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Ateliê para mães, olha que ideia legal

 

 

 

Era fã da Lenka Clayton, desde que assisti ao People in Order pela primeira vez. Esse vídeo tem um quê de não sei quê que me emociona, me deixa triste e me faz feliz. Só hoje liguei o nome à pessoa e descobri que ela é quem cuida da Artist Residency in Motherhood, uma espécie de ateliê adaptado para artistas que são mães. A mensagem do espaço é um protesto em relação à maioria dos espaços culturais e artísticos – que são criados por e para homens, solteiros, que curtem o ideal romantizado do artista “perturbado”.

Gosto porque

1. Adoro artistas mulheres que fazem projetos poéticos e polêmicos (sim, é possível).

2. Sim, chega de romancear estilos de vida que não têm muito romance.

3. É onde me vejo daqui a alguns anos. AH SE É!

artist-statement1

 

É aqui:

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Calvino e repetecos

exploreroftheworld6

Esse ano não sei o que deu em mim. Estou descumprindo um dos meus princípios literários, que é o de nunca reler um livro. Esse princípio nasceu de uma releitura de Capitão Háteras, do Júlio Verne. Quando era jovenzinha e o li pela primeira vez, virou o livro da minha vida. Quando cresci um pouco e decidi reler, subitamente a aventura do capitão nos confins gelados do mundo virou-me uma chatice.

Só que esse ano me deu na louca e reli Os Miseráveis. Foi uma experiência, embora não muito feliz, interessante. Aproveitei e reli um guia de casamentos alternativos (um que eu tinha comprado há anos, e faz todo o sentido eu reler no momento). Aí, vendo que Todas as Cosmicômicas, aquela coletânea do Ítalo Calvino que me faz sorrir, chorar e cantar (ao mesmo tempo), estava dando sopa na estante do meu pai, foi batata: releitura. Não só estou relendo, como rerrelendo, já que já passei por esses contos incríveis duas vezes. E, vou te contar: a terceira vez continua tão boa quanto as anteriores, se não melhor.

É que Calvino é Calvino. É o cara que escreve bem até bom dia. E tem ideias tão surreais que deixam meu exibido narrador willifillense no chinelo. Um chinelo daqueles bem feios e rasgados.

“Foi um golpe duro para mim. Mas, enfim, o que fazer? Continuei meu caminho, em meio às transformações do mundo, eu próprio me transformando. Vez por outra, entre as variadas formas dos seres vivos, encontrava um que era ‘mais alguém’ do que eu: um que prenunciava o futuro, o ornitorrinco que amamentava o filhote saído do ovo, a girafa esgalgada em meio à vegetação ainda baixa; ou outro que testemunhava um passado sem retorno, um dinossauro sobrevivente depois de haver começado o Cenozóico, ou então – crocodilo – um passado que havia encontrado um modo de conservar-se imóvel pelos séculos. Todos tinham algo, bem sei, que os tornava de alguma forma superiores a mim, sublimes, e que me tornava, em relação a eles, medíocre. E, no entanto, eu não me trocaria por nenhum deles.”

No pique de reler? Leia também Desfoquei e Sem fôlego.

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6 anos

Eu ia falar de outra coisa, aí veio o WordPress e me contou que no último dia 22 o Palitos de Fósforo completou 6 anos.

Sim, seis anos. O tempo de alguém nascer, crescer e ficar chato.

Eu olhei e falei “mas imagina, foi em 2007”. Foi quando eu descobri que 2007 existiu há 6 anos atrás.

Podemos levar em consideração que o Palitos ficou sem existir durante cerca de seis meses, uma das fases mais idiotas da minha vida, na qual justamente descobri a importância desse blog pra mim (e a dessa fase idiota descobri um pouco depois). Em 2007, eu estava falando de trabalhos da faculdade, achava que estava perdendo tempo e lamentava o fato de meu livro já ter 6 anos (ah, que bonitinha). Em 2008, o assunto era plágio e inércia, esses vilões amados. Em 2009, descobri que criativo não tira férias, mas consegue organizar seu tempo. Em 2010, eu morri. Em 2011, eu renasci, me questionando sobre qual é o coletivo de epifanias. E em 2012, eu estava de trabalho novo, toda me achando e toda ocupada, coitada.

E hoje eu… gente, hoje eu acredito ainda mais em Deus e nas coisas boas dessa vida criativa. Em 6 anos, coisas mudaram, é claro. Crescimentos profissionais, pessoais <3 <3 <3 (alguém me segura pra não transformar esse blog em um blog sobre casamento!), fases ruins, fases boas. Fases incríveis, como a atual. Hoje eu já poderia escrever uma autobiografia bem bonita, sabia? Pois é. É engraçado chegar nesse ponto (de exclamação).

E fico feliz com uma coisa: meu estilo de escrever pode até ter mudado (a gente cresce, aperfeiçoa… fica chato), mas minha essência criativa é a mesma. E mais: a cada ano que passa ela se confirma. Leio algumas opiniões de 6 anos atrás e concordo com aquela Francine do passado, ingênua, animada, a fim de fazer. A Fran que acreditava e continua acreditando.

Aí vem você e me lembra: rá, já se foram 6 anos e você ainda não terminou seu livro.

E eu declaro: ele está mais perto do fim do que você imagina.

Egotrips à parte, depois disso tudo, acho que hoje é dia de apertar o botão WTF da vida. Né? 6 anos.

wtf-button

E fica aqui o convite para você navegar pelo arquivo do Palitos. É só scrollar até o fim e se deliciar. Vai que vai.

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Só é trabalho se você o tratar como tal

Gosto de passar no blog do Seth Godin, vez por outra. Ele tem bastante discurso que se repete, mas para ler de vez em quando vale. Das coisas recentes que vi lá foi essa:

“Se surfar fosse seu trabalho…

Existe o risco do câncer de pele. De quedas. Areia nas meias. Pessoas brigando pelo seu canto da onda. A pressão de melhorar sempre. Os outros caras da praia que não curtem seu estilo. O tédio de fazer a mesma coisa amanhã, quando o tempo estará horrível. E todo dia, de hoje em diante, sem parar.

E onde você iria nas férias?

Seu tédio é o prazer de outra pessoa. Só é um trabalho se você tratá-lo como tal. O privilégio de fazer nosso trabalho, de estar no controle de nossas promessas e das coisas que construímos, isso vale a pena ser cuidado com carinho.”

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Ar e luz e tempo e espaço

Não sou muito fã do Bukowski – e muito menos de poesia! – mas esse poema dele sobre criação e parar de dar desculpas me fez feliz. E foi bonitinhamente adaptado para quadrinhos por esse gênio aqui.

AIR AND LIGHT AND TIME AND SPACE

”– you know, I’ve either had a family, a job,
something has always been in the
way
but now
I’ve sold my house, I’ve found this
place, a large studio, you should see the space and
the light.
for the first time in my life I’m going to have
a place and the time to
create.”

no baby, if you’re going to create
you’re going to create whether you work
16 hours a day in a coal mine
or
you’re going to create in a small room with 3 children
while you’re on
welfare,
you’re going to create with part of your mind and your body blown
away,
you’re going to create blind
crippled
demented,
you’re going to create with a cat crawling up your
back while
the whole city trembles in earthquake, bombardment,
flood and fire.

baby, air and light and time and space
have nothing to do with it
and don’t create anything
except maybe a longer life to find
new excuses
for.

 

2012-12-18-bukowski

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Eu sei

Eu sei que faz uns par de dias que não atualizo direito aqui. MAS FAZ AINDA MAIS TEMPO QUE NÃO ESCREVO MEU LIVRO. Então, com vossa licença, tenho um livro para escrever pelos próximos 22 minutos (sim, escrever na agência no horário do almoço é produtivo e legal).

🙂

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A caixa

Para pensar fora da caixa, você tem que conhecer a caixa muito bem.

Mirror-Box

Ouvi mais ou menos isso em um curso on-line que estou fazendo e achei muito coerente. O mundo artístico está cheio de gente que já quer chegar pensando fora da caixa, mas nunca nem viu a caixa, nunca foi lá ver o que tinha dentro, pra começo de conversa. Daí vêm tanto texto raso, ideias sem raiz, estilos gratuitos, tudo jeito de fingir que sabe tudinho daquilo que nunca viveu. Artista tem que viver de tudo, ter amigos descolados e colados, velhinhos e novinhos. Assumir que não sabe tudo. Questionar todo mundo – mas entender todo mundo. Pelo menos é o que eu acho. 🙂

E por que ando quietinha, vocês me perguntam.

Porque nesses últimos dias muitas coisas começaram. Peguei um freela gigantão (eba!), fiquei noiva (eba!!!!!!), peguei firme na dieta (uns belos quilos a menos, Deus abençoe o Keep Light) e comecei um blog novo (oi?), o Cozinhando a Internet (que também está meio abandonado, por conta disso tudo aí).

Mas volto, como sempre voltei, como voltei hoje. O freela está acabando, o noivado está só começando… 🙂

Fran feliz

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A ilha das ideias

Fredrik Härén é um cara que trabalha com o que eu sonho em trabalhar: ele inspira pessoas. Speaker. Taí uma coisa que eu gostaria de ser. Adoro falar.

Fredrik Hären também é dono de 3 ilhas desertas nas Filipinas e nas proximidades da Suécia, o que ajuda bastante.

Aí que ele as batizou de Ideas Island.  E aluga suas ilhas por 1 semana, de graça, para pessoas que tenham grandes ideias e queiram trabalhar nelas ininterruptamente, por 1 semana. Sim. De graça. Quer dizer, basta convencer o moço que sua ideia é ótima e doar US$ 1.000 para uma instituição de caridade que o moço escolher. Mas, convenhamos, pra quem está a fim de colocar as ideias em dia, isso é uma pechincha.  A seleção do cara é bem criteriosa: nada de lua de mel, nada de festinha com amigos, nada de teretetê. Você precisa provar que vai pra lá trabalhar em sua ideia. Legal, né? Dá uma olhada nas belezinhas:

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Lendo os depoimentos dos beta testers que conseguiram se hospedar nas ilhas, achei interessante os motivos que os levaram a ir até lá. Quase todos são os mesmos: fugir das pequenas coisas da rotina que os atrapalham de criar. E se a gente for parar pra pensar… a ilha é quase uma peninha do Dumbo, né? Por que será que criamos melhor se estivermos isolados e formos forçados a trabalhar nas ideias? Ou SERÁ que criamos melhor assim?

Como é sua ilha das ideias no meio da selva da cidade? 🙂

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Ok Go e o que pode sair de bom na parceria conteúdo + propaganda

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Não escondo de ninguém que Ok Go é uma das minhas bandas favoritas (não escondo nível já-dancei-1-million-ways-no-palco-em-um-dos-shows-deles). Pois é. O mais divertido é que isso não é porque as músicas deles sejam boas. Não acho que os caras sejam gênios da música. Pra falar a verdade, nem gosto de ouvir as músicas deles. Mas eles figuram no topo das minhas bandas gênias porque o vocalista é maravilhoso meu Deus os caras são muito criativos e têm um pensamento muito moderno. Um show deles tem muito mais força que show de banda com música boa por aí, por conta de ideias legais como tocar uma música inteira só com sinos ou a interação simpaticíssima deles com o público, com coisas pequenas e atuais como tirar foto do público e depois publicar em sua fanpage, para que as pessoas se marquem ali.

Isso tudo porque ainda não falei dos clipes deles, que sempre elevam os padrões sobre o que pode ser feito, criativamente falando. Se não viu, corra lá no YouTube e se prepare.

Aí que encontrei esse curto depoimento que o vocalista supracitado deu para a Creativity Online. Ele fala muito da colaboração de marcas e artistas, que acredito que seja o futuro da propaganda honesta e divertida. Algo que é tão simples, mas é tão difícil de entrar nesse mundinho de egos e MBAs em excesso. Entre outras coisas, esse depoimento também fala da diferença no resultado final quando a criação continua acontecendo durante o projeto,  e não para no começo, virando um manual de instrução engessado, que muitas vezes inviabiliza o projeto inteiro. Ando reparando muito nisso no trabalho e preciso escrever um post sobre isso em breve! Enquanto isso, fique com minha tradução ou leia o original, em inglês e com vídeos, aqui.

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“Minha banda trabalha com marcas como uma alternativa financeira aos selos de gravadoras há já 3 anos. E fico feliz em anunciar que, até agora, todas as marcas com quem trabalhamos foram mais abertas ao diálogo, mais transparentes e mais parceiras que a galera com quem lidávamos nos tempos das gravadoras. Mas poucas das marcas realmente exploraram nossa criatividade, e quando isso aconteceu foi sempre pelas mesmas razões:

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Primeiro, elas só quiseram alcançar objetivos que fizessem sentido para as duas marcas. A marca deles pode ser gigante, e é quem assina os cheques, e a nossa são só 4 caras com instrumentos e algumas boas ideias, mas se a gente parece boboca quando colabora com eles – eles parecem mais bobocas ainda. Por sorte, o crossover de objetivos é grande: ambos queremos algo que atinja o maior número de pessoas e que faça sentido para elas. Se fizermos algo sensacional, juntos, o público vai amar mais os dois, e isso tem muito valor. As marcas erram, no entanto, quando pensam que todo pedaço de comunicação tem que gritar todas as mensagens da marca. Dificilmente um vídeo de rock é o lugar certo para mostrar os benefícios dos produtos deles, e é mais improvável ainda que algo maravilhoso, inovador e palpável apareça se tentarmos enfiar um peixe fora d’água nesse contexto.

Segundo… os melhores projetos surgiram quando a marca nos deu um briefing ou um desafio, e não quando uma agência nos enviou  um projeto pronto no qual nosso único papel era aparecer e cumprir o que estava escrito. Ano passado (2011), o Google Japão nos perguntou o que conseguiríamos fazer com as novas possibilidades do HTML5, e a Chevrolet nos perguntou o que conseguiríamos fazer com um carro. Nos dois casos, respondemos com projetos que nunca nasceriam se tivéssemos pensado sozinhos – foram respostas a uma série de parâmetros propostos pela marca, nossa colaboradora.

[E por fim], é necessário correr riscos. Nos nossos projetos, o risco vem na forma de ineficiência. Muita gente do mundo do conteúdo faz toda a criação com antecedência; eles planejam e desenham tudo cuidadosamente, e depois executam o que planejaram com a maior eficiência e precisão possíveis. Essa é a melhor maneira de tirar o máximo de seus recursos, mas esse formato fica limitado ao que foi criado antes. Nós investimos muito no meio do processo: assim que surge a ideia básica, já nos organizamos e começamos a testar para ver quais novas ideias aparecem. Isso significa que podemos usar a locação pelo triplo do tempo que ela seria usada se a ideia estivesse fechada inicialmente, mas também significa que (nesse meio-tempo) podemos surgir com ideias que ninguém mais teve. Esse tipo de ineficiência é o risco que vem com nosso processo criativo, mas é apenas uma das milhares de regras que as marcas têm que quebrar se quiserem realmente elevar o nível da criatividade.”

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O briefing que me disse a verdade

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De vez em quando você recebe um briefing. AQUELE briefing. O briefing que faz você questionar tudo. Você começa questionando a validade daquilo que acaba de ler. Até aí, normal. Acontece umas 15 vezes por dia. O problema é quando você não consegue mais parar. Aí você questiona a razão daquele job como um todo. Por que isso, por que assim? Qual é a razão disso tudo? Aí você questiona a marca. Questiona o produto. Questiona o sistema. Questiona seu lugar no sistema. E lembra que, no momento, seu papel é botar no papel o que já inventaram. Porque publicitário cria conceitos, não coisas – e xinga baixo quem disse que ideias são mais importantes que coisas, essa pessoa que conseguiu vender muito bem sua ideia, mas não deve ter feito um bolo de chocolate na vida.

E você questiona por que você faz parte dessa grande roda que ninguém quer conhecer por inteiro, porque não é uma roda bonita. Aí você questiona o seu papel na sociedade, no planeta, no universo. E embora meu papel no universo permaneça inquestionável, meu papel, naquele momento, escrevendo aquele texto para aquela marca, daquela maneira… parece, no mínimo, um papelão.

Aí abro o Pinterest pra escapar. E fico me perguntando quando é que vou parar de viver ATRAVÉS do Pinterest, e começar a FAZER tudo aquilo: usar aquelas roupas, falar aquelas frases, fazer aquelas receitas, aquelas festas, aqueles bebês, aquelas ideias.

Aí eu corro, volto pra caverna. E só volto a pensar nisso quando abrir o próximo briefing que vier com uma mensagem do infinito escondida nas entrelinhas, entre o cabeçalho e o “bjs, vamos falar” habitual. Até o dia em que uma nova mensagem cifrada de “ei, cadê você???” cair no meu colo novamente.

Até lá, bora trabalhá!

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