Hoje acordei meio assim.
Porque mesmo quem trabalha com criação tem suas lesões (mentais) por esforços repetitivos.
ME SEGURA
E TIRA ESSA CAFETEIRA DA MINHA MÃO
Hoje acordei meio assim.
Porque mesmo quem trabalha com criação tem suas lesões (mentais) por esforços repetitivos.
ME SEGURA
E TIRA ESSA CAFETEIRA DA MINHA MÃO
Mais alguém aí também fica(va) assistindo à janela do carro como se fosse uma tela de TV? Foi o que eu fiz agora, andando de carro com meus pais aqui em São Vicente, minha terra natal (e a terra natal do Brasil, mais ou menos). O resultado foi um monte de fotos seguidas da praia, registrando, sem querer uns momentos bem divertidos (com a participação especial do meu pé, logo abaixo da janela). Porque a vida bonita é assim mesmo, são 24 quadros por segundo para a nossa apreciação.
Chegou a hora. Entrei na parte 4 do meu livro. É agora que a história começa a mostrar qual será a grande luta do protagonista. E é agora que eu preciso ficar muito fria. Qualquer azinho fora da vírgula pode deixar tudo muito exagerado e aborrecido. Mais ou menos como comentei aqui, quando falei das minhas decisões sobre a personalidade do vilão. É como pisar em ovos explosivos.
Aí que quase travei no primeiro diálogo desse delicado trecho. Eu tinha na cabeça o tipo de querela que queria que acontecesse pra situar o leitor nas profundezas dessa parte da história, mas achei que não seria capaz de transportar a SENSAÇÃO do que eu pensava para um diálogo. Um diálogo que tinha que ser ao mesmo tempo profundo, ao mesmo tempo engraçado e ao mesmo tempo aflitivo (escrever diálogo é tão difícil, demorei pra pegar o jeito).
A boa notícia é que ontem à noite concluí esse trecho, estou engraçadoprofundoaflitivamente orgulhosa e não paro de relê-lo. Pena que não posso colocar aqui, por motivos de nem morta.
Agora, profundo, engraçado e aflitivo mesmo é escrever. Meu Word diz que estou na página 113, minha cabeça diz que estou só no começo e minha ansiedade nem consegue dizer nada porque não para de gritar palavras sem sentido.
“Adults are obsolete children.”
Dr. Seuss
Nunca li um livro do Dr. Seuss direito, e isso deve ser mudado em pouco tempo. Me apaixonei pelo escritor recentemente, quando comecei a pesquisar sobre seus escritos infantis com opiniões muito muito bacanas. Li Oh, the Places You’ll Go neste site aqui, e queria dividir com vocês. Motivação bem escrita é tão gostoso quanto ovo de páscoa.
Outra maneira de ler esse livro é ver um vídeo que os malucos do Burning Man fizeram declamando todos os seus versos. Bom feriado pra todos! (:
Não é originalmente meu. Encontrei esse fluxograma em algum lugar da internet, mas não lembro onde.
Aí resolvi colocar uns dias no meu quarto pra me ajudar a escolher melhor.
Tive depressão quando tinha 9 anos de idade.
Isso, começa trágico assim mesmo (paciência, nasci depois de 85, e todo mundo que surgiu de lá pra cá veio com defeito de fábrica). E marcou, marcou fundo, alguns monstros me acompanham até hoje e esse episódio me faz lembrar da minha infância com um sombreado incômodo.
A danada voltou em 2010 (e recentemente tem vindo querer tirar satisfações comigo de novo), mas felizmente, tem vindo mais de leve nessas últimas vezes. Afinal, hoje conto com a ajuda de uma ótima psicóloga, um ótimo homeopata, um bom remédio e um apoio familiar e espiritual verdadeiro e maravilhoso. E mais: aprendi a sentir os primeiros sintomas físicos da depressão e desenvolvi uma maleta de primeiros socorros mental das boas.
É que depressão é uma doença horrorosa. Todas são, eu sei. Mas essa aí chega pra inverter tudo. Ela geralmente é física, mas confunde a cabeça, embota o espírito, embolora a vontade e precisa do acompanhamento de um remédio caríssimo e difícil de encontrar: você mesmo. Porque por mais que outros fatores amenizem a dor, a jornada pra sair desse quadro é uma jornada solitária. A maioria das tarefas é você, sozinho, que tem que cumprir (incluindo aí a difícil tarefa de buscar ajuda).
E quando os sintomas são você, é difícil que eles desapareçam sem querer te levar junto.
– – –
Essa introdução veio pra contextualizar uma conclusão.
É que passar por esses momentos ruins, junto comigo, me fez eu. Me faz eu. Tudo isso me faz acreditar cada vez mais na felicidade e valorizar a ALEGRIA, A L E G R I A, assim, em Caps Lock. Eu estou aqui pra isso, pra fazer os outros rirem. Pra me fazer rir. E mostrar as coisas absurdamente lindas do mundo para mim e para o mundo.
Não, não concordo com a banalização das crises na vida. Não acho cool ser triste ou importante sentar numa mesa e passar horas discutindo a dificuldade do teorema da existência. Não é preciso ser perturbado para ser um bom artista. Não é engraçado dizer que sua vida é vazia como uma garrafa de vodka no fim da noite. Não sou escritora de passar o domingo olhando pela janela, melancólica, discutindo Sartre com um gato manco, enquanto penso na maneira mais filosófica de me jogar no quintal do vizinho. E por mais que se esforcem para me vender tudo isso como poesia, eu não compro essa poesia.
Porque já passei por esses versos. Sei como é você não entender porque todos os seus amiguinhos de 9 anos estão brincando enquanto você está no quarto, com medo. Sei o poder de atração que andar olhando pra baixo tem. É irresistível. E sei como, antes de virar uma boa música, o desespero, de verdade, não é rock’n’roll. Ele desespera.
É por isso que quero compor músicas profundas, sorrindo.
Por viver esa postura já fui chamada de alienada, já fui julgada, surrada, amordaçada, revirada. Mas continuo, empolgada.
O mundo é feio? É horroroso. Tão horroroso que não dá a mínima para o seu inconformismo. É por isso que quem tem que dar a mínima, no mínimo, é você. Se tratar com um papo sério, sem se levar a sério e se levando cada vez mais a sério. A vida é você com você mesmo.
Como eu disse, a jornada é solitária.
Mas pode ser divertidíssima.
É isso. Eu poderia escrever um livro com o tema desse post.
Na verdade, já estou escrevendo. : )
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