é a melhor cozinheira que conheço, é minha sócia na Supimpa, dona de um ateliê, professora de arte em vários Sescs e agora anda toda blogueira, com o Peripécias da Lu e o Peripécias na Cozinha. Isso tudo sem contar suas maiores criações: eu e minha irmã, que daqui a pouco estará criando um novo membro da família. (: 

1. A INSPIRAÇÃO

  • de situações que vem de fora, vicenciadas no cotidiano. Exemplo disso é a ilustração quando o Brasil perdeu a copa do mundo, em que eu sentia as pessoas na rua com aquela cara de “natureza morta”
  • sob “pressão”, quando surge a necessidade de fazer algo movido por um projeto ou tema. É o caso da ilustração de um conto infantil em que tive que fazer várias ilustrações. A inspiração tem que acontecer, transpirando ou não, e funciona prá mim.
  • De emoções e percepções que vêm de dentro: esta é uma inspiração natural que nasce da inquietação, aflora e toma “corpo” geralmente antes de pegar no sono; quando estou no telefone falando com alguém e rabiscando ao mesmo tempo; e nas minhas anotações quando estou viajando.

2. O BLOQUEIO

Foi quando recebi o primeiro capítulo de um conto infantil que eu iria ilustrar pela primeira vez. Depois de ler o capítulo é que me dei conta da minha tarefa. Entrei em pânico. Deu uma vontade de voltar atrás, desfazer o contrato, mas já era tarde. Texto na mão e o papel em branco na minha frente. Afinal eu tinha que selecionar trechos do texto para transformar em imagem. Daí o bloqueio. Não saía algo que me agradasse. Desenhei e esbocei muito. Processo criativo é criativo e não “copiativo”. Desenhei menina sem nariz, com boca, sem boca, magra, gordinha, com pinta, sem pinta, de todos os jeitos e não chegava a lugar algum. Bastou alguém dizer que em meus esboços as meninas pareciam pessoas da vida real. Eureka!! Bastou isso. Tinha uma gravura minha guardada representando uma menina dos cabelo espetados. Inspirei-me nela depois da crítica e pronto! Adeus bloqueio. Bastou isso para eu criar minha primeira personagem, chamada Lívia. Quando terminei todo o conto, a personagem principal já era minha “filha”, e terminá-lo me pareceu perder uma companhia. Muitas vezes eu me pegava rindo sozinha ao esboçar alguma cena engraçada.

3. O PODER CRIATIVO

Acho que vim ao mundo com uma missão: divertir as pessoas e me divertir com meu trabalho. Acho uma delícia fazer o que gosto e isso passa muita energia positiva para mim e para quem aprecia. É isso, quero que as pessoas continuem se divertindo com meus trabalhos e sintam que a vida pode ser tão leve como uma brincadeira. Eu me divirto!!!

E a gente também, mamãe, te garanto e te amo. Feliz dia das mães. Seu presente está aqui:

Outras faíscas:

Banda GentilezaTrupe Chá de Boldo

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Crianças resenham Radiohead

“Ele não deve ter muitos amigos.”

“Ele vai roubar minha escova de dentes!”

Se você tiver que assistir a uma só coisa essa semana, assista a isso. Sério, uma das coisas mais engraçadas, fofas e concordáveis dos últimos tempos.

É que pediram para algumas crianças ouvirem e opinarem sobre a música Paranoid Android, do Radiohead. Para quem não conhece, aqui vai a letra:

Please could you stop the noise, I’m trying to get some rest
From all the unborn chicken voices in my head
What’s that…? (I may be paranoid, but not an android)
What’s that…? (I may be paranoid, but not an android)

When I am king, you will be first against the wall
With your opinion which is of no consequence at all
What’s that…? (I may be paranoid, but no android)
What’s that…? (I may be paranoid, but no android)

Ambition makes you look pretty ugly
Kicking and squealing gucci little piggy
You don’t remember
You don’t remember
Why don’t you remember my name?
Off with his head, man
Off with his head, man
Why don’t you remember my name?
I guess he does….

Rain down, rain down
Come on rain down on me
From a great height
From a great height… height…
Rain down, rain down
Come on rain down on me
From a great height
From a great height… height…
Rain down, rain down
Come on rain down on me 

TThat’s it, sir
You’re leaving
The crackle of pigskin
The dust and the screaming
The yuppies networking
The panic, the vomit
The panic, the vomit
God loves his children, God loves his children, yeah

E o vídeo cheio de opiniões geniais segue abaixo. É o que acontece quando você coloca sua criação sob a mira dos críticos mais espontâneos do mundo: as crianças. Você tem coragem? 😀

E se você foi um bom menino e viu o vídeo acima, um bônus: cachorros ouvindo músicas tristes. Que pecadinho!

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Psicologia Positiva

Já ouviu falar nisso? (: É uma corrente mais nova da psicologia, que dá um novo viés a esse campo de estudo. Resumindo, não é focado na “doença”, nos problemas das pessoas e em como resolver isso, como um tratamento – mas sim nos pontos fortes e qualidades de caráter, reforçando as coisas boas e em como cada pessoa pode potencializar sua personalidade para ter resultados positivos e mais felicidade. Mas muito falei e pouco falei. Vale a pena ver essa conversa do Martin Seligman no TED:

 

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Encorajamento gratuito

Booooooom é o blog/site/reunidor de projetos do canadense Jeff Hamada. Booooom (vou sempre errar no número de Os, sinto muito) existe desde 2007, se não me engano, e desde sempre tem a missão de reunir gente disposta a levantar a bunda da cadeira e ser criativa.

Um dos trocentos projetos, um dos que eu mais gostei, foi o Free Encouragement, feito em parceria com o Design for Mankind. O funcionamento era simples: eles convidaram todo mundo que quisesse fazer sua parte para deixar o mundo um pouco menos negativo a escrever um e-mail com algumas palavrinhas de encorajamento. Podiam ser mensagens para alguém que as pessoas conhecessem, para elas mesmas ou para o planeta em geral. O resultado foram centenas de frases que são uma delícia de ler.

Gosto muito também da defesa do projeto:

So here’s the deal: There is just so much negativity all around us these days, have you noticed? It’s infesting the internet, it’s taking over the big screen, it’s cutting you off, it’s showing up on your bank statement, it’s staining your new shirt, it’s breathing down your neck, it’s not giving you a vacation, it’s talking behind your back, it’s stuffing you in a locker, it’s cheating on you, it’s charging you more, it’s giving you less, and it’s making you miserable!

It’s making me miserable! I don’t think I know of a single person who couldn’t use some encouragement, so here it is! This is a two-part project, and the first part is simple: We are going to create a gallery of encouragement!

Veja alguns dos meus favoritos abaixo (para os não anglofãs, a tradução está no mouseover)!

 

 

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Ideas + Energy = Change

Pense num TED com um sotaque lindo de morrer. Mais charmoso, acontecendo no País de Gales, dentro de uma tenda no campo. Estou falando do The Do Lectures, um ciclo de conversas inspiradas e inspiradoras, muito parecido com o TED, mas ainda mais focado num verbo que muito amo: FAZER.

The idea is a simple one— that people who Do things can inspire the rest of us to go and Do things, too. So each year we invite a set of people down here to come and tell us what they Do. They can be small Do’s or big Do’s or just extraordinary Do’s. But when you listen to their stories, they light a fire in your belly to go and Do your thing, your passion, the thing that sits in the back of your head each day, just waiting, and waiting for you to follow your heart.

To go find your cause to fight, your company to start, your invention to invent, your book to write, your mountain to climb. The one thing the Doers of the world Do, apart from Do amazing things, is to inspire the rest of us to go and Do amazing things too. They are fire-starters.

David & Clare Hieatt
Co-founders of The Do Lectures

Aqui você pode assistir às conversas, com temas como Uma ode à bicicleta, Faça as coisas da maneira mais longa, difícil e idiota, A importância de partos naturais em casa, Por que devemos valorizar a verdadeira excentricidade, Por que você deve dar uma festa todos os dias, Somos moldados por aquilo que não podemos fazer, A mente foi feita para termos ideias – não para segurá-las, O iPod mudou nosso relacionamento com a música?, Você pode ouvir o futuro?, A sabedoria dos pássaros, O que impede você de FAZER?, Por que valores são importantes, Você também pode inventar, A beleza das nuvens.

Ainda não vi nenhum inteiro, eu confesso! Ai de mim e de minhas olheiras, que crescerão exponencialmente com a chegada da minha pós. Mas se você conseguir assistir a um inteiro, me conta. Espero que saia ainda mais inspirado que eu fiquei depois de ver só alguns minutinhos de cada. (:

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uma questã de trabalho para pensar no dia do trabalho

O que dói mais? O leitor/diretor de criação/cliente/a tua mãe reprovar 1. uma ideia que você sabe que é boa, que saiu de você depois de muito esforço, ou 2. uma ideia que, pra falar a verdade, você sabe que nem é tão sensacional assim?

Pois eu te digo: a segunda opção.

Quando percebi que isso acontecia comigo, achei que tinha alguma coisa muito errada nas minhas ideia. O normal é achar que a gente devia sofrer terrivelmente quando alguém não gosta daquela nossa ideiona, a mais original, a mais claramente gênia, a mais saída de dentro de nós. Afinal, é nossa ideia favorita e COMO PODE VOCÊ NÃO PERCEBER SEU VALOR, SEU GRANDESÍSSIMO BABACA (COM TODO O RESPEITO)?

Claro que saí correndo pra contar essa maluquice pra dona psicóloga, achando que eu ficar triste por ver meus textos ruins reprovados era alguma autopunição, perfeccionismo ou paixão mal resolvida pelo meu pai. Pra variar, não era nada disso.

Ela me trouxe uma coisa bacana à luz: a verdade é que quando faço uma coisa na qual acredito, estou fazendo pra mim, é bacana pra mim. Se alguém disser que não gostou, beleza. Não foi dessa vez, mas foi bom enquanto durou.  Eu continuo gostando. E quem sabe eu use essa boa ideia em algum outro momento da vida. Já quando entrego uma coisa mais ou menos, uma ideia, texto, post, em que não acredito muito, meio complicada, meio empacada, geralmente é porque estou querendo agradar alguém. Ou porque “já conheço esse cliente, é disso que ele gosta”, ou porque “isso aqui não tem erro, vai ser aprovado” ou porque “esse texto vai ter mil comentários positivos, ÓBVIO”. 

E é aí que eu erro. Nessas situações, quando recebo um não, ele vem do tamanho de um elefante. Afinal, eu estava fazendo aquilo tudo pra agradar o leitor/ o diretor/o cliente/ a minha mãe. Fiz aquilo no capricho, mas sem muita empolgação, porque, no fundo, estava esperando uma aprovação. E SE FIZ TUDO ISSO SÓ PRA SER APROVADA, COMO ASSIM RECEBO UM NÃO? Isso é o suficiente pra pirar meu subconsciente, aquele ambiente enevoado onde todas essas manobras estavam acontecendo. E badabin badabem badabumba, surge a frustração.

Desde que entendi esse processo, comecei a fazer as coisas ainda mais do meu jeito, usando o bom senso, mas sem pensar se aquilo vai ser aprovado ou não. Às vezes demora mais, mas é muito mais gostoso e com menos frustrações. E o mais legal é que elas têm sido mais aprovadas do que nunca! (:

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A arte é sua até sair da sua cabeça

Depois ela vai pro mundo e coitadinha. Nosso melhor quadro pode virar banheiro de cachorro e nosso pior texto pode virar tatuagem nas costas de um desconhecido.

Olha que bacana o que Hugh MacLeod, o autor desse manifesto obrigatório, tem a dizer sobre o assunto:

To me, the inte­res­ting thing about art is not the usual “Heroic, absinthe-soaked, vision quest lone indi­vi­dual archety­pal artist crap”, but how the art is USED by the per­son who has it han­ging on the wall. What’s it actually there for? Deco­ra­tion? Sho­wing off? A con­ver­sa­tion star­ter? An ice brea­ker? A way of telling a story? Something to brigh­ten up the room? A sym­bol of social sta­tus? An expres­sion of indi­vi­dual world­view? An expres­sion of emo­tion? A totem to remind one­self of something ins­pi­ra­tio­nal and/or impor­tant? Perhaps a bit of all these?

So I’m seeing two worlds collide here: The inter­nal, soli­tary part of making the art, and the exter­nal social part of how the piece of art is actually used. Art? Used? Is art actually allo­wed to be “used”? Would the Art Police allow that? Ins­tead of calling them “Patrons”, can we call art buyers “Users” ins­tead? Would you be offen­ded if I called you that? There’s no wrong answer…

 

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Um tratado sociológico sobre meias calças bicolores

Daí que eu tenho uma meia calça bicolor. Perna esquerda preta, perna direita branca. Por que? Porque acho legal, porque é bonita e, principalmente, POR QUE NÃO?

Abre parênteses.

(Por que não? é o nome de um fantasma engraçado que me acompanha desde sempre e que só percebeu que era estranho num dia em que foi parar na diretoria do colégio junto comigo. Basicamente, porque eu estava lendo embaixo de uma mesa da biblioteca e disse que só iria sair dali quando alguém me respondesse porque eu não deveria estar lá, enquanto não estivesse incomodando ou mordendo a canela de alguém. A resposta, depois de muito engasgo, foi “ora, porque não é um comportamento normal para um aluno”.

É aí que fico pensando em como se vai pouco longe quando você fica criando um comportamento que só vive em cima da sua mesa e não sai de lá. E nem olha embaixo porque tem medo, ou, muito pior, porque nem VÊ que a mesa tem uma parte de baixo. E aí fico pensando em como o Por que não? ajuda a gente a ser mais criativo e em como é difícil-porém-gostoso deixar ele correndo espontâneo no cérebro, abrindo espaço para que ele não nos deixe doido nem atropele nossos princípios e crenças no caminho.)

Meia-volta no assunto.

Taí. A verdade é que comprei essa meia calça com a sensação mais normal do mundo. E o que tem de tão diferente entre usar uma meia calça de duas cores ou uma de uma só cor? Será que não estamos acostumados a usar pares idênticos porque alguém, há sei lá quantos anos, definiu que pares de sapatos e meias devem ser idênticos, porque é mais fácil de produzir ou de ornar? Digo, não é nenhum mandamento moral escrito em tábuas de mármore, do tipo usareis meias idênticas e meias idênticas usareis, nem meio diferentes, nem meio iguais, mas idênticas, e sereis usadores de meias idênticas, e meias idênticas serão usadas sem que sejam diferentes para sempre amém.

Pelos céus, são só meias.

E só fui notar que essa meia calça não era considerada digna da sociedade quando usei-a pela primeira vez. Porque em qualquer lugar que se vai com ela, as pessoas OLHAM. E não contentes em olhar, elas APONTAM, RIEM, COMENTAM. Gente de bem, gente engravatada, em grupo, se sente na obrigação de comentar, e comenta alto, coisa boa e coisa ruim, como se meias-calças bicolores tapassem os ouvidos de quem as usasse. Acho engraçado como usar uma coisa simples com um viés diferente é suficiente para que as pessoas percam a noção das barreiras sociais e se sintam no direito de falar com você ou sobre você, assim, sem pudores. Na verdade eu acho isso delicioso, em certa instância. Porque é uma guerrilha ambulante. Sem precisar expor na bienal ou grafitar um prédio, com uma simples peça de roupa é possível tirar as pessoas de seus mundos de meias pálidas e despertá-las da rotina, nem que seja por um quarteirão. E eu, como palhaça e leonina, não só estou acostumada, como gosto de ter pessoas ao meu redor rindo de mim.

Opa, mas peraí.

E tem a segunda instância sobre as meias, e essa me fez matutar um pouco. Porque, ok, estamos falando de um par de meias-calças. Não é uma escolha assim tão pesada, qualquer coisa eu tiro e jogo fora, acabô a brincadeira. Mas ela representa uma coisa grande. Andando assim, de pernas cobertas, me senti exposta. Fiquei imaginando o que é você ser um gringo/um crossdresser/um punk tatuadíssimo/um louquinho/um religioso tradicional/uma prostituta/um maloqueiro no Cidade Jardim/uma patricinha na favela/a gordinha da escola/um insira sua própria peculiaridade particular aqui, vivendo de pernas bicolores todos os dias dessa vida.

Tem meia que a gente não usa, mas isso não devia nos dar o direito de apontar para uma perna bicolor e dar risada, sem  um olá amistoso ou ao menos uma pergunta de Por que?.

Será que é tudo medo de não saber responder um Por que não?

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