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O melhor e o pior de 2017: filmes (e um pouquinho de séries)

E como continuação ao último post, em que falei dos melhores e piores livros de 2017, aqui vai um pouquinho do que achei dos filmes que passaram pela minha vida esse ano!

Vale dizer que de uns tempos pra cá, especialmente esse ano, em que abolimos de vez a televisão em casa e ficamos apenas com o Netflix, ando assistindo também a muitas séries, mas ao contrário dos filmes, que tenho anotados todos direitinho no Letterboxd, não guardo muito bem quais foram aquelas séries que realmente vi no ano. Por isso, antes de ir aos filmes quero só dividir que esse ano vi a melhor série dos últimos tempos, a única série de heróis que realmente mexeu comigo na vida: Legion. Estou apaixonada pelos roteiros do Noah Hawley, o que também me motivou a ver as três temporadas de Fargo (gostei muito da primeira e da terceira) escritas por ele. Não sei nem como fazer uma boa resenha delas, de tão excelentes que são as duas séries… mas acho que ajuda dizer que ando chata pra tudo, cricri, achando tudo mais do mesmo, sem me animar com nada novo em termos de cultura pop [ainda não sei se é coisa da idade, se é fase ou se a qualidade das coisas produzidas estão realmente muito ruins ultimamente]. Mas essas séries tiveram a capacidade de me prender do começo ao fim, a ponto de eu ficar chateada quando chegava o último episódio. Tudo isso vale também para a nova temporada de Black Mirror, que estreou há uns 2 dias (e já assisti a todos os episódios!). Caso não tenham visto essas séries, ficam como recomendações para 2018!

Então sigamos para os 95 filmes que vi esse ano. Lembrando que, assim como com os livros, não estou considerando filmes que vi pela segunda (ou terceira ou quinquagésima primeira vez) e nem filmes que não assisti inteiros (alguns deles inclusive porque eram MUITO RUINS, talvez piores que os considerados piores do ano), dormi no meio ou vi “mais ou menos”. Ah! Também desconsiderei Billy Elliot Live, uma peça musical filmada, porque de acordo com o especialista aqui de casa (o marido Julio) isso “não é um filme”. Então tá!

Então vamos aos

5 piores filmes de 2017:

#5 Cry Baby (1990)

O ruim desse filme é que não sei se ele é ruim porque quis ser ruim ou porque é ruim, mesmo.

#4 Passageiros (2016)

Um relacionamento abusivo no espaço sideral gravado como linda história de amor.

#3 Deus Não Está Morto 2 (2016)

Um filme cristão ofensivo (especialmente?) para mim, que sou protestante. Faz sentido? Para ler minha resenha (em inglês) em mais detalhes veja aqui.

#2 The Rocky Horror Picture Show: Let’s Do the Time Warp Again (2016)

Apenas mudando as atuações e os atores, o filme conseguiu ser mais careta e mais imoral que o original – ao mesmo tempo. Uma tragédia total. Por favor, não façam a time warp de novo.

#1 No Topo do Poder (2015) – O PIOR DO ANO

Minha relação com cenas pesadas em filmes é mais ou menos assim: se elas servirem a algum propósito, tá tudo bem. Mas aí chega esse tipo de filme, o pior tipo possível, na minha opinião. Que é o tipo de filme em que você percebe que ele é nojento e doentio e que as cenas mega-pesadas não serviram a propósito algum só quando chega no final. E aí você não consegue mais o tempo perdido de volta.

 

e agora, os 10 melhores filmes de 2017:

#10 Tickled (2016)

Um documentário sobre o submundo de um fetiche em relação a CÓCEGAS! Esse foi o ano dos documentários esquisitos. O mundo é mesmo muito esquisito. Isso pode dar medo ou ser mágico!

#9 La La Land: Cantando Estações (2016)

Um musical atual que não é um lixo horroroso!!!! Aleluia, irmãos!

#8 Fragmentado (2016)

Um filme-montanha russa que fala de um assunto extremamente delicado de uma maneira genial. De tirar o fôlego (e o James Mc Avoy é meu crush eterno).

#7 Mulher Maravilha (2017)

Não percebi o quanto ele era bom enquanto o assistia, mas sim quando saí do cinema me sentindo bem. Uma sensação gostosa que eu nunca tinha tido antes, ao ver uma mulher heroína representada sem estar dentro de um estereótipo específico. Uma sensação nova e importante que não consigo explicar. Deve ser muito legal ser homem e sentir isso com a grande maioria dos filmes que vê.

#6 O Ato de Matar (2012)

Mais um dos documentários malucos que vi em 2017. Mais um exemplar de filme que eu gosto não por conta de alguma tecnicalidade, mas sim pelo sentimento que fica quando os créditos sobem. É um documentário que enche de esperança e desespero AO MESMO TEMPO.

#5 Invasão Zumbi (2016)

A sensação residual é exatamente a do meu sexto filme favorito (esse logo aqui em cima). Você sai do filme destruída. Só gostei um pouco mais dele do que do filme acima porque esse aqui é mais fantasia, é muito doido e… tem zumbis. Eu adoro zumbis.

#4 Moana: Um Mar de Aventuras (2016)

Eu sinceramente não sei se esse filme mantém essa posição se eu assisti-lo novamente, mas… devo lidar com as notas que dei assim que o assisti em algum momento desse ano, né? E afinal Disney é Disney. Ainda tenho paciência para suas animações. Ainda amo musicais. E a história falou muito comigo e com o livro que escrevo. Então é isso. Quarto lugar!

#3 Zootopia (2016)

Mesmo ponto do filme acima (exceto a parte do “amo musicais”), mas acho que ele realmente se manteria aqui depois de uma reassistida. Gosto muito de como eles pegam um tema complexo e jogam na nossa cara num desenho que na teoria seria para crianças.

#2 Amantes Eternos (2013)

Gosto muito de como o quase-melhor filme do ano tem o mesmo ator do meu pior filme do ano. Uma história diferentosa sobre vampiros, que na verdade se revela uma linda (e estranha) história de amor, com uma pegada ambientalista. Só vendo pra sacar.

#1 Guardiões da Galáxia – Volume 2 (2017) – O MELHOR DO ANO

Porque é do bem e é divertido pacas. E não é isso o que a gente quer para a vida, afinal? 🙂

Agora acho que acabou! Um 2018 feliz pra todos nós! Com muitos filmes bons (e mais ainda histórias reais boas!!!!).

 

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O melhor e o pior de 2017: livros

2017 foi (já pode falar no passado, eu permito) um ano esquisitinho. Não gostei muito dele, não. Não aconteceu nada de realmente ruim, felizmente. Pra falar a verdade, até conquistei umas metas bacanas materialmente falando. Só que foi um ano de muita expectativa frustrada, de ideias que pareciam promissoras e que falharam miseravelmente. E isso não me deixou, assim, extremamente animada. Basicamente, podemos dizer assim: como eu sempre opero na tirinha do Calvin aqui em cima (felicidade não é suficiente pra mim, eu exijo euforia), não me contento com pouco e senti falta de um pouco de euforia por aqui.

É claro, é claro, ficar grávida foi a mudança mais louca e legal dos últimos anos. Mas depois da descoberta, pensem vocês que a gente entra num estado de… espera. Digamos que passei mais da metade desse ano enjoada e esperando. Esperando e vomitando. E vida em standby sempre me tira do sério. Ou pior: me coloca no sério. Eu fico séria, sem graça. E enjoada. Quero é que essa menininha chegue logo!

Mas divago. O que quero dizer é que anos ímpares sempre são chatos pra mim, enquanto anos pares tendem a ser S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-I-S, então não vejo a hora de que 2018 comece, porque vou pegá-lo de jeito e transformá-lo em pura euforia.

E esse foi meu resumão de 2017. E é pra não terminar os posts desse ano com um post chato assim que vou fazer algo que sempre me recusei a fazer (afinal, categorizar o ano pelo tanto de cultura que consumi sempre me pareceu meio vazio): vou fazer uma lista do melhor e pior de 2017 apenas em termos de leituras, séries e filmes. 🙂 Vou aproveitar que terminei hoje a leitura do último livro do ano (porque acho que em 2 dias eu não termino mais um, não) e começar pelo resumo dos livros do ano.

Esse ano eu li 20 livros, um número redondinho, bonitinho. Desses 20, 4 deles foram releituras. Foi um bom ano para releituras, em que reli 3 dos meus livros favoritos (Alice no País das Maravilhas / Através do Espelho, A História Sem Fim e Dicas Úteis para uma Vida Fútil – Um Manual para a Maldita Raça Humana), só para descobrir que eles continuam meus livros favoritos. Reli também um livro bacana, mas não assim tão incrível, o Cabeça Tubarão. Assim, tirei eles dessa lista, já que ficaria injusto.

Então, com esse corte feito, vamos aos livros que mais gostei e aos que mais detestei esse ano, começando pelos

3 piores livros de 2017:

#3 House of Leaves, de Mark Z. Danielewski

O terceiro pior livro do ano me deu uma canseira absurda. E me irritou porque é daqueles livros cuja ideia é sensacional, mas cujo autor ficou tão obcecado pela ideia que ficou lustrando ela, mas esqueceu de uma coisa básica para um livro: torná-lo LEGAL. É um livro difícil de ler, com idas e vindas pelos capítulos e labirintos e cartas e promessas… até que você chega no fim e fala “mas, tudo isso… pra isso???”. No meio do livro, você sente que está trabalhando, e não se divertindo. E taí uma coisa que me dá preguiça. Sou mais ler aqueles livros da coleção Eu, Detetive ou “mais um livro do gênero Enrola e Desenrola”. Lembram dessas séries SENSACIONAIS????? Pois é. Deu saudades. Mas, vamos lá. Tiveram coisas piores esse ano, como

#2 A Biblioteca Invisível, de Genevieve Cogman

Tive o (des)prazer de terminar esse livro hoje, encerrando o ano de forma bem azeda. Digamos que não é um livro essencialmente RUIM. Ele só se esforça tanto para ser legal que fica cansado, coitado. É um tal de zepelins pra cá, roupas vitorianas pra lá, misturadas a lobisomens, vampiros e um dragão sexy (?). E a autora cria um universo fantástico tão sem graça e cheio de regras sem sentido que dá vontade de chamar ela para uma conversa, pra contar que se o universo fantástico é dela, ela não precisa ser assim tão restrita. Nessa conversa, eu perguntaria de quebra POR QUE RAIOS ela escolheu fazer uma protagonista mulher se a moça age de forma completamente dependente da aprovação de homens (que “sabem falar de forma sensata e calma com mulheres histéricas”, nas palavras da autora) e está sempre incomodada com a sua vilã, porque ela usa roupas mais bonitas que ela. Mas até que essa protagonista dependente foi maravilhosa, se eu compará-la com o teor do PIOR livro do ano para mim, que foi

#1 1Q84, de Huraki Murakami – O PIOR DO ANO

Sem comentários, deixo minha resenha no Goodreads continuar o trabalho por mim. 

 

Mas vamos falar de coisa boa. Aqui vão os 5 melhores livros de 2017:

#5 Count Zero, de William Gibson

Uma narrativa toda sujinha, num universo cheio de drogas e personagens metidos a mauzinhos. Eu gostar dos livros do William Gibson não faria sentido nenhum, especialmente sabendo que não sou muito fã de ficção científica (já tive brigas com meu marido porque não consigo gostar de Ray Bradbury!!!). Mas uma coisa nele sempre ganha meu coração: o cara SABE ESCREVER. As descrições são uma delícia de ler. Os personagens são coerentes, e cada um tem um tom diferente, não são todos iguais, como em muitos livros. Eu consigo imaginar de forma vívida o universo descrito por ele. E tudo isso me prende, independente da trama. Nesse livro, por exemplo, não achei a trama muito atrativa, até me perdi um pouco no meio (eu gostei mais do primeiro livro da trilogia)… mas a escrita é tão boa que não consigo largar. Ponto pra ele.

#4 Vinte Mil Léguas Submarinas, de Julio Verne

Um clássico é um clássico é um clássico é um clássico. Julio Verne é outra delícia de ler. Mas o que fez ele ficar aqui na lista dos 5 melhores (enquanto A Volta ao Mundo em 80 Dias, outro livro que li esse ano, não conseguiu) é o bom e velho personagem sonhador e obstinado que tem uma meta estranha na vida e vai a extremos para conquistá-la. Adoro esse tipo de gente. Sim, eu tenho um crush no capitão Nemo.

#3 Letters of Note: An Eclectic Collection of Correspondence Deserving of a Wider Audience, de Shaun Usher

Sigo o blog desde antes de ser livro (olha como sou tendência!). Comprei esse livro de presente para meu marido. Ele não leu. Esse ano decidi tirar o livro do criado mudo dele e ler essa obra de arte. É sensacional, inspirador e esteticamente muito bonito. Um trabalho de pesquisa excelente numa curadoria muito bacana.

#2 Welcome to Night Vale, de Joseph Fink e Jeffrey Cranor

Esse livro tinha TUDO para ser o melhor do ano, mas o final dele é meio xarope, meio perdido. Assim, recomendo a quem for lê-lo que o abandone antes do fim, ou algo assim. Mas tirando o final, é realmente o melhor do ano! É um livro que se passa no universo de um podcast megafamoso nos Estados Unidos. Curiosamente, também li o livro com os episódios do podcast e achei eles meio chatinhos, mas o universo criado pelos autores é maravilhosamente surreal e profundo, meio como um Guia do Mochileiro das Galáxias um pouco mais elaborado e moderno. É daqueles livros fantásticos que inventam regras próprias, mas não precisam ficar explicando elas a todo momento. Você simplesmente cai naquele universo e acredita nele. Pra quem procura um livro bem diferentoso, vale muito a leitura!

#1 No Urubuquaquá, no Pinhém + Manuelzão e Miguilim (os primeiros dois livros do Corpo de Baile), de João Guimarães Rosa – O(S) MELHOR(ES) DO ANO

Tive que dar uma roubada no jogo, porque na realidade são dois livros, e embora os dois sejam parte da mesma trilogia, não cheguei a ler o terceiro da trilogia esse ano ainda. Porém, os dois chegaram à lista dos 5 melhores, e achei por bem dar mais variedade a essa listinha e juntar esses dois num só. Feliz pelo único autor brasileiro das minhas listas ser justamente o melhor de todos. Mas é que é o Guimarães Rosa, né, minha gente? O cara que me faz ler um livro de contos (dois, no caso), com o maior prazer, mesmo eu tendo pavor de livros de contos. Gosto do Guimarães Rosa porque o cara é um gênio. Consegue escrever bem sem esforço – e morro de rir dos meus contemporâneos que, hoje, tentam imitá-lo (sim, são muitos!!!) se esforçando demais e quase me matando de tédio com seus neologismos forçados. E taí: mesmo com alguns contos um pouco chatos e difíceis de ler, ele se mantém aqui, no topo, mostrando novamente que pra mim… um clássico é um clássico é um clássico. Não resisto a um.

Logo mais, boto os filmes do ano aqui! Até dia 31 de dezembro à meia noite ainda devo ver mais umas dúzias de filmes, então só volto quando tiver certeza de ter visto todos os filmes a que tive direito esse ano!

🙂

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Pra falar a verdade, são dois bebês

Não gente, calma. Não terei gêmeos.

Mas é verdade: tenho dois bebês. Um é minha filha que está pra nascer. O outro é um outro bebê que também ainda não nasceu, embora seja mais velho que a filha que vem aí.

Pausa para que vocês não entendam, levem um susto, achem que estou falando em algo espiritual ou que, sei lá, eu finalmente enlouqueci.

Nada disso.

Estou falando do meu livro. Meu livro, que é quase como um bebê que venho gestando há quase 20 anos. 🙂

Fato é que a vida, o cosmos, eu e tudo mais acabamos fazendo com que os aguardados nascimentos de ambos (o filho-livro e a filha-filha) acabem culminando no mesmo período. O que quer dizer que sim, estou no fim de duas gestações ao mesmo tempo. O que quer dizer que muito em breve eu terei condições de finalmente cumprir o objetivo final desse blog (criado há 10 anos atrás), que era o de um dia poder virar escritora, correr atrás dessa vida, meu verdadeiro sonho, meu chamado. Me apresentar como Francine Guilen, escritora.

E vai ver é por isso que… confesso que ando mais apavorada com o filho-livro que com a filha-filha. Sim senhores. O nascimento do livro me tira mais a minha paz que o nascimento da pequena Rebeca. E já explico para vocês aí atrás que já estão procurando a caixa de comentários desse post e preparando os dedinhos para escrever algo como “QUE ABSUURRRRRRRRDO VÁ BUSCAR JESUS”. Não, seus malucos, o caso é simples: a filha é biologia, é natureza, é Deus, eu sei que ela vem. Ela vai nascer, eu me sentindo pronta ou não. As coisas estão fluindo, estou segura, estou bem. Eu sei que vou amá-la. Eu sei que de um jeito ou de outro ela vai dar um jeito de nascer. Afinal, bebês foram projetados para sair de dentro das mães. Bebês vêm. E ainda contam com a ajuda das pessoas ao redor para que tudo esteja lindo. É orgânico. Bebês acontecem.

Mas os livros? Acontecem?

Não. O livro não acontece. Ele depende 100% de mim, a força é toda minha, a responsabilidade é coisa minha. E não, com o livro, não tenho como pedir para meu marido “me ajudar a cuidar desse parágrafo por algumas horinhas enquanto saio pra fazer as unhas”. Minha mãe não vai viajar do interior até aqui só pra me ajudar a trocar as páginas sujas do livro. O livro não vai fazer o menor esforço para nascer sozinho. Livro é assim: ou eu faço ele nascer ou ele não nasce. Pronto. O pior? Nem sei se depois de todos esses quase 20 anos de gestação eu vou chegar a amá-lo.

Nesse clima de confissão, aproveito pra dividir que faz 20 dias que eu me permiti começar minha licença maternidade, a licença maternidade-sabático de 6 meses que eu me dei de presente para ESCREVER O LIVRO, para parir esse outro filhinho.

E eu travei.

Há 1 ano, eu comecei o processo de reler o livro, há 1 ano estou arrumando graves problemas estruturais dele (o que realmente tem se mostrado super necessário). Até aí, maravilha.

Há poucos meses, fiz um quadro com post-its que está aqui pendurado na parede, colado por meio de fitas-crepe. Quase chorei de felicidade e orgulho quando terminei esse quadro. Um quadro completinho, que narra passo a passo o que eu tenho que escrever para esse livro nascer.

Mas aí, todo final do dia, olho para o quadro, o quadro olha pra mim (até já está meio rasgado, pelo vento e pelo tempo) e percebo que mais um dia se passou sem que eu escrevesse o livro.

Fato é que estou evitando meu livro.

Será que é medo de ser mãe de dois bebês ao mesmo tempo?

Será que é sem-vergonhice?

Será que será que será?

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Pré-natal

Fez calor, faz chuva e essa semana foi abafada em vários sentidos. Já falei da relatividade da gravidez aqui e posso dizer que pra mim ela tem sido bem cheia de personalidade, contrariando aquelas lindas palavras da internet que dizem que “o enjoo passa depois dos 3 primeiros meses”. Estou aqui, no oitavo mês, ainda vomitando. E as coisas pioram porque sei que esse sintoma vem em parte por causa da minha ansiedade e finalmente estou aprendendo nessa vida que quem é ansioso sempre será ansioso porque os motivos para a ansiedade sempre existirão. Ansiedade não é fase. É sempre. Sempre vai existir uma razão para se estar ansiosa (e por isso mesmo nunca existe razão para se estar ansiosa, eu sei disso, é o que tento pensar etc). Sou dessas que raciocinam mais ou menos assim: AI MEU DEUS PRECISO FAZER O QUARTO DA BEBÊ, OBA AGORA ESTOU FAZENDO O QUARTO DA BEBÊ MAS FALTA TANTO e agora, ao olhar o quartinho ficando pronto, em vez de ficar tranquila começo a berrar mentalmente FALTA MUITO POUCO PARA TER UMA BEBÊ AQUI DENTRO MAS E AGORA O QUE FAÇO, PORQUE ESTÁ FICANDO REAL E NÃO SEI COMO FAZ (mesmo que tenha sido real desde o começo etc.), aí vomito mesmo, vomito todo esse medo e assim vamos indo. Mas não posso reclamar porque graças a Deus estamos saudáveis e tudo está ficando lindo etc.

Ainda sobre a gravidez, esqueça tudo o que seus amigos moderninhos, práticos e prafrentex dizem sobre roupas de gestante: porque essa história de que é cafona, é antigo e gasta dinheiro é mentira. Na minha opinião, cafona é ficar com a barriga vazando embaixo daquele camisetão velho. Eu estava me achando muito esperta por não ter comprado muitas roupas de gestante até o momento em que abri meu guarda-roupa e descobri que nada mais me servia. Vestido virou camiseta, camiseta virou piada e saia então, não sei mais o que são. Aí comecei a ver A Maravilhosa Sra Maisel e a cada novo figurino desfilado na série (para tudo, o que é o figurino dessa série???), lágrimas rolavam por mim e pela barriga afora, enquanto eu pensava “quando é que vou voltar a me vestir bem novamente?”. Terça feira mandei tudo às favas. Fui com minha mãe à boa e velha José Paulino e comprei quinhentas e cinco mil roupas de grávida (e todas bonitas, sem desenho de bebê espiando por meio de um zíper, E VOCÊS SABEM DE QUE ESTAMPA ESTOU FALANDO). Mesmo tendo apenas 1 mês e meio de gestação pela frente. Porque essa sou eu. Essa sou eu, agora uma grávida extremamente bem vestida. E pelo jeito eu precisava mesmo. Porque a cada novo vestido que eu provava, minha mãe soltava um “agora sim você está bonita”, o que quer dizer que provavelmente nos últimos meses andei por aí parecendo uma bexiga de festa infantil tentando se enfiar dentro de uma roupa de Barbie.

Em outras notícias, teremos o primeiro Natal da família Guilen-Almeida (leia-se eu, Julio e Rebeca) aqui em casa, sozinhos. Eu nunca comemorei o Natal porque acredito que o nascimento de Cristo é muito mais sério do que árvores iluminadas e velhinhos vestidos em roupas vermelhas e neve falsa e panetone e convenci meu esposo que também não fazia sentido ele comemorar, já que ele acha exatamente o contrário etc. Aí que será nosso primeiro Natal-do-nosso-jeito e decidimos por algumas coisas:

  • Vamos finalmente começar a comemorar oficialmente o Festivus. Incluindo o bolo de carne e tudo o que temos direito. Já temos até playlist pronta. O que dizer? it’s a Festivus for the rest of us!
  • E vamos comer pão com salame no dia 24 de dezembro. Porque pão com salame é inconscientemente minha tradição de natal desde muito tempo. Meio que uma piada interna de uma família que não comemora Natal e que não quer fazer um jantar chique no dia, bem num dia em que tudo está fechado… e aí acabamos comendo o que tem em casa. Ou no quarto do hotel (porque adorávamos viajar no Natal, tudo vazio e normalmente barato), o que sempre nos levava às últimas padarias abertas da região comprar pão e salame, comido sem muito glamour em cima do frigobar. Era necessidade, virou piada, pra Rebeca vai ser tradição.
  • Aí no ano novo vamos comemorar como manda o figurino (menos de branco, pois eu me recuso), porque AMO ANO NOVO!
  • Postarei fotos aqui. Especialmente do Festivus, porque estamos empolgados.

E desculpem pelos posts diarinho, ainda estou me acostumando com minha nova rotina de licença maternidade e sigo tendo um pouco de dificuldade de realmente escrever meu livro. 🙁

Na semana que vem devo levar meu computador para a praia (saliento aqui que praia é uma escolha forçosa, já que somos santistas e vamos para a praia no fim do ano por causa da família – por mim, eu passaria o fim do ano na montanha, ah, passaria) e devo fazer uns postzinhos com listas de melhores livros e melhores filmes de 2017 enquanto estiver por lá, escondida do calor no ar condicionado.

Se não nos falarmos até o Natal, felizes festas pra quem é de festas!

Uma foto minha de vestido novo e sem cabeça, porque vocês não iam entender a cara que eu estava fazendo nessa foto. Mas o quartinho está ficando lindo, não?

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Plantinha, carro, a arte de matar e a vida, essa grande aventura

Essa semana teve:

 

  • Essa lojinha de plantas que eu já conhecia “de internet” e agora abriu perto de casa. É bonita, gostei do atendimento e achei os produtos menos caros do que achei que seriam. No sábado, compramos uma plantinha + um vasinho + um regador + um adubo e agora nossa casa está ainda mais viva.

 

  • O Carro Fácil da Porto Seguro, o esquema que nos animou a finalmente ter um carro. Como falei no post anterior, agora vou poder usar as desculpas do “não vou, estou sem carro” ou do “hoje não, é meu rodízio”. Me sinto chique.

 

  • O documentário Act of Killing. Um dos filmes mais marcantes que vi nos últimos tempos. Resumindo, a equipe do documentário encontrou famosos matadores da Indonésia – políticos que exterminaram milhares de pessoas, entre comunistas e chineses – e os convidou a reencenar as cenas de matança que eles protagonizaram. Acredito que (como todo filme) vai tocar cada pessoa de uma maneira diferente – no meu caso, terminei o filme com uma sensação mista de “esse planeta está errado, quero sair daqui” com “humanos são humanos são humanos são humanos”. É chocante, é bonito. Tem no Netflix. Veja.

 

  • E essa cena de filme aqui. Eu estava aqui pensando em qual seria o tema do chá de bebê e lembrancinhas de nascimento da Rebeca. Até que me lembrei de uma frase de um dos filmes favoritos aqui de casa: Hook (A Volta do Capitão Gancho). A frase é uma adaptação de uma frase do livro Peter Pan e é falada na cena final do filme. Pra mim, esse filme é de chorar do começo ao fim e me lembra o quão fácil é esquecer que um dia tínhamos certeza de que não íamos crescer. Meu desejo é que a Rebeca e cada criança nova no mundo renasça a criança dentro de cada um de nós. Só assim e sempre assim, viver será uma grande aventura!

 

E uma aventura que pede muita, mas muita calma.

 

Nota: esses links não são patrocinados, são coisas das quais eu gosto genuinamente. Se algum dia eu postar links de coisas que eu goste genuinamente e ainda começar a ganhar dinheiro com isso (quem dera!), avisarei vocês 😉

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Pout-pourri da vida, do fim de semana (do ano ainda não)

  • Não que seja nenhuma novidade, mas tá difícil morar no Centro (ou no Baixo-bem-baixo-Higienópolis). Encontro meus amigos descolados que moram em Pinheiros e eles juram de pés juntos que a região que eu moro é A REGIÃO MAIS INCRÍVEL DE SÃO PAULO (ora vejam bem, amigos descolados que moram em Pinheiros. Se a região é assim tão legal, por que vocês não vêm morar por aqui também viver essa legalzice toda?).

 

  • Vejam vocês, ao me mudar de Pinheiros pra cá eu comecei sofrendo com o barulho de motos, ônibus e mendigos gritando pela rua. Tão diferente do meu antigo apartamento no sétimo andar virado para os fundos em um bairro residencial. Mas tudo bem. Inventei mil truques e acostumei. Depois veio o barulho do bar da esquina toda noite (sério, QUEM É QUE RI TÃO ALTO NUM HAPPY HOUR?). Inventei mil truques e acostumei. Bem. Aí que minha vizinhança aqui no prédio está mudando. Primeiro, literalmente o prédio inteiro aqui ao lado mudou: decidiram abrir um centro para moradores de rua aqui ao lado de casa. E, embora os moradores aqui do prédio tenham encenado esta cena do Caça-Fantasmas durante o mês inteiro que precedeu a abertura do tal centro, posso dizer que não temos taaaanto problema com a mendicância local. Mas o barulho… imaginem um churras-mendigo rolando 24 horas por dia na janela do seu banheiro. O que dizer? Sim. Inventei mil truques. Acostumei. Mas também tem a outra vizinhança, e é aqui que a coisa começa a ficar bem legal: os velhinhos aqui do prédio estão se mandando para lugares melhores (se é que vocês me entendem) e dando lugar pra jovens que descobriram que o preço na Santa Cecília é bom. Daí que há alguns meses, uma galera se mudou para dois (dois!!!) apartamentos acima. E eles adoram andar com os calcanhares. Às 3 da manhã. Em cima do meu quarto. E eu ouço. Adivinhem? Isso. inventei mil truques… e estava acostumando. Até que semana passada se mudou um novo vizinho pro apê logo em cima. E se o vizinho dos dois andares acima costumava andar com os calcanhares… o que dizer do vizinho novo do andar logo acima do meu? Que suspeito que deve praticar corrida com pernas de pau durante todo o dia. E ele tem uma tara estranha por arrastar móveis nas horas mais estranhas.

 

  • O QUE ACONTECEU, EU PERGUNTO, COM O BOM E VELHO CARPETE?

 

  • Aí que eu decidi me mudar… exceto que meu marido não decidiu por isso. E enquanto não saímos desse impasse, decidi que a minha casa será a casa mais barulhenta de todas no universo conhecido. Agora é música TV Netflix rádio Spotify máquina de lavar ar condicionado e ventilador operando ao mesmo tempo. Que é pra eu não ouvir nada.

 

  • E ainda virá a Rebeca, que espero que grite bastante no meu ouvido.

 

  • Outra novidade é que em breve eu e marido seremos dois adultos funcionais e finalmente teremos um carro! Sim, sociedade. Chegou a hora. E decidi começar a me comportar como esses adultos funcionais motorizados. Sempre tão chiques, sempre tão indisponíveis quando acontece alguma coisa que os faz ficar “sem carro”. Não vejo a hora de poder usar a frase “não posso ir, pois estou sem carro”. Porque, claro, é impossível se locomover na cidade de São Paulo se você não estiver com seu carro. Eu mesma passei meus últimos 30 anos sem sair de casa.

 

  • É chique demais: desculpe, não posso ir, estou sem carro. Não vejo a hora de poder usar essa desculpa esfarrapada com toda a elegância.

 

  • Abraços.

 

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O que fazer quando

Quando você não sabe mais escrever curtas de ficção porque hoje em dia coisa curta tem que gerar clique e não apenas divertir?

Cria uns personagens do nada pra ver se se inspira?

Pergunta ela, jogando umas sementinhas de personagens no quintal.

A que caiu em terra fértil gerou uns dez mil grilinhos coloridos. Apenas um era falante. Falou tanto que encheu o saco de todos os grilinhos, que fugiram e viraram milhares de consciências mudas (mas completamente chocadas) espalhadas pelo universo.

A que caiu em cima do muro virou uma espécie de Humpty-Dumpty indeciso sobre sua vida. Sempre que precisava tomar qualquer decisão, cofiava seu bigode por horas e não chegava a lugar algum. Seu problema é que ele achava muito pelo em ovo.

A que caiu na areia construiu um playground à moda antiga e vive se balançando no balancê da vida.

A que caiu junto das flores começou um coral floral e passa todas as manhãs ensinando as violetas a cantarem Oh Happy Day. O girassol tenta acompanhar, mas é o pior cantor de todos. Toda noite, entra em depressão.

Taí. Me treinando a voltar a escrever sem tensão no dedo.

Não é meu melhor post, mas o importante é forçar os dedos travados a tocarem alguma melodia. 🙂

 

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