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O que é casamento?

AlexNoriega06

Faz menos de 1 ano que saí da agência pra trabalhar com casamentos. Parecem 10 anos. No começo, achei maluquice – nunca tinha pensado em abrir um negócio, muito menos um negócio que pareceu brotar tão do nada – eu, escritora, publicitária, designer de ideias, trabalhar com casamento? De onde veio isso?

Até que descobri que veio da minha vida inteira acreditando na instituição do casamento e odiando as festas de casamento em que ia – que se esqueciam completamente do real motivo do casamento. Veio do meu sonho em me casar, que era um sonho muito presente (até demais). Veio de ser uma romântica incurável, mas à minha maneira peculiar – sempre fui de um romantismo sem cavalo branco. Um romantismo do dia a dia, das coisinhas, do amor que não vem com drama.

Demorou pra perceber isso. Mas essa semana, em que, além, de poder dizer que a Sras&Srs floresceu e entrou nos trilhos oficialmente, completei 2 anos de casada, deixou muito claro o que é casamento, pra mim.

Casamento é você combinar de comemorar seus 2 anos de casados de várias maneiras diferentes E TODAS ELAS SEREM ESTRAGADAS COMPLETAMENTE por razões além do seu alcance – e você e seu marido, em vez de brigarem, desistirem ou resmungarem, rirem de todas elas. E, mais ainda: o plano B se mostrar melhor do que o plano A, invariavelmente.

Senão, veja: nossa primeira comemoração seria tomar um brunch exclusivo numa sala fechada só pra nós dois num café relativamente chique aqui de São Paulo no sábado, a Brigadeiros by Cousins, antes do dia do aniversário. Um brunch caro (180 reais por cabeça, magina, nem o Barbacoa custa isso), mas que estávamos dispostos a provar porque somos loucos.

Quando já estávamos à caminho do café, o dono me ligou avisando que a chef ficara doente e (curiosamente, um brunch de 180 reais não tem um plano B! WAT – nem preciso desrecomendar, né?) nosso brunch estava cancelado.

Desanimados, mas não derrotados, acabamos comendo um pão na chapa numa padaria no caminho. O melhor pão na chapa que comi na vida.

A próxima celebração seria na própria terça feira, dia do nosso aniversário. Tem um restaurante italiano que até já mencionei aqui, o Millesapori. Amo. A comida é boa, mas o legal mesmo é o dono dele, que é o cara mais divertido e simpático do mundo. Certa vez, levei o marido pra comer lá no aniversário dele e ganhamos até parabéns pra você em italiano e uma oração, ou algo parecido. <3 O restaurante não é perto de casa, então pegamos um Uber Pool, que demorou 435 horas para chegar lá. Ao chegarmos, a descoberta: o dono se aposentou há 1 ano. Hoje, quem atende é o filho dele, que também é simpático… mas parte da magia do restaurante legal se perdeu.

Derrotados, mas não desanimados, decidimos voltar pra casa. Tínhamos uma terceira etapa de celebração – íamos conhecer um lugar novo também longe de casa, mas ouvimos nossa intuição e cancelamos essa etapa. Chega de dar sopa pro azar.

Vale dizer também que, é claro, minha ideia era não trabalhar na terça feira, afinal sou dona do meu próprio nariz e pela primeira vez eu poderia fazer isso. Vale dizer que é claro que não fiz, porque a vida.

Oito horas da noite, cansados, mas ainda apaixonados, depois de negociar se iríamos descongelar o tupperware de estrogonofe que descansava solitário no freezer ou tentar uma última intifada pedindo o delivery do Mercearia do Francês – só para descobrir que esse delivery não funciona mais – acabamos por pedir uma pizza de 30 reais. E nos entregamos para o destino.

Numa última tentativa de sermos chiques e românticos, abrimos um vinho que estava na geladeira aqui de casa. Ele se mostrou um dos piores vinhos que já tomamos na vida.

E foi comendo pizza de 30 reais e tomando um vinho ruim em copo de champignon embaixo do edredom, assistindo a Brooklin Nine-Nine, que olhei para meu marido e pensei, feliz da vida: isso é casamento.

E eu não trocaria isso por nada desse mundo. 🙂

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