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Amar o que se faz

Tem um restaurante italiano no canto do Itaim que ganhou meu coração – o Millesapori. Não porque a comida seja algo fora do comum ou o local tenha alguma frescura daquelas que me enganam e a paulistanos em geral.  Mas sim por causa do seu dono, o Vito Simone, um italiano que é um dos caras mais divertidos que já vi trabalhando em um restaurante. Sabe gente que ama o que faz? Ele é desses.

Ele conversa com todo mundo que entra no restaurante, para ao lado da mesa, oferece repeteco, conta de cada prato que preparou no dia com um gosto que parece que todo dia é uma novidade para ele. Tira macarrões do bolso para explicar a diferença entre cada tipo de pasta. E está sempre animado. Aqui tem um post que fala mais dele e do restaurante, em detalhes.

Sabe a diferença entre gente que volta da cozinha com cara de mau humor e comenta que “não temos este prato, sinto muito” e o Signore Vito, que volta falando “querida mia, sinto muitíssimo, mas todo mundo quis comer esse prato hoje, então fiz esse aqui diferente só pra você”? É amor? É alegria? É energia?

Eu não sei bem o que é, mas isso me inspira tanto. Ir lá não é apenas um almoço. É uma epifania. Eu volto ao trabalho com uma vontade de agir como ele. Porque, ora, eu gosto do que faço. E se gosto, o que me impede de tratar cada job como ele trata seus pratos?

A se pensar. Quando eu vejo grupos de colegas de trabalho almoçando e reclamando sem parar de seus trabalhos, fico triste. Vejo o quanto isso é normal, e fico imaginando como o mundo ia ser muito mais legal se todo mundo trabalhasse com o que gostasse e (mais importante) não deixasse a paixão acabar. Pensa em qualquer coisa. Sei lá, num pão francês. Pensa por quantas mil pessoas esse pão francês passou antes de chegar no seu estômago. Agora imagine o tanto de energia negativa que esse pobre pão carrega, acumulando desde o mau humor do plantador de trigo até a TPM da caixa de supermercado. Agora imagine como ele seria mais gostoso se não fosse assim.

Todo mundo podia lutar pra ser igual Vito Simone. Por que não animar os fregueses e os colegas de trabalho, enquanto se diverte?

É o que diferencia gente feliz de gente amarga. Já vi um cobrador de ônibus ganhar uma festa surpresa dos passageiros (sim, acredite. Cada um levou um quitute – ele merecia). Já vi um taxista carregar uma pasta com CDs de todos os estilos musicais e perguntar qual meu estilo favorito pra deixar a viagem de táxi mais a meu gosto. Já vi vendedor ambulante conseguir vender enquanto faz um repente. Já vi dona de casa que nasceu pra isso, com muito amor.

Sabe o tal diferencial que as revistas de emprego pregam e tentam ensinar em manuais? Eles aí sabem.

2 Comments

  • Cláu
    Posted 10 de setembro de 2012 at 20:30

    adorei ele, o post, o menu feliz, o repeteco. quero ir lá quando voltar, vamos?! 🙂

  • Marina mello
    Posted 13 de setembro de 2012 at 16:39

    Fran, esse lugar é uma delícia. A alegria do italianinho é super contagiante! Muito bacana seu post.

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