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A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert é que ele não é tudo isso

Joel_Dicker_-_A_Verdade_Sobre_O_Caso_Harry_Quebert.pdf - Google Chrome

Ganhei do meu marido, que ouviu a aclamação nacional de Joël Dicker em tempos de FLIP e quis me dar, “para que eu leia meus contemporâneos”. E estou lendo. E devo dizer uma coisa: esse livro tem me inspirado muito.

Não por se tratar de um livro metalinguístico, com um escritor falando sobre o ato de escrever, não. Mas porque ele é bem mediano. E quando um livro aclamado por público e crítica como a salvação da literatura mundial  (se bem que ando lendo umas críticas nacionais e vendo que não está descendo bem aqui no Brasil) é assim xarope, dá muita vontade de tentar fazer melhor. 🙂

Não quero fazer uma crítica completa por aqui pela simples razão de que não gosto de resenhar livros (nem filmes, embora já tenha ganhado a vida assim há uns bons anos), e pela complexa razão de que ainda não terminei o livro. Estou me adiantando em dizer que não gosto da narrativa, porque quando você está na página 257, o meio da história, e o que você já leu é uma repetição incessante do que poderia ter sido resumido em 20 páginas (e você poderia gastar o resto do tempo lendo clássicos de verdade que tratam do mesmo assunto de maneira melhor) já é hora de perder as esperanças de que uma remissão incrível aconteça.

Esse livro tem um pouco de outra coisa que ando vendo com uma certa frequência em “meus contemporâneos” (adoro falar assim) e era mais disso que queria falar. O Jöel Dicker não é o pior nesse cenário, mas tá ali, quase na curva do que não gosto: são livros em que o escritor se acha acima de seus personagens. Acaba não deixando espaço para o leitor julgar os personagens por si só.

São escritores que tratam seus protagonistas como os verdadeiros inteligentes, descolados, espirituosos da história. Até seus defeitos são perfeitamente compreensíveis (talvez inspirados neles mesmos?). O resto dos personagens – seus pais, seus vizinhos, as pessoas mais velhas, mais jovens, ligeiramente diferentes – são um pastiche grosseiro, um estereótipo de gente geralmente burra, unidimensional, feia, cafona. Qualquer um que não seja o personagem principal é uma porta. Simples assim. Não tem um aprofundamento, nada. Não rola um questionamento, um “vamos estudar mais um adolescente pra ver se ele é mesmo chato ou tem algo por trás disso”. Será que falta um Stanislavski no currículo desses caras? Ou falta vivência pra saber que todo mundo pode ser nivelado por cima e não por baixo?

Fico me perguntando se é coisa normal da idade ou se é um defeito da nossa geração. Um defeito de umbigo grande demais.

Fico aqui escrevendo demais e vendo o sábado e a bateria do computador acabar. Ufa! 🙂

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