Já melhorei muito nesse sentido, mas ainda tem dias que acordo assim:
– Nossa, trabalhei muito hoje.
– E eu, então, não parei um minuto.
– Na minha agência eu mal consigo usar o banheiro.
– Rá, eu uso um penico embaixo da minha cadeira, de tão tensa que anda a coisa por lá.
– Nossa, comigo tá pior!! Trabalhei o último final de semana.
– Eu trabalhei sábado E domingo.
– E eu que trabalhei sábado E domingo de dia e de noite.
– Eu trabalhei sábado E domingo de dia e de noite nos últimos 15 meses.
– Eu mais ainda, trabalhei sábado, domingo, de dia e de noite nos últimos 15 meses sem parar pra ir ao banheiro uma vez.
– Nossa, mas você tá preocupado com banheiros ultimamente né? A gente não tem esse problema, a Pampers é nossa cliente.
– Quando tem concorrência a agência inteira se tranca, ninguém entra e ninguém sai pra não vazar informação.
– Na minha, a criação fica sem água e sem comida até surgir com o conceito certo.
– Na agência que eu trabalho, a criação fica sem água, sem comida e pendurada de cabeça pra baixo pras idéias fluirem mais rápido. Se não tivermos idéias temos que lamber o chão da agência por completo.
– Ontem eu trabalhei até às 5 da manhã, fiquei sem água, sem comida, pendurado de cabeça pra baixo, e fui obrigado a me alimentar dos restos de briefings errados que o Atendimento fez. Enquanto lambia o chão da agência.
– Você sabe, né, eu sou Atendimento e não tem área que trabalha mais que a minha, briefings não saem da noite pro dia, me obrigam a fazer um bem feito, mesmo quando estou vendada, carregando tijolos para construir as pirâmides no turno das 2 horas.
– Isso é moleza, pra mim é pior. Eu não durmo faz cerca de 2 anos.
– E eu então! Morri ano passado e mesmo assim meu chefe me ligou. Fui obrigado a recorrer à magia negra pra me auto-ressuscitar e voltar a trabalhar. O RH disse que assim é melhor já que não preciso receber o plano de saúde.
– E o RH da MINHA agência que é um velho nazista que carrega instrumentos de tortura na mochila da Adidas e quando nosso time sheet diário tem menos que 25 horas nós somos atirados dentro das privadas dos serventes.
– Cara, e eu então, que…
Trabalhar todo mundo trabalha. Loucamente? Na maioria das vezes sim. Aos finais de semana? Sim também. Acontece que a coisa virou tão um concurso de beleza, tão um quemdámais, que eu me sinto a pior profissional do mundo quando admito “ok, hoje até que o ritmo esteve tranquilo por aqui, até saí pra tomar um cafézinho”.
Essa do mundo publicitário glamourizar as horas extras como se elas fossem um sofrimento genuíno (não precisam ser) e como se fosse uma competição pra ver que quem é mais escravizado é o mais bambambam do mercado… me dá um certo mal estar. Lembro sempre desse vídeo sinceríssimo do Monty Python.
que me desculpem.
sem mais. (adoro essa expressão).
essa imagem serve pra dizer que
como eu estou “sem absolutamente nada pra fazer na minha vida, com os dias inteiros livres e saudáveis”, me meti em mais 3 projetos, e vim falar deles aqui hoje, talvez por marketing pessoal, talvez porque isso pode ser uma excelente desculpa para a desatualização do presente blogue.
1. voltei a atuar em hospitais como palhaça.
2. continuo com o blog Os Batatas, junto com a MaWá, que atualizamos quando o trabalho na agência assim o permite.
3. comecei o blog Valendo!, junto com o Teco. Esse novo projeto ainda é recém nascido, mas já me traz muita felicidade. Trata-se de uma brincadeira: o Teco (que desenha muito!) faz uma ilustração. Antes de ele enviá-la pra mim, e sem falar do que se trata a obra de arte que ele está fazendo, eu escrevo uma frase pra servir de legenda pra imagem. Daí a brincadeira resulta em uma legenda sem sentido, engraçada ou intrigante. E o mais mágico: geralmente o texto e a imagem combinam! =D
clique para ampliar. Tenho péssimas lembranças dessa tirinha – fui assaltada enquanto estava desenhando ela. Isso me faz lembrar que isso aconteceu em 2006, e que essa foi uma das últimas que fiz :O. I must bring Rebeca back.
O tenso é que “daqui a pouco” eu me formo e acho que elas já estão datadas!